Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 5 de agosto de 2008

As Opções Éticas e a Vida de Narrativas

Contardo Calligaris em conferência em Porto Alegre ontem

Muito boas as conferências do Fronteira do Pensamento de ontem. O assunto é a psicanálise. Os palestrantes Contardo Calligaris e Jurandir Freire Costa.


Jurandir trouxe a obra de dois autores de ficção, Graham Greene e Philip Dick (do Blade Runner) e a partir de seus trabalhos mostrou como as pessoas fazem suas opções éticas. Seriam exemplos de uma boa metáfora."Que critérios temos e expomos implícitos ou explícitos para colocar-nos como horizontes na construção de nossa identidade?". Greene está preso a uma certa moral própria da modernidade, a existência de Deus, o amor, a política. Dick, por outro lado, afirma que o mundo é o que está ai, os problemas são os que estão ai, pulverizados, banalizados, complexos. Mas entre Greene e Dick existem certas semelhanças: os suportes éticos são similares, somos todos filhos de uma moral grega, judaico e cristã.


Calligaris descreveu sua vida, seus sonos com as cortinas de madeira na itália, a luz verde marciana, por que os marcianos são verdes?, seu primeiro amor, sua primeira mentira que tem pernas curtas, ele tinha 14 mas disse que tinha 18 para encantar a mulher amada. É que a nossa vida é uma narrativa (juro que isso me causou um insight). Vivemos nosso próprio livro, nosso próprio filme e nos guiamos de acordo com os aspéctos estéticos, os quais cumprem suas finalidades. A sensação de que construímos um filme ruim, um livro medíocre, que vivemos uma vida pouco interessante pode ser a fonte de problemas para certas pessoas. Em entrevista coletiva, Calligaris disse: "Em qualquer pedido de terapia há a sensação de que no fundo a vida da pessoa não vale a pena ser contada, de que o que lhes acontece é completamente irrelevante . Na mesma entrevista ele disse: A adolescência passou a existir nos anos 1950. Os adultos a inventaram para realizar seus desejos frustrados. Mas a partir dos anos 80 os adultos se esforçaram para parecer os adolescentes que inventaram, não precisam mais da encenação. Então a adolescência acabou. Há um empobrecimento da capacidade de sonhar.

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