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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Estupro Nem Pensar



Um fato lamentável que não ia divulgar aqui, mas tendo em vista que o Paulo Santana comentou o assunto na ZH de hoje, leia abaixo, resolvi fazer este post. Uma menina de 13 anos teria sido violentada sexualmente por dois meninos de 14 anos em Florianópolis, SC. Um desses meninos é da "terceira geração" da família Sirotsky, dona da RBS.

Fiquei sabendo do assunto ontem porque perambulei pelos Blogs da nossa esquerda, sobretudo o RS Urgente que fez esse post dizendo que a Rede Record está acompanhando de perto o caso e que esse assunto só se tornou público por conta do Blog catarinense Tijoladas do Mosquito que, na verdade, destila ódio chamando o menino de "monstrinho Estruprotsky".

E a Record noticiou o fato no programa do Paulo Henrique Amorim, vídeo abaixo:


Outro Blog que tocou no assunto é o Alma da Geral que fez o seguinte post:


Estupro em Florianópolis: filhote da elite dominante envolvido, mas será punido?
Claro que não!
Já rola por aí que o rapazinho estaria no exterior.
Aliás, tem 14 anos ele.
Será que os parasitas de ocasião contrários aos Direitos Humanos irão vociferar pela redução da maioridade penal agora???
Claro que não! Afinal, a maioria deles está lotada na megaempresa de comunicação a qual pertence ao clã que este piá asqueroso é membro.
E, aproveitando, vale a pergunta: fosse o filho de um dirigente político identificado com a esquerda? O que estaria acontecendo agora? Ou filho de um acampado do MST?
Certamente um desses imbecis que sempre aparecem por aí estaria pregando a extinção do movimento, falando em corrupção de menores ou coisa parecida.
Surgiria alguma sonora, de algum lugar, com algum ex-integrante dizendo que isso é normal em acampamentos, que as meninas são sempre estupradas.
Titia Yoda deslocaria um contigente de brigadianos, juntamente com promotores, procuradores, membros da vara de infância e da juventude para desmantelar esta rede de pedofilia de uma vez por todas. Chega de MST! Chega de usarem e abusarem das crianças! Chega de doutrinar para a violência toda uma geração...
Não seria mais ou menos assim o discurso?
Realidade fantástica?
Pois é...imbecis!!!
E, outra: não caiam nessa de que a record é uma empresa de comunicação comprometida com o jornalismo imparcial e coisa e tal! Só estão nessa forte porque o guri é enlace para atingir diretamente a concorrência, porque, fosse algum descalabro com os pastores da Universal - e há muitos! -, tudo estaria igualmente sendo tratado à boca miúda e varrido pra debaixo do tapete... Cuidado pra não cair no conto do pastor...ops! Do vigário.

E o Paulo Santana escreveu o seguinte artigo hoje na Zero Hora, do grupo RBS, sobre o assunto:

Esclarecendo a confusão



Sobre o episódio de violência sexual ocorrido no dia 14 de maio em Florianópolis, é necessário fazer algumas colocações para esclarecer uma confusão a que está sendo submetida por alguns setores a opinião pública aqui no nosso Estado.
A mãe de uma menina de 13 anos fez denúncia à polícia de que sua filha foi violentada sexualmente por dois garotos de 14 anos em uma orgia de adolescentes. Respeite-se a dor da família da menina, que indiscutivelmente é afinal compartilhada pelas famílias dos demais adolescentes lamentavelmente envolvidos no caso.
Um dos menores acusados é da terceira geração da família Sirotsky, proprietária da RBS, como foi reconhecido publicamente em nota assinada por Jayme Sirotsky, presidente emérito, e Nelson Sirotsky, presidente do Grupo.
Tão pronto foi veiculado o episódio pela internet, por meio de um blogueiro de Florianópolis, molestando o sigilo prudencial da Justiça, que mantinha o caso em reserva imposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a direção da RBS, em atitude louvável, colocou todos os setores jornalísticos da empresa à vontade para cobrir o episódio e manifestar-se editorialmente sobre o mesmo.
Outros comunicadores da RBS em Santa Catarina já se manifestaram sobre o caso. É por isso que estou abordando o assunto voluntariamente, com a transparência que se aconselha, cônscio da repercussão que tem esta coluna.
Nos últimos dias, no entanto, observa-se em um setor da mídia uma carga de crítica insistente contra a família Sirotsky, a RBS e seus profissionais, tentando transformá-los em réus da violência sexual contra a menor, sob a alegação de que a nossa empresa não noticia o episódio de Florianópolis para autoproteger-se.
Mas como? O primeiro veículo da mídia tradicional a noticiar o fato foi o Diário Catarinense em 30 de junho. E o Diário Catarinense é da RBS.
Depois disso, diversos jornais da RBS, Jornal de Santa Catarina, de Blumenau, A Notícia, de Joinville, Zero Hora e mais outras vezes o próprio Diário Catarinense, além da RBS TV em Santa Catarina, referiram-se ao fato, sempre com o cuidado imposto pela lei, que diz no artigo 143, parágrafo único, do Estatuto da Criança: “Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome”.
O que é que queriam então da RBS, mais do que noticiar o fato? Queriam que os jornais da RBS saíssem expondo vítima e infratores, desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente?
É demais.
*
A confusão é só uma: algum setor está querendo transformar um fato eminentemente policial ou criminal em luta por interesses empresariais, ligados à concorrência de empresas jornalísticas.
A denúncia oferecida pela mãe da menina violentada está em curso na Justiça, que deliberará sobre o fato e sua autoria. No entanto, a própria Justiça se permite a natural e impositiva reserva que o caso exige quando os envolvidos nele são menores. Ainda ontem, o delegado de Florianópolis deu a informação de que o caso está tramitando dentro dos prazos normais.
A RBS, por seus jornais, assim como outros jornais de outras empresas, noticiou o episódio, como sempre o faz, dentro das cautelas naturais ao mandamento inibitório do Estatuto da Criança e do Adolescente, que não permite sequer a identificação dos acusados, inclusive, como está escrito na norma, o seu parentesco.
*
É inegável que um adolescente da terceira geração da família Sirotsky se envolveu neste triste episódio.
Mas é terminantemente inaceitável que se queira colocar a RBS, seus dirigentes e profissionais como réus do episódio, confundindo-se concorrência entre empresas jornalísticas com um caso criminal entre adolescentes.
Resta ao público a escolha do tipo de jornalismo que prefere, o do sensacionalismo motivado pela concorrência ou o da responsabilidade legal e editorial.


Pitaco Final.

Tudo muito lamentável. Tanto o fato em si como a forma como o episódio vem sendo tratado sobretudo por aquelas pessoas que detestam a RBS e que se aproveitam desse triste evento para destilar seus ressentimentos, rancores e ódio.

6 comentários:

guimas disse...

Eu sinto muito, Maia, mas acho que o ponto post do Alma da Geral é simples: exige coerência.

Nossa imprensa, em geral, é rápida e rasteira para julgar e pré-condenar pessoas.Tudo pela polêmica. Mas, neste caso, A RBS decidiu por agir com cautela, para proteger a identidade do filho de um de seus diretores. Está errada? Não. Mas é incoerente com outras situações, onde não vê necessidade de proteção.

E isto traz à tona o que digo há tempos: nossa imprensa é parcial, de má qualidade e coloca-se, em geral, acima do bem, do mal e da lei. ZH é um exemplo óbvio disso. Não há nada de errado em criticar a baixa qualidade do jornalismo apresentado diariamente, seja de qual empresa for.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Guimas, a RBS noticiou o fato, aqui e em SC. É claro que a RBS, em outras circunstâncias, publica e defende seu ponto de vista. O que é questionável é utilizar esse fato lamentável para atingir outras pessoas (familiares) que não tem nada a ver com esse pepino. Eles querem que o menino de 14 anos vá para uma Fase da vida, como poderia ocorrer com o filho de uma família de baixa renda. Estupro é um crime cruel, bárbaro e tem de ser punido, mas esses meninos têm apenas 14 anos. A menina de 13 era namorada de um deles, segundo a Record. Eles tomaram vodka. E rolou essa história bárbara. Nada disso se justifica, mas também não concordaria em mandar esses dois meninos de 14 anos para a FASE, com também não concordaria se isso ocorresse numa favela, em mandar meninos de 14 anos que teriam cometido estupro para a FASE.

Bípede Falante disse...

A lei tem de ser igual para todos e não tem nem de discutir que de que classe social o infrator vem. O que interessa é o crime.

guimas disse...

É como a Bípede falou: a lei é a mesma para todos. A crítica está no fato da RBS usar dois pesos e duas medidas. Como o post do Alma da Geral disse, não se ouviu ninguém esbravejar que há necessidade de reduzir a idade mínima para responder a processos criminais, como se fez abundantemente em outros casos. Isto é incoerência na sua melhor forma.

Não sei qual é a punição adequada para um menino de 14 anos que estupra uma menina de 13 anos. Só sei que entregar a coisa para o "departamento do Veja Bem" é errado. A justiça deve julgar o(s) menino(s) e puni-lo(s), como manda a lei.

Camila Marcolla disse...

Alguém encontrou a palavra ESTUPRO no artigo do Paulo Santanna???

Quem defende a RBS poderia pensar um pouco nisso. Chamar o ocorrido de orgia é no mínimo desrespeitoso com a família da menina envolvida.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Interessante sua observação, Camila. Não havia notado esse fato. Thanks!