"A tragédia foi maior do que estão imaginando"
Entrevista: Waldemar Niclevicz, alpinista brasileiro.
Entrevista: Waldemar Niclevicz, alpinista brasileiro.
Matéria da Zero Hora de hoje.
Em seu currículo, o paranaense Waldemar Niclevicz, 42 anos, traz aventuras nas mais diferentes – e perigosas – montanhas do mundo, entre elas a mais alta, o Everest (com 8.848 metros). Foi o primeiro brasileiro a alcançar o cume do K2 (8.611 metros), em 2000, e escreveu o livro Um Sonho Chamado K2, no qual relata sua escalada. – Não é à toa que ela é chamada de Montanha da Morte – diz.
Em seu currículo, o paranaense Waldemar Niclevicz, 42 anos, traz aventuras nas mais diferentes – e perigosas – montanhas do mundo, entre elas a mais alta, o Everest (com 8.848 metros). Foi o primeiro brasileiro a alcançar o cume do K2 (8.611 metros), em 2000, e escreveu o livro Um Sonho Chamado K2, no qual relata sua escalada. – Não é à toa que ela é chamada de Montanha da Morte – diz.
Veja trechos da entrevista concedida por ele a Zero Hora.
Zero Hora – Quais são as maiores dificuldades do K2?
Waldemar Niclevicz – O K2 é uma montanha muito técnica. Imagine uma estrada pavimentada e uma estrada de terra completamente esburacada. Qual é a mais técnica para quem faz um rali? É a estrada esburacada. Ou seja, o K2 é uma montanha bem mais vertical do que o Everest, as dificuldades técnicas são maiores, envolve escalada em rocha e gelo o tempo todo. Temos ainda um problema sério com o ar rarefeito, ou seja, falta de oxigênio na atmosfera. E o clima na região do K2 é muito imprevisível. O vento é um dos grandes vilões, é muito forte. No Everest o clima é bem mais estável.
ZH – O trecho onde houve o acidente, o Gargalo da Garrafa, é o de maior risco?Niclevicz – Sim, é a parte mais difícil da escalada. É comum as pessoas, por muitos anos, chegarem a esse ponto e voltarem. Aconteceu comigo em 1998 e 1999. Nesse ponto, há um estrangulamento em um corredor. A montanha vai ficando cada vez menor. Você tem rochas de todos os lados e no meio dessas rochas uma passagem em neve. Essa passagem chega a ter um metro só de largura. Só que, em cima desse corredor, tem um paredão de gelo. Você está entrando em um corredor, formado justamente pelas avalanches que caem por ali.
ZH– Um dos sobreviventes resgatados disse que, além da avalanche, houve erro de preparação para a subida final da montanha. Que tipo de erro poderia acontecer?Niclevicz – Não sei exatamente o que aconteceu, mas, pelo que entendi, os alpinistas chegaram ao cume da montanha e não conseguiram descer. Um pedaço de gelo caiu e destruiu as cordas que eles tinham fixado, para dar apoio, principalmente durante a descida, que é bem mais difícil. Essas pessoas ficaram lá em cima, sem possibilidade de descer durante muito tempo, e aí foram vítimas do ar rarefeito, que causa congelamento e também edemas. A tragédia foi muito maior do que muita gente está imaginando. Essas pessoas ficaram isoladas no alto da montanha sem poder descer.
ZH– Qual é a importância de uma preparação adequada em uma escalada deste tipo? Ela ajuda a evitar tragédias?Niclevicz – A importância da preparação é você ter condições de avaliar os riscos. Pode salvar sua própria vida. O conhecimento te dá mais condições de lutar por sua vida e até salvar vidas.
2 comentários:
Tragédia? Tragédia é algum acontecimento fortuito, acidente que não pode ser previsto. Aqueles que encaram a que é conhecida como "montanha da morte" sabem que o risco é grande. Não é uma tragédia. É um simples acidente de percurso, buscado avidamente pelos alpinistas...
eheheh, dizem, Pampa, que o risco de acidente no K2 é quase 30%.
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