A Justiça Decidiu: O Colarinho Faz Parte do Chopp

A espuma ou o chamado "colarinho" é parte do chope. É o que decidiu a juíza Maria Lúcia Luz Leiria, da 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, após uma polêmica iniciada em Blumenau (139 km de Florianópolis).Em 2000, um restaurante da cidade catarinense chamado Gruta Azul foi multado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) em razão da espuma em excesso.Segundo o relatório da fiscal, o chope analisado -servido em um copo em formato de tulipa- tinha apenas 249,9 ml dos 350 ml prometidos no cardápio. Na avaliação do instituto, a quantidade da espuma -que completava o copo- deveria ser desconsiderada do volume.O restaurante não concordou e decidiu entrar na Justiça contestando a autuação. Em primeira instância, a sentença foi contrária ao estabelecimento. Após o recurso, a juíza considerou que houve um "desvio na interpretação do Inmetro".Segundo Leiria, a espuma é resultante do processo de pressão ao qual a bebida é submetida. A decisão vale para os Estados da região Sul, mas foi aberto um precedente para casos em todo o país, diz ela.O diretor técnico do Inmetro em Santa Catarina, Maurício Martins, diz que o instituto irá recorrer da decisão. De acordo com ele, não há processos semelhantes no Brasil.A decisão de fazer o "colarinho" contar na bebida foi comemorada pela família responsável pelo negócio. "Meu pai batalhou bastante. Ele vivia inconformado com a situação", conta Felipe Passold, atual proprietário. À época, quem comandava o negócio era seu pai, que morreu há três anos.Segundo ele, clientes costumam devolver o pedido se não há dois dedos de espuma pelo menos. Fundado em 1940 pelos avôs de Passold, imigrantes alemães, o restaurante serve pratos da culinária germânica. A multa, que em valores atualizados corresponde a R$ 2.400, não foi paga pelo restaurante.

Na Folha de hoje.