Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pessoa Vive






Texto de Fernando Pessoa do livro Ideias Filosóficas. Pesquei do Blog da Santa.

A inutilidade dos Sindicatos

A sindicação, saída da liberdade como o monopólio espontâneo, é igualmente inimiga dela, e sobretudo das vantagens dela; é-o com menos brutalidade e evidência e, por isso mesmo, com mais segurança. Um sindicato ou associação de classe — comercial, industrial, ou de outra qualquer espécie — nasce aparentemente de uma congregação livre dos indivíduos que compõem essa classe; como, porém, quem não entrar para esse sindicato fica sujeito a desvantagens de diversa ordem, a sindicação é realmente obrigatória. Uma vez constituído o sindicato, passam a dominar nele — parte mínima que se substitui ao todo — não os profissionais (comerciantes, industriais, ou o que quer que sejam), mais hábeis e representativos, mas os indivíduos simplesmente mais aptos e competentes para a vida sindical, isto é, para a política eleitoral dessas agremiações. Todo o sindicato é, social e profissionalmente, um mito.
Mais incisivamente ainda: nenhuma associação de classe é uma associação de classe. No caso especial da sindicação na indústria e no comércio, o resultado é desaparecerem todas as vantagens da concorrência livre, sem se adquirir qualquer espécie de coordenação útil ou benéfica. O caráter natural do regímen livre atenua-se, porque surge em meio dele este elemento estranho e essencialmente oposto à liberdade. A vantagem pública da não elevação desnecessária de preços desaparece por completo, pois por haver sindicato, é fácil a combinação e a "frente-única" contra o público e, por esse sindicato ser tirânico, é fácil compelir à aceitação de novas tabelas os profissionais pouco dispostos a aceitá-las.Quanto ao aperfeiçoamento dos serviços comerciais ou industriais, que a concorrência estimula, o sindicato diminui-o na própria proporção em que diminui o espírito de concorrência e, como nunca é dirigido por grandes profissionais, mas por políticos de dentro da profissão, pouco pode animar diretamente a técnica da indústria ou do comércio que representa. Nem resulta da acção do sindicato qualquer coordenação útil que compense estas desvantagens todas. Não tendo uma verdadadeira base de liberdade, o sindicato não coordena a classe como indivíduos; não tendo nunca uma direção profissionalmente superior, o sindicato não coordena a classe como profissionais; não tendo outro fim senão o profissional e o económico, o sindicato não coordena a classe como cidadãos.
Fernando Pessoa, in 'Ideias Filosóficas'

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso mesmo. Os tais sindicados, associações e às tais centrais de trabalhadores estão mostrando a sua verdadeira face. Assim como o MST, e a não menos perniciosa Via Campesina.
O que, realmente, esses monstrengos trouxeram de bom para a sociedade brasileira? Olha o que a CUT, Força Sindical e o deprimente deputado sindicalista Paulinho Pereira da Silva – o Paulinho da Força – fizeram no entrevero policial paulista.

O Paulinho era a voz da discórdia, do insuflar de ânimos a incentivar a marcha contra o Palácio dos Bandeirantes.
O que ele estava fazendo? Ajudando os policiais? Ou administrando os seus próprios interesses populistas para ficar na mídia, levar vantagem e beneficiar a campanha de dona Marta Suplicy, da qual ele – Paulinho – é o maior cabo eleitoral.

Quanto mais tumultuar a vida do governo José Serra nesse período, melhor para eles, pensam. Desgastam Kassab que é afilhado de Serra.

É essa a política sindicalista. Não interessa se a população está tendo problema, tendo seus direitos afetados e falta de segurança. A ordem é bagunçar. Usam as tais instituições – que, aliás, não prestam contas de suas atividades dignamente para com a sociedade, o que deveria ser uma obrigação constitucional – e praticam o desmando de toda ordem.

Aliás, o contingente policial paulista é de 35 mil homens. Na greve armada, em todos os sentidos, estavam em torno de mil homens, incluindo os infiltrados paus mandados dos sindicatos, mais os da CUT e Força Sindical.

E lá dizia que estavam falando em nome da sociedade. De qual sociedade? Só se for da sociedade dos amigos dos sindicalistas e jamais da sociedade brasileira que não aprova esse tipo de baderna, assim como nunca aprovou os desmandos do MST e Cia.

Mas, obviamente, os tais sindicatos, associações e centrais são forças do petismo e do populismo que se apropria indevidamente da terminologia sociedade para praticar seus desmandos, ganhar no grito e na força. Jamais no diálogo.

O artigo registra bem. Os trabalhadores que assumem tais entidades são, a bem da verdade, os políticos do setor e como tal farão o seu papel de acordo com os seus interesses. E, nem sempre esses interesses coincidem com os reais e verdadeiros interesses da sociedade organizada que paga imposto e quer a recíproca do Estado.

O momento atual do Brasil mostra bem essa realidade. Sindicatos, centrais, populismo, bolsas, empregos públicos sem concurso público e por aí vai.
É o desmonte do Estado de direito em partículas para não alarmar a sociedade. É a Constituição sendo pisoteada. É do jogo. Do péssimo jogo político antidemocrático.
Abs