Se existe um cara que eu não vou com a lata é o Paulo Nogueira Batista Jr. que hoje está no FMI, como Diretor Executivo, indicado pelo governo Lula. Não simpatizo com ele, não tenho identidade com ele. Enfim, não vou com a cara dele. Ele é um chato e um bobão. Ele escreveu hoje na Folha um artigo com o título o Fim de Wall Street e conclui que é provável que grande parte do sistema financeiro americano acabe na mão do Estado. Esse é o típico pensamento e aposta de Paulo Nogueira Batista Jr. que -- se bem me lembro -- foi um grande crítico do PROER feito pelo governo FHC para salvar os bancos e a economia brasileira na época das grandes crises mundiais da periferia. O pacote de salvação da crise americana é de 700 bi. Já falam em 800 bilhões de dólares. Não importa, mas que tamanho tem a economia americana? O PIB americano é de 14 trilhões. 2/3 é gerado pelo consumo. Fonte aqui. 700 bi comparado a 14 tri é nadica. A economia americana é muito sólida, é muito forte e o Paulo Nogueira Batista Jr. que está morando em Nova York sabe muito bem disso, mas não revela esses significantes detalhes em seus artigos. Eu tenho absoluta certeza e jogo caixas e caixas de bom malbec que essa crise típica do capitalismo vai ser superada. Os EUA vão além, vão se erguer, vai haver crise, demissões, recessões e talvez até um pouco de depressão, mas a economia americana é uma imensa locomotiva que tem forças e cavalos para tocar o trem para a frente. E vai tocar para desespero dos apostadores de ocasião.
Abaixo o artigo de Paulo Nogueira Batista Jr na Folha de hoje.
O Leitor pode bem imaginar como anda conturbado o ambiente aqui no Fundo Monetário Internacional. Na segunda-feira, quando a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos derrubou a versão revista do Plano Paulson, houve uma verdadeira comoção. Desde então, a crise financeira tem nos absorvido quase totalmente. Acabei de telefonar para o Marcos Cézari, que edita a coluna, para pedir uma extensão do prazo de entrega do artigo.Não sei se, neste momento, o brasileiro tem uma idéia precisa do tamanho da rejeição da população americana ao resgate de até US$ 700 bilhões proposto para salvar Wall Street e proteger a economia do impacto da crise financeira. A impopularidade da turma da bufunfa bateu todos os recordes possíveis e imagináveis. Como diria Nelson Rodrigues, banqueiros e financistas estão sendo caçados a pauladas, feito ratazanas prenhes.Essa rejeição popular às vésperas de eleições presidenciais e parlamentares aqui nos Estados Unidos é que explica a derrubada da proposta de resgate na segunda-feira, a despeito dos apelos dramáticos do governo, do acordo com as lideranças republicanas e democratas do Congresso e do apoio dos candidatos dos dois partidos à Presidência da República -os senadores John McCain e Barack Obama.Agora prepararam uma terceira versão do Plano Paulson, que começou a tramitar no Senado. No momento em que escrevo, o Senado ainda não votou a nova versão. Espera-se que os senadores a aprovem.Retomo o que disse no artigo da quinta-feira passada: não se pode excluir um cenário-catástrofe em que a Câmara dos Deputados acabe derrubando também a terceira edição do Plano Paulson.Isso é provável? Não acredito. O mais provável é que a segunda versão passe.Mesmo assim, não vamos nos iludir: o Plano Paulson, ainda que substancialmente revisto, ampliado e emendado, não põe fim à crise financeira internacional. Conseguirá, no máximo, proporcionar uma trégua por alguns meses. A situação financeira nos Estados Unidos -e também na Europa- é calamitosa.Instalou-se o pânico. Em vários países desenvolvidos, começaram a acontecer corridas contra instituições financeiras. A verdade é que grande parte do sistema está enfrentando problemas de solvência. Muitas instituições estão à beira do colapso, lutando pela sobrevivência.Como observou o economista James Galbraith (filho do grande John Kenneth Galbraith), o Plano Paulson não enfrenta adequadamente os problemas econômicos e financeiros subjacentes à crise atual. O que se pode esperar é que ele evite a desintegração completa do sistema financeiro e crie uma ponte até a posse do próximo governo dos Estados Unidos, que se dará em janeiro de 2009 (a menos que haja alguma antecipação).Entre os economistas e especialistas em finanças, cresce a convicção de que a compra pelo governo de ativos podres, ainda que em grande escala, não é o caminho para estabilizar o sistema financeiro a um custo aceitável para os cofres públicos.Tanto aqui nos Estados Unidos como na Europa percebe-se que uma crise como a atual -a mais profunda desde a Grande Depressão da década de 1930- exigirá uma recapitalização maciça dos bancos pelos governos por meio da compra de ações preferenciais.É provável que grande parte do sistema financeiro acabe nas mãos do Estado.
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR., 53, escreve às quintas-feiras nesta coluna. Diretor-executivo no FMI, representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR., 53, escreve às quintas-feiras nesta coluna. Diretor-executivo no FMI, representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).
3 comentários:
Ser contra o PROER é meio sem sentido. Eis a origem do pila: "O dinheiro utilizado pelo Proer foi proveniente do próprio sistema financeiro, dos depósitos compulsórios que os bancos são obrigados a fazer sobre todos os depósitos à vista que recebem, e que são utilizados como garantia pelo BC."
Não é pila do contribuinte, é um fundo do próprio sistema bancário. É inteligente. O ônus não recai sobre o povo, mas sobre os bancos competentes. Mas, como sempre, alguém paga o pato. Ao menos não é povo.
E, como bom liberal, evito o uso do termo recessão, preferindo o de correção. Pode parecer mero eufemismo, mas não é. Preços tendem a flutuar. Quem determina isso é o mercado. Queda de preços (tão difícil de entender quanto de aceitar) é cousa natural. Manter os preços altos, de forma artificial, obviamente não é natural. E o Estado consegue fazer este truque por um certo tempo, não para sempre. Na queda de braço entre Estado e o mercado, no fim das contas quem vence é o mercado, o elemento humano da relação (sim, pois como liberal acredito também que mercado é uma expressão da vontade e da liberdade humana).
Voltando, recessão é o mercado tentando ajustar distorções cometidas pelo Estado em sua vã tentativa de estabelecer algo que excedeu em muito suas prerrogativas. O tal plano de resgate é mais uma tentativa do Estado em torcer a vontade humana. Melhor deixar o mercado se ajustar de forma rápida e violenta do que prolongar esta situação por tempo desconhecido.
Correção.
Na época defendi e defendi muito o PROER exatamente porque se não tivesse havido PROER os efeitos para a economia brasileira poderiam ser muito complicados. Mas as pessoas médias assim não pensam....
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