Diversidade, Liberdade e Inclusão Social
Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Nas Raias da Ideologia
O diario gauche de hoje diz que o prefeito reeleito de Porto Alegre, José Fogaça, é o novo darling da direita guasca. Eu comento depois.
José Fogaça é o novo darling da direita guasca
O arranjo maragato para 2010 está sendo montado agora. Não vê, quem não quer. A coisa é escancarada, despudorada. O jornal Zero Hora de hoje mostra sobradas razões para que o senso comum sulino assimile com naturalidade e entusiasmo a nova liderança a ser investida como governador do Estado. Eles chegam ao requinte de estampar uma declaração (inédita) da governadora Yeda Rorato Crusius de que não disputará a reeleição.
Depois de se ler o diário da Azenha, hoje, a conclusão é quase um imperativo categórico: o substituto de Yeda Rorato Crusius é José Alberto Fogaça de Medeiros, do PMDB. Não tem outro. Este é o homem.
A carga publicitária da RBS não tem um traço sequer de censura ao fato de que Fogaça acabou de se eleger prefeito municipal para um mandato de quatro anos, portanto, que terminariam somente em 2012. Em abril de 2002, quando o então prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, renunciou ao cargo para disputar as eleições ao Piratini, recebeu da mesma RBS as maiores reprovações morais por não cumprir com a integralidade do mandato conferido pelos seus eleitores.
As eleições estaduais de 2010 começaram nesta semana, nos veículos da RBS. A construção de uma candidatura forte e invencível começa cedo, e reveste-se de cuidados para bem além da objetividade fria da política, porque trata de projetar um pequeno mito no imaginário do senso comum, buscando a montagem de uma “persona” que seja dotada de todas as subjetividades positivas com acréscimos de carisma, bonomia, firmeza, e capacidade de liderança.
José Fogaça não é nada disso, mas os escultores de candidaturas amigas da RBS tratarão de entregar o “produto” imagético pronto e acabado até março de 2010.
Mãos à obra.
Meu pitaco:
Como é lindo esse discurso de certa esquerda que aponta -- com dedo bem em riste -- que qualquer pessoa que não tenha fé na religião do materialismo histórico, como sendo de direita. O José Serra, que sempre foi um cara de esquerda, virou um totalitário de direita. O Fogaça, que também nunca foi de direita, se transformou num fascista de extrema direita. Os editores da mídia alternativa deveriam ter um pouquinho mais de cuidado antes de distribuirem suas merendas e suas hóstias aos seus fieis.
Afinal, que diferença ideológica existe, por exemplo, entre Serra e Dilma? Os dois nadam na mesma raia da social-democracia. Não foi o Serra que bateu de frente com as grandes indústrias farmacêuticas e criou os genéricos? Isso, por acaso, é uma praxis liberal? Na piscina da humanidade, certa esquerda se acha a dona dos troféus e apenas entrega suas medalhas para aqueles que se enquadram nos seus preconceitos. Nada mais falso do que a intempestiva assertiva de que a raia onde só a esquerda pode nadar é somente aquela onde as marolas se direcionam para a fé do materialismo histórico. Se, por acaso, o atleta resolve invadir outra raia onde o mercado gosta de circular ele é visto como um nadador neoliberal. Essa é uma tese que já naufragou. Avisem a orquestra. Luc Ferry é que está certo, uma dos fatores mais inócuos e impertinentes dos nossos tempos é a discussão ideologica e religiosa.
É impressionante como a ideologia da igreja católica que atrasou o Brasil durante séculos e séculos continua a ter um paradoxal efeito no pensamento reacionario de certa esquerda. Para esses, enriquecer é mesmo uma burrice. Espírito empreendedor? é pecado. Empresário é ganancioso, como disse uma vez o companheiro ex governador. Por isso os nadadores das marolas da raia bem à esquerda adoram a dinastia Castro em Cuba, onde o empreendorismo é sufocado com armas e prisões. Não importa se o empreendedor vai fazer benfeitorias para o povo, melhorar as condições de vida, gerar lazer, cultura (até mesmo a construção do Museu Iberê foi criticada pelo Diário Gauche), o que efetivamente importa aqui é o lado irrelevante e fransiscano da questão: ele não pode ter lucro ou como a religião impõe como grave transgressão: o sacrilégio da mais valia. Depois eles ficam se queixando que os candidatos de certa esquerda perdem as eleições nas capitais brasileiras do centro sul.
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Um comentário:
Já há, no texto do Gauche, um erro premeditado: Yeda não disse que não iria concorrer à reeleição em 2010, mas sim que não estava pensando na reeleição quando fez tantas medidas antipáticas para tentar zerar o déficit. Há uma grande diferença e, mesmo não sendo um grande fã da professora, há que admitir que neste quesito ela está se saido bem.
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