Registro das candidaturas de Serra e Dilma, apresentadas ontem no TSE
Matéria da Folha de hoje.
Dilma apresenta programa polêmico, mas depois recua
O programa de governo de Dilma Rousseff registrado no final da manhã de ontem pelo PT propunha taxação de grandes fortunas, combate ao "monopólio da mídia" e realização de audiência prévia para reintegração de terras invadidas por sem-terra.
Após a repercussão das propostas, principalmente na internet, o PT recuou, voltou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no início da noite, retirou o texto e apresentou nova redação sem os pontos mais polêmicos.
Denominado de "A grande transformação", o primeiro programa de governo foi protocolado no fim da manhã no TSE. Além dos pontos polêmicos, o texto não contemplava as propostas de partidos aliados, como o PMDB.
Oficialmente, o PT afirmou que cometeu um erro técnico e entregou à Justiça Eleitoral um texto desatualizado, datado de 19 de fevereiro.
A Folha apurou, porém, que uma ala da campanha optou deliberadamente por apresentar como programa de Dilma o texto aprovado no congresso do partido, em fevereiro, com concessões às alas mais à esquerda.
Na ocasião, os dirigentes petistas afirmaram que essas propostas seriam diluídas na elaboração final do programa de governo e que era tarefa do partido "puxar para a esquerda" para depois negociar um programa final, principalmente com o PMDB.
Mas no final da tarde de ontem a coordenação da campanha chegou à conclusão de que, por conta de reação de aliados e de propostas que a própria candidata não endossou -como a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais-, o texto deveria ser substituído.
RECUO
Antes da decisão, a primeira versão do programa de governo foi divulgada durante toda a tarde nos sites oficiais do PT e da campanha, como a notícia principal.
No início da noite, o secretário de comunicação do partido, André Vargas (PR), ainda sustentava que a decisão de apresentar o texto foi da coordenação da campanha.
"Não há problema em ter pontos polêmicos nele. Nós somos polêmicos. Isso não é problema, é qualidade. Agora, é um texto provisório que vai ser sempre discutido."
O novo documento protocolado no TSE suprimiu o compromisso com a redução da jornada, a taxação das grandes fortunas e as mudanças na política agrária.
O PT manteve na segunda versão do programa a afirmação de que o texto ainda é preliminar e receberá contribuição dos nove partidos que compõem a aliança.
A entrega das propostas de governo no registro da candidatura é uma nova exigência da Lei Eleitoral, aprovada pelo Congresso em 2009.
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