O ministro da Fazenda, Guido Mantega (esq.), e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apresentam as novas medidas definidas pelo governo para aumentar a liquidez nas instituições financeiras, em Brasília. Mantega negou que bancos brasileiros estejam "quebrando".
Pacote infeliz
A mensagem colide com a frase "Não tem banco quebrando", dita pelo ministro Guido Mantega na entrevista em que anunciou as novas medidas. Choca-se também com a convicção de que, à diferença da situação nos EUA e na Europa, não há risco sistêmico sobre a malha bancária nacional. Até onde os dados permitem ver, as principais instituições financeiras do Brasil estão bem capitalizadas e correm risco baixo em suas operações.Há um problema, já detectado, mas que afeta a periferia do sistema bancário. Instituições menores têm dificuldade para conseguir linhas de crédito de curtíssimo prazo. O Banco Central já está agindo para suprir essa necessidade emergencial. Em situações mais delicadas, a compra de carteiras de crédito dessas instituições por bancos maiores ou mesmo a transferência do controle são soluções plausíveis e inofensivas para o sistema.A habilitação do Banco do Brasil para atuar nesse mercado de aquisições, desde que restritas ao segmento financeiro, é o único ponto defensável da medida provisória -embora, mesmo assim, devesse haver fiscalização, da parte do Congresso, sobre cada passo dado nessa direção. O BB tem ações negociadas em Bolsa e está submetido a um nível razoável de controle público.A inclusão da Caixa Econômica Federal, banco 100% estatal, é bastante questionável. A criação de um braço da Caixa para comprar participações, sem limites, em empresas de quaisquer setores da economia não faz nenhum sentido e deveria ser derrubada no Congresso. A pretexto de ajudar o setor imobiliário, a intenção anunciada pelo governo é que a CEF se torne sócia de empreiteiras -remédio errado, decorrente de diagnóstico errado.A construção civil debate-se contra a escassez de capital de giro: falta crédito, principalmente para iniciar novos projetos. A ação dos bancos estatais nessa área deveria limitar-se a assegurar um nível mínimo de empréstimos de curto prazo ao segmento, enquanto durar a fase aguda da crise. Outro eixo de atuação poderia ser financiar fusões e aquisições no segmento, onde atua grande número de empresas. Para isso já existe o BNDES. O guichê de ajuda obscura a construtoras proposto para a Caixa é, portanto, dispensável.O governo Lula difunde a versão de que, ao editar a MP, inspirou-se no pacote de Gordon Brown, premiê britânico, que inaugurou a linha de estatizar parcialmente grandes bancos a fim de estancar o pânico. A peça brasileira mais se assemelha, contudo, ao cheque em branco solicitado pelo Tesouro dos EUA ao Congresso daquele país.O Legislativo brasileiro não deveria endossar o texto sem determinar alterações fundamentais, em nome do interesse público.
Editorial da Folha de hoje.
2 comentários:
Maia
A crise veio provar que era falsa a tal "capacidade e competencia" da equipe economica do Governo Lula.
O crescimento foi devido aos fatores externos e acabou.
O pior é que estão "torrando" dos dolares da reserva nacional.
Deixa o preço subir que melhora a balança de pagamentos.
A solução é cortar gastos do governo a começar pela eliminação dos cabides de empregos do PT.
O Brasil vai acabar tendo que recorrer novamente ao FMI, mesmo depois da dívida paga e acumular reservas confortáveis.
Maia, segura o Mantega
Vamos ver meu caro, não fica aterrorizando o pessoal. Mas bá, que falta faz a Vale do Rio doce.Puxa, cadê o pessoal que falava que é um absurdo a Ford ter ido embora?O que será da GM e as fábricas ao redor dela se a GM tem isenção de impostos e ela está falindo?
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