Banqueiros e governos falam de "injeção de recursos" e "compra de ações" de instituições financeiras encrencadas. Evita-se sempre a expressão "estatização". É um tabu como era no passado falar em público a respeito de alguém com câncer. Românticos de Cuba reclamam dessa novilíngua do poder -apenas com razão parcial, pois é necessário ponderar as nuanças do atual cenário.Do ponto de vista lingüístico, o termo "estatização" está correto. Se um banco privado passa a ser controlado pelo governo, torna-se uma entidade estatal.Mas há também a carga ideológica dentro da expressão. Quando nos países socialistas houve estatização, tratava-se de medida para a vida toda. Pelo menos essa era a intenção de soviéticos e seus satélites durante décadas no século passado. Ou seja, ao dizer simplesmente "EUA estatizam bancos" conta-se só metade da história.Engana-se quem imagina a Casa Branca tomada por neobolcheviques, capitulando aos ensinamentos de Marx. Na realidade, não há o menor sinal de uma política para aumentar a presença do Estado na economia de maneira perene. Nenhum integrante da equipe econômica norte-americana defende a estatização eterna das instituições bancárias agora socorridas.A idéia do pacotão de George W. Bush é tentar salvar o capitalismo. Se for necessário torrar dinheiro público, cumpra-se. Passada a turbulência, o movimento será de vender de volta todos os bancos para a iniciativa privada.É possível, por óbvio, discutir se essa é uma boa saída. Há argumentos para todos os gostos. Inimigos do capitalismo vaticinam um fracasso inexorável. Prevêem o sistema financeiro nas mãos do Estado para sempre. Apostar nesse desfecho embute um risco tão alto como comprar derivativos lastreados no mercado imobiliário dos EUA.
Artigo de Fernando Rodrigues na Folha de hoje.
7 comentários:
Segundo a escola austríaca, quando o Estado mete a mão no privado, dificilmente ele solta. A tendência natural seria segurar mais e com mais força.
Mas, acreditando que os americanos são o que há de mais liberal no mundo, vamos torcer para que essa medida seja, realmente, temporária.
Mas uma atitude anti-capitalismo liberal para tentar salvar o capitalismo é uma contradição.
Eu, particularmente, não tenho dúvidas que o estado gringo sai logo que a crise acalme - talvez antes. E pode acabar sendo um bom negócio, pois está "comprando" na baixa... É a mesma coisa dos dólares que o BC do Brasil está vendendo. Todo estoque está com precinhos lá embaixo, logo, há um lucrinho razoável nesta operação. Vai comprar, novamente, quando ele baixar. Onde está o prejuízo?
Caro Maia
A turma devia chamar o Prof. Pedro Malan para aprender com se faz essa tal "PROER MUNDIAL".
A coisa está muito confusa e o presidente Bush se desgasta tendo que dar vários comunicados por dia.
Chama o Malan, chama o Malan
Senna Madureira
Pessoal, essa medida será sim temporária. Quem está lucrando com tudo isso é o Obama. Ele está nas alturas. Obama nas Alturas....
Grande Senna. E no segundo turno, vamos de Gabeira né???
Maia
Gabeira está repetindo o fenomeno do Brizola.
A zona sul do RJ está elegendo Gabeira.
A Zona Oeste, com a turma das milicias em guerra com o Sergio Cabral, também vota no Gabeira.
Maia, a "sunga de tricor" está de volta.
Senna Madureira
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