Quem me avisou foi o Popa.
Uma das postagens que escolhi foi essa que trata da vida cotidiana de Havana.
Cubinho Concentrado
Discutí com uma senhora na fila da batata doce. Ela queria permitir duas amigas e eu calculei que assim não alcançaria as dez libras deste alimento - racionado desde a passagem dos furacões-. No final, deixei que as duas velhinhas se posicionassem e nem as insultei quando o vendedor me anunciou “Acabou-se!”. É que me deprime envolver-me por comida; talvez por isso estou tão fraca. Na bolsa de estudos que tive no pré-universitário, nunca tive “garras” para conseguir uma melhor ração, como a obtinham os mais fortes. Quando me vejo impelida a lutar para alcançar um alimento me sinto mal e prefiro chegar em casa com a bolsa vazia. Claro que para minha família não há nenhuma graça nos meus excessos pacifistas.
Para consolar-nos, comprei uns cubinhos de concentrados de sopa. Que vem a ser a comida mais usual para a grande maioria dos habitantes desta cidade. Quando algum enganado turista me pergunta qual é o prato típico da comida cubana, respondo-lhe que deste não entendo, porem conheço as receitas mais comuns e cotidianas. Enumero-lhe o “arroz com concentrado de bacon” ou o manjar de “arroz com um cubinho de galinha e tomate”. Este último tem uma cor rosada e laranja que resulta muito divertida.
Se constantemente estamos digerindo notícias pré-cozidas na televisão, discursos enlatados e passados da data de validade, cubinhos de paciência e espera para suportar o dia a dia, que mais oferece que nosso prato reflita tambem esses acres sabores. (should be a question mark here?)
Assim é que me resigno e compro o apropriado placebo que me fará crer que o arroz contem uma saborosa costela ou um pedaço de frango. Depois de uma “completíssima” elaboração ponho sobre a mesa o fumegante prato. Meu filho, ao sentir o odor, me pergunta de forma repreendedora: “Por que não brigaste mais na fila da batata doce?”.
Assim é que me resigno e compro o apropriado placebo que me fará crer que o arroz contem uma saborosa costela ou um pedaço de frango. Depois de uma “completíssima” elaboração ponho sobre a mesa o fumegante prato. Meu filho, ao sentir o odor, me pergunta de forma repreendedora: “Por que não brigaste mais na fila da batata doce?”.
3 comentários:
Sabes, Maia, acho incrível que este regime tenha durado tanto tempo nesta ilha. As oportunidades que eles perderam ao longo destes anos não podem ser contabilizadas facilmente. Um regime de igualdade que mantém todos iguais na escassez é algo muito estranho. Aliás, não iguais, pois lá também tem as elites gordas a quem nada falta e que não entram nestas filas de racionamento.
Caro Maia,
Eu também tomei conhecimento da versão do blog em português através do nosso amigo Popa. Já passei por lá e deixei minhas pegadas...
Nestes cinqüenta anos Cuba foi uma maravilha! Sim, uma maravilha para os turistas e para os mandatários da Ilha: Fidel & Cia. Foi uma estratégia inteligente do então jovem revolucionário Fidel Castro em ter, o que nenhum outro cidadão poderia imaginar: ser dono e senhor de uma ilha, em que os demais estariam a seus pés pela causa (pessoal) ou pela chibata!
E assim viveu nababescamente por cinqüenta longos anos. E o povo, obrigatoriamente, dizendo amém! Ou adeus...
No fundo, no fundo, bem lá no fundo, esse Fidel é um gozador. Passou pela vida, usurpou direitos e deu boas gargalhadas, sempre com um habano entre os dedos e um sorriso maroto.
E todos chamaram-no de estadista!
Depois de cinco décadas de mando e boa vida, retira-se e põe o irmão para mais um período. Não se sabe ainda qual o tamanho do período.
Se não houver barbeiragem do mano, quem sabe mais cinqüenta anos? Não! Cinqüenta é muito para o Raul que não está com esse gás todo, né?
Raul está fazendo pequenas aberturas. Pequenas demais para tantas necessidades daquele povo. É abertura tipo válvula de panela de pressão, tira o excesso do ar, mas continua hermético, sob vigilância para não estourar o teto e espalhar o condimento, se é que você me entende.
O artigo é ótimo. Imagine-se nós aqui brigando na feira pela última batata-doce do aparador...
Mas, a batata aqui é outra. Chamam-na de marolinha!
Abs
Meus caros, eu tenho muita vontade de conhecer Cuba e quero conhecer a Cuba socialista. Eu acho que os tempos estão contados e tenho que apressar essa viagem. Se a tendÊncia de Cuba é a abertura econômica e a facilitação dos acessos dos cubanos à mídia da internet, posso dizer que o socialismo cubano está com os dias contados.... E as viúvas do estatismo estão vibrando com a nova MP do governo Lula...
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