Sim senhoras e senhores, temos que estar vigilantes, eternamente vigilantes.
Artigo de Elio Gaspari na Folha de hoje.
As reformas de Hugo Morales da Silva
Estão a caminho do Congresso dois projetos do comissariado petista que desfigurarão o sistema político brasileiro, fortalecendo burocracias sindicais e partidárias, à custa do voto e do bolso dos cidadãos.
O primeiro é a substituição do imposto sindical por um negócio chamado de "contribuição sindical". O segundo é o reaparecimento da proposta do voto em lista fechada para a Câmara dos Deputados. Caso essas mudanças aconteçam, o comissariado petista (com a ajuda de alguns grão-tucanos, no caso do voto de lista) terá imposto mudanças dignas da jurisprudência dos companheiros Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, com suas filosofagens sobre novas cla$$e$ dirigentes.
Atualmente cada trabalhador do mercado formal entrega pelo menos um dia de seu suor à maquina sindical. Algo como 0,26% de sua renda anual. Em 2007, isso significou um monte de R$ 1,3 bilhão, noves fora os penduricalhos que os sindicatos cobram. A CUT de Nosso Guia ficou com R$ 55 milhões e a Força Sindical do inigualável Paulinho terá R$ 15 milhões.Com a mudança, a tunga crescerá. A CUT já disse que aceita um teto de 1%. Aquilo que a ditadura protofascista de Getúlio Vargas fixou em um dia de trabalho para financiar a atividade de sindicatos apelegados virará algo entre três e quatro dias de trabalho. A mordida, aprovada em assembléias, irá direto ao contracheque, sem levar em conta se o trabalhador filiou-se ao sindicato ou nem sequer sabe onde fica sua sede.Esse ervanário público equipará financeiramente as centrais como fontes de manipulação política. (Por exemplo: no ano passado, meia dúzia de sindicalistas pararam o metrô de São Paulo em nome de uma arcana discussão tributária.) Caberá ao Congresso decidir o tamanho e a forma da mordida. Pode-se decidir que qualquer coisa além dos 0,26% do imposto sindical deva ser cobrada só a quem queira pagar. Se o povo pode eleger seu presidente, deve ter também o direito de escolher, individualmente, o tamanho de sua contribuição ao sindicato.A segunda reforma destinada a degenerar o sistema político brasileiro é a reapresentação da proposta do voto de lista para as eleições à Câmara dos Deputados. Hoje o cidadão pode votar numa pessoa (Delfim Netto, em São Paulo, por exemplo), mas, como a votação dele ficou abaixo do quociente de seu partido, os votos dados a Delfim acabaram na conta de outro deputado, que ficou mais bem colocado (Michel Temer, no caso). Pode-se dizer que o eleitor de um acabou elegendo outro, mas é indiscutível que quem quis votar em Delfim, em Delfim votou, mesmo não conseguindo elegê-lo.O voto de lista acaba com essa trabalheira. O partido enumera os seus candidatos, de acordo com a preferência da máquina, a choldra vota no partido e as cadeiras são preenchidas na ordem decrescente da lista.Juntando-se as duas reformas numa só, consegue-se o seguinte: Hugo Morales da Silva é sindicalista numa categoria com 5.000 trabalhadores, dos quais só 1.000 são sindicalizados. Numa eleição a que compareceram 500 colegas, ele se tornou presidente da guilda, com 300 votos. No congresso da central a que seu sindicato está filiado, ele foi indicado para a tesouraria do conglomerado. Cortejado por um partido, Hugo foi para o terceiro lugar na lista de candidatos a deputado. Veio a eleição e ele faturou o mandato, com 300 votos.
2 comentários:
Sindicalismo e sindicatos fortes são bons para empregados e o país.
O que não pode é sindicalista corrupto e sindicato pelego.
Nos EUA os sindicatos eram mafias, antros de corrupção. Hoje são fortes e eficientes, ajudaram os americanos construir uma nação que dispensa explicações.
Vamos sanear nossos sindicatos, trazer os trabalhadores para participar e compor com os patrões. Só assim o Brasil vai crescer e o trabalhador vai ter condição digna e merecida, não por favor, e sim por direito, mesmo porque trabalhador bem pago é consumidor alavancando a economia do país.
Não devemos temer as reformas sociais, o mundo muda, é bom o Brasil estar na frente para variar...
Concordo que o Brasil precisa de reformas, Zé. Mas não essas propostas pelo goveno Lula que não flexibiliza, mas engessa os direitos e conquistas de seus amigos e companheiros. Temos que estar vigilantes.
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