Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Viva os Ricos!


Viva os ricos!


David Coimbra na ZH de hoje.


Queria um candidato a prefeito que defendesse os mais favorecidos. Um que pensasse nos aquinhoados, nos bem de vida. Na classe A. Sem descuidar da saúde e da educação, óbvio, mas com o olhar rútilo para o luxo e as amenidades da vida. Seria o meu candidato.Por quê? Por causa, por exemplo, de um naco de Porto Alegre que descobri, dia desses. Uma prainha do Guaíba engastada nas cercanias do Museu Iberê. Nem desconfiava da sua existência. Normal – nós, da Zona Norte, nos diziam que nesta cidade tem um rio, mas certeza certeza só tivemos depois de, sei lá, passar dos 18 anos.Então, lá estava eu, na pequena praia. Que lugar lindo e nojento. Lindo por natureza, nojento por abandono. Ainda que sua praça pareça atendida pela prefeitura, a grama cortada e tudo mais, o lixo se acumula na areia e, como não há nenhum comércio nas imediações, o local torna-se ermo e inseguro.Fiquei imaginando se Paris possuísse um recanto bucólico como aquele. No que a prefeitura de Paris faria com o lugar. Como o embelezaria, como chamaria a iniciativa privada para erguer por perto um café, um restaurante, e as pessoas almoçariam olhando embevecidas para o rio. Paris faria daquela curva da cidade um lugar atraente para os mais favorecidos, que trariam segurança e empregos. E beneficiariam os menos favorecidos.Algum gaiato argumentaria que não se pode comparar Porto Alegre com Paris. Por que não? Eu aqui, como os menos favorecidos, quero o melhor. Não quero o feio, o sujo, o precário. Eu e os menos favorecidos, e os mais favorecidos também, todos queremos o belo, o limpo, o bem-amanhado. Mas alguém disse para os candidatos a prefeito, e para alguns ex-prefeitos, que o pobre gosta de conviver com a pobreza. E eles acreditaram.Quando a prefeitura discute um projeto, digamos o do Cais do Porto, logo vem um defendendo que o lugar seja “para toda a população”. Isso significa a instalação de troços como “shoppings populares”, em porto-alegrês, o mesmo que um monte de camelôs juntos. Nada contra os camelôs, eles têm de ter o seu espaço. Não no Cais do Porto. O Cais há que ser da nata, da classe A. Os ricos, viva eles! Se tudo ali for bonito e arrumado, ali estará o dinheiro. E os menos favorecidos terão onde trabalhar e onde flanar, que eles flanam. Os pobres de Paris decerto não freqüentam os restaurantes de três estrelas do Guia Michelin do Boulevard Saint-Germain, mas eles usufruem das belezas do Boulevard Saint-Germain, e de graça. Difícil crer, mas os pobres também gostam de coisas boas. Por isso, queria um candidato que não tivesse preconceito contra o dinheiro. Um candidato que defendesse o luxo. A nata. Os ricos. Viva eles!

4 comentários:

Anônimo disse...

Preconceito com pobre é uma constante, principalmente no meio político. Pobre não admira o belo, o limpo? Claro que sim!

Belo artigo.

Unknown disse...

Seria interessante.
Agora só falta angariar fundos para tal, bem como evitar a corrupção na construção.
Porque a privatização de obras como essas me parece comparável a trocar pêras por bananas. A desigualdade social continua.
Além disso, fica a dúvida: será que todos, sem exceção, realmente teriam acesso ao tão ideal "bonito e belo"? não é o que vejo nos shoppings considerados "da alta classe" em Porto Alegre.

Anônimo disse...

Bom, não cultivo um visual muito ortodoxo, admito, e já passei por uma situação um tanto constrangedora em certo xópim da capitar. Mas foi fato isolado - apenas uma vez. E eu freqüento alguns lugares considerados “classe A” da cidade.

De qualquer forma, lugares distintos demandam também uma apresentação própria, ou que ao menos não cause comoção entre a indiada. Imagine um sujeito com “visu” indie em um baile funk, ou um rapper balaqueiro em um ambiente nerd. Talvez por isso não tenha ficado muito indignado com um segurança que de forma não muito sutil grudou em mim durante toda minha estada no tal xópim.

E não acredito que um sujeito pobre (pobre, não miserável) não tenha condições de usar uma calça jeans razoável e uma camisa sem furos para freqüentar lugares onde ricos também freqüentam sem maiores constrangimentos. Aliás, hoje em dia um sujeito consegue sim se vestir bem mesmo sendo pobre. Com muito mais facilidade do que algumas décadas atrás.

E quem disse que eles, os pobres, não freqüentam um Moinhos Shopping? Aposto que flanam por ali. Mas é difícil perceber um pobre bem arrumado, certo? Talvez por isso não consigas ver.

Anônimo disse...

Olha, meu amigo, tenho certeza de que um mendigo não se veste bem para ir ao shopping. Agora. Imagina a situação que tu vivenciaste existindo sempre. Duvido muito que tu acharias isso agradável.
É uma discriminação com parâmetros ridículos, que decididamente deve ser combatida.

E que absurdo, primeiro Anônimo. o teu "admira" me arrepiou. usufruir, pode?