O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vota em uma escola de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Segundo Lula, o "PT vai sair fortalecido" das eleições, porque o brasileiro tem votado de dois em dois anos e "aprendeu a votar melhor" .
Analisando o resultado das eleições, uma coisa parece não deixar dúvida: o PT (apesar do Lulismo) continua distante do voto da classe média do centro sul do Brasil.
No Rio Grande do Sul, o PT perdeu em Caxias com o Pepe Vargas que foi ex prefeito, perdeu em Santa Maria, onde governava e não é favorito em Porto Alegre e Pelotas. Talvez o PT leve Canoas. Talvez. Mas o PT saiu bem nas cidades médias, conseguindo se reeleger bem em São Leopoldo e fazendo o prefeito de Novo Hamburgo, Santa Rosa, Vacaria etc.
Em Florianópolis, SC, a disputa é, como nos velhos tempos de Arena e PMDB: agora entre PP e PMDB.
Em Curitiba deu Beto Richa fácil fácil.
Em BH, o candidato de Aécio Neves e do PT, Márcio Lacerda (PSB) que iria ganhar no primeiro turno, corre o risco de perder no segundo turno.
E o candidato de Aécio em São Paulo, Alckmin, também não levou. Foi a grande surpresa, o Kassab tirou primeiro e a Marta segundo. Grande vitória de José Serra. Não vai ser fácil para a Marta reverter, como bem explica a jornalista Renata Lo Prete na folha de hoje, abaixo.
E, finalmente, no Rio a grande surpresa. Fernando Gabeira (PV), meu candidato, desbancou o complicado bispo Crivella e vai para o segundo turno com Eduardo Paes (PMDB).
Não se verifica, portanto, no centro sul do Brasil que o PT tenha oportunidades reais de vitória. Nas únicas grandes capitais que concorre: Porto Alegre e São Paulo, as chances são bem pequenas. E nas grandes cidades do interior do RS, também. Mas vamos ver.
O Lula da vez é Kassab
Renata Lo Prete (Folha)
Os fragmentos de discurso testados pelo PT na reta final do primeiro turno indicam que a missão de Marta Suplicy será bem mais árdua do que sugerem os nove pontos de vantagem dados pelo Datafolha a Gilberto Kassab na última simulação do confronto entre os dois.Ontem, ao votar, ela afirmou que "agora vamos comparar as biografias e trajetórias". Trata-se de introdução aos assuntos Paulo Maluf (a quem Kassab apoiou no passado) e Celso Pitta (de quem chegou a ser secretário do Planejamento).Essa tentativa de associação já foi feita exaustivamente no primeiro turno, sem nenhum sinal de aderência no eleitorado. O último candidato que tentou se fiar na "comparação de biografias" está agora a caminho de Pindamonhangaba.Outra linha recém-introduzida por Marta é a da cidade dividida entre pobres e ricos, com o PT ao lado dos primeiros.Tal argumento é algo contraditório com a meta, publicamente fixada pela ex-prefeita na largada da atual campanha, de reconquistar a classe média perdida em 2004. O principal problema, porém, é que ele já foi utilizado por Marta, sem sucesso, quatro anos atrás.Na semana passada, diante dos sinais de que Kassab terminaria próximo de Marta, e não do terceiro colocado, petistas começaram a lançar a idéia de um segundo turno "como o de 2006" (Lula x Alckmin).Falavam da necessidade de achar, como dois anos atrás, um carimbo que fragilize o adversário. Sendo a eleição municipal, e os resultados sociais da atual administração no mínimo comparáveis aos da anterior, difícil imaginar que carimbo será esse. Dirão que Kassab vai privatizar o Anhembi?É evidente que o diagnóstico não está fechado contra Marta.Acabou a supremacia de Kassab no tempo de propaganda. A equalização pode ajudá-la.Se acertar o tom, ela também pode tirar proveito da inexperiência de Kassab no "mano a mano". Ele jogou para inviabilizar o primeiro debate da Globo. Deu certo. Agora não vai dar.Mas, já que é para lembrar de 2006, ali a migração natural dos votos de quem havia ficado pelo caminho favorecia Lula. O Lula da vez é Kassab.Este realizou sua tarefa mais difícil ao retirar de Alckmin, um ex-governador que havia derrotado Lula dois anos antes na capital, a vaga do anti-PT. Agora, basta não errar.Já para Marta, o que veio antes foi brincadeira perto do resultado que ela precisa produzir nas próximas três semanas.
Um comentário:
Na região sul do Brasil o PT ainda mete medo, mas por outro lado o povo do sul está descontente com os políticos tradicionais, que hoje na oposição se mostram fracos e sem graça.
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