Quem houve rádio sabe que o novo filão é a interatividade com o ouvinte. Isso acontece direto em diversos programas. É o bate papo, via chat do msn ou via torpedo de celular com o ouvinte. Essa interatividade está sendo questionada.
Artigo de Flávio Dutra - Jornalista
ZH de hoje.
A mídia descobriu o filão da interatividade. Rádios, TVs, jornais e portais da internet usam e abusam do recurso, certos de que a abertura de espaços para os usuários potencializa a repercussão de seus conteúdos, vale dizer, aumenta a audiência. E tome interatividade, agora acrescida também de torpedos telefônicos. Chega a ser constrangedor o papel de porta-voz dessas mensagens imposto a alguns comunicadores de prestígio. Sim, porque a interatividade que deveria ser um canal de dupla mão a fonte influenciando o destinatário da mensagem e sendo por ele influenciado, numa interpretação simplista da teoria da comunicação foi desvirtuada por fonte (emissor) e destinatário (receptor).
A mídia descobriu o filão da interatividade. Rádios, TVs, jornais e portais da internet usam e abusam do recurso, certos de que a abertura de espaços para os usuários potencializa a repercussão de seus conteúdos, vale dizer, aumenta a audiência. E tome interatividade, agora acrescida também de torpedos telefônicos. Chega a ser constrangedor o papel de porta-voz dessas mensagens imposto a alguns comunicadores de prestígio. Sim, porque a interatividade que deveria ser um canal de dupla mão a fonte influenciando o destinatário da mensagem e sendo por ele influenciado, numa interpretação simplista da teoria da comunicação foi desvirtuada por fonte (emissor) e destinatário (receptor).
Pela fonte, na medida em que busca demagogicamente acarinhar o destinatário, passando-lhe a falsa impressão de que é mais do que um receptor passivo, mas um parceiro de verdade, cujas opiniões interessam e serão consideradas. É aquele negócio de aqui você tem vez e voz. Isso é falso e tem o mesmo valor do dólar de Burkina Fasso, sem contar que, em várias situações, a interatividade representa ganhos financeiros para a mídia, através de acordos com operadoras de telefonia, por exemplo.
Entre os receptores, identificamos dois tipos de comportamento, ambos também enganadores. Há os crédulos e sinceros que ingenuamente acreditam que suas opiniões serão mesmo levadas em conta e que, a partir delas, o mundo será diferente, para melhor, é claro. E existem os mal-intencionados de carteirinha, os detratores de plantão, os raivosos de todo o dia, os metidos a engraçadinhos, os falsos moralistas, os malas opiniáticos, os comprometidos com essa ou aquela corrente política, à esquerda e à direita. Infelizmente, o segundo tipo é maioria e está contaminando todo um processo que, na sua concepção, encerra uma idéia generosa.
Mais ainda: uma avaliação criteriosa revelaria que são quase sempre as mesmas pessoas opinando sobre tudo e sobre todos, o que me faz crer que se trata de um bando de ociosos, ávidos de seus 30 segundos de exposição na mídia.Excluo dessa análise as descompromissadas participações nos espaços esportivos e até sou tolerante com as chamadas pesquisas interativas, embora nem sempre fique claro na sua formulação não se tratar de uma enquete de caráter científico. Reconheço, ainda, os méritos de algumas experiências, como as do programa Gaúcha Hoje, que oferece a posição de especialistas para dirimir dúvidas dos ouvintes. Neste caso, a interatividade faz sentido e cumpre seu papel de prestadora de serviço.
Desde já, refuto o rótulo de censor, que certamente virá, porque o que está faltando nesse processo é filtro, para separar as contribuições de conteúdo, positivas para os debates propostos, das mal-intencionadas, que acusam sem provas, atacam pessoas de forma gratuita, julgam e condenam prévia e apressadamente. São opiniões inconseqüentes, irresponsáveis, sem compromisso com os valores da justiça e da verdade.
*Jornalista
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