Pois ontem pixaram a inscrição 'politicamente correta' Pra que(m) serve o teu conhecimento?' que uma grafiteira pintou no campus da UFRGS em Porto Alegre e que a Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE) da universidade entendeu que aquilo era uma demonstração de crítica filosófica e não constitui vandalismo.
A administração da UFRGS colocou o caldo na fervura e o caldeirão explodiu.
Ontem, dois alunos cobriram a inscrição.
Leio na ZH de hoje:
O estudante de Letras Hermano Talamine, 23 anos, assumiu o ato de ontem com o colega de curso Augusto da Rosa, 22 anos.– Resolvi pintar porque a lei (que tipifica pichação e grafite não-autorizados como crime no país) não está sendo cumprida. A iniciativa foi minha. Estamos a favor da lei e da democracia – disse Talamine.
Em tom salmão, a tinta cobriu parcialmente a inscrição em cerca de 10 minutos. Durante o ato, os jovens, que disseram não integrar o movimento estudantil nem partidos políticos, começaram a ser interpelados por estudantes contrários à cobertura do grafite. Segundo testemunhas, houve forte bate-boca e confusão por mais de 30 minutos, mas não a ponto de se agredirem fisicamente.Seguranças da universidade foram chamados e acalmaram os ânimos. Foram anotados os dados pessoais dos dois estudantes. À noite, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), os diretórios e centros acadêmicos da UFRGS emitiram nota de repúdio ao ato dos dois estudantes.– Não é um simples ato de um aluno contra uma obra de arte, mas é a manifestação de um grupo de estudantes conservadores que não toleram o questionamento do papel da universidade – avaliou o coordenador-geral do DCE, Rodolfo Mohr.Ato de ontem foi repudiado por autoridades da UFRGSPosição de repúdio também teve o secretário de Assuntos Estudantis, Angelo Ronaldo Pereira da Silva, que classificou o ato como “desnecessário”. Para ele, há assuntos mais importantes para serem motivos de discussão que a pintura de uma parede.O autor do processo administrativo, Anderson Gonçalves, não se mostrou surpreso com a cobertura da inscrição. Para ele, foi uma resposta ao precedente aberto pela universidade quando não repreendeu os responsáveis.O diretor do Instituto de Letras, Arcanjo Pedro Briggmann, que havia criticado o arquivamento do processo que isentou de punição os autores do grafite, também criticou a pintura mais recente:– Eu repudio igualmente porque acho tão irregular quanto a primeira. Estão pintando um prédio público sem autorização. Vou pedir ao reitor uma verba especial para repintar a parede, mas é certo que em três dias vão pintar de novo.Responsável pelo grafite que deu origem à mais nova polêmica na UFRGS, a estudante de Ciências Sociais Juliane da Costa Furno, 19 anos, não foi localizada por Zero Hora.
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