Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Barraco na Blogosfera




Tenho um monte de coisas para fazer. Minha mesa está cheia de papéis. Mas antes de me engajar e arregaçar as mangas gosto de dar uma passeada pela blogosfera para conferir as últimas novidades. E hoje não deu outra. Passei, não sei bem porquê, pelo Blog do Milton Ribeiro, o Blog do Pensador Selvagem. Ele é um cara que escreve direitinho. Tem bom senso de humor. Tem a dificuldade de ser um pouco esquerdista, mas vá lá. E no Blog do Milton me deparei com seguinte post. Eu comento depois, of course.

Leticia Wierzchowski processa este blog (I)
by miltonribeiro.

No dia 11 de fevereiro de 2009, publiquei um post sobre a, por assim dizer, escritora Leticia Wierzchowski. No texto, eu apontava alguns poucos erros de seu romance A Casa das Sete Mullheres, obra que só pode ser lida seriamente por pessoas com diminuta vivência literária e que parece ter sido esquecida pelos revisores, tal é o número de erros que possui. O post, bastante simples, foi-me inspirado por uma coluna cheia de lugares-comuns que Leticia (sem acento) publicara por aqueles dias em Zero Hora. Realmente, os revisores ou evitam a moça ou perdem-se em meio a tantas bobagens. Assim como a madrasta de Cinderela — para fazer uma analogia compreensível a Leticia (sem acento) — virou um tacho de lentilha nas cinzas do fogão e pediu para que a pobre enteada catasse os grãos um por um com a finalidade de que esta não pusesse aprontar-se a tempo para o baile, assim devem sentir-se os pobres revisores da prosa da irritadiça rabiscadora dos pampas.
Vários amigos que conhecem pessoalmente a chiliquenta escriba já haviam me confidenciado tratar-se de um peculiar composto de burrice e presunção. Já que vamos inevitavelmente nos deparar qualquer dia desses, acho até adequada a circunstância tensa, onde não far-se-ão necessárias apresentações e sorrisos hipócritas. Creio que a coisa toda será muito sincera.
Nos próximos dias, copiarei e publicarei para os leitores do blog TODA a ação movida por ela contra mim. O processo, movido pelo advogado Marco Antonio Bezerra Campos, OAB 14.624, me parece demencial e lamento muito (na verdade, lamento tal fato todos os dias) não ser o grande humorista Lenny Bruce, que, totalmente sério, lia em hilariantes stand-ups os processos que lhe eram movidos, sem mudar-lhes uma palavra. Também neste caso não será necessário alterar palavra nenhuma. Não se faz necessário acompanhar de momices à piada. Para não fazer muito mistério, posso adiantar que Leticia (sem acento) Wierzchowski quer apenas dinheiro, não pedindo a mim retratação, retirada do post ou direito de resposta. Pensando melhor, para que pediria direito de resposta? Para explicar que viu em sonhos Giuseppe Garibaldi cavalgando alazões negros quando alazão é uma cor que varia do amarelo ao vermelho? Ora, melhor pedir dinheiro mesmo, ainda mais que não o tenho. A acusação? Bem, a inescurecível criadora me acusa de ter tirado sarro do nome dela, de não gostar de mulheres como produtoras de cultura, do mais puro ódio, de não gostar de pessoas de origem polonesa e de ter veiculado pela internet ofensas a ela, fatos que prejudicariam a difusão de sua excelsa obra, consumida e recomendada para crianças. Pobres delas!

Não vejo problema em divulgar todo o processo na internet. O processo é PÚBLICO e me amparo no seguinte pressuposto moral: quem processa outrem está pronto para sustentar e defender os motivos alegados em qualquer lugar e ocasião. Ou seja, a desatinada autora não deverá sentir-se atacada quando a exponho ipsis litteris. Como ganho secundário, creio que a exposição da peça servirá como advertência aos futuros críticos da repulsiva obra wierzchowskiana. Cuidem-se, meu amigos, criticar a estupidez pode dar processo!

O único fato de que ela poderia reclamar seria da tal corruptela de seu sobrenome para Vierschoschoten… Ai, que grave! Se eu fosse condenado por dano moral em razão disso, o humor parodístico teria que ser varrido da face da terra. E não há jurisprudência para “comportamento politicamente incorreto e punível por causar dano moral” com bases tão frágeis. Ainda mais em se tratando de meio restrito, e pior: em se tratando de pessoa sem notoriedade, por mais que ela se pense como luminar da cultura brasileira. Imagine alguém ser apenado por chamar Suassuna por Suassunga… Só se for por semgracice. “Condene-se o Sr. Milton Ribeiro a sofrer a pena de vislumbrar, todas as manhãs, sorrisos amarelos à sua porta, sucedidos pela emissão vocal da expressão ’suassunga’ em tom de escárnio”… Veja o Lula, por exemplo, tratado por nomes tais como Molusco. É um direito do cara que não gosta dele, chamá-lo de Molusco ou Luwhiskinácio.
Além disto, o título do post é “Nada pessoal, Leticia Wierzchowski “. Analisemos juntos, Leticia (sem acento). Se não entendereres, faço um desenho:
“NADA PESSOAL” é uma expressão utilizada no português coloquial quando desejamos circunscrever nosso discurso a algo objetivo e impessoal, mesmo que sejam referidos fatos ou características pessoais. Soa como um pedido antecipado de desculpas pelo que foi dito ou pelo que se dirá depois. É uma solicitação para que o leitor ou ouvinte se restrinja ao tema principal de nosso texto ou fala, ignorando as referências pessoais. Ora, tal termo é o TÍTULO do artigo e nele o nome de Leticia está escrito corretamente, sem quaisquer brincadeiras! Ou seja, eu aviso claramente, de antemão, que, não obstante a índole pessoal das coisas (literalmente) que serão citadas, o leitor deve restringir-se ao âmbito objetivo e impessoal da crítica a um livro e crônica, pois não tem “nada pessoal” contra a escritora, a não ser uma má opinião sobre sua produção literária, fato inteiramente objetivo e comprovável em seu texto. Não se trata de algo gratuito e muito menos de uma “agressão”, trata-se de uma crítica bem fundamentada e devidamente exemplificada.
Peço licença para reproduzir meu terrível post, um textinho bem simples de fim de noite. Nele está incluída a crônica adolescente que a quase quarentona Leticia corajosamente publicou em Zero Hora:

Nada pessoal, Leticia Wierzchowski

Como o sobrenome dela é Wierzchowski, acho mais fácil chamá-la de Vierschoschoten, muito mais legal. Leticia (sem acento) tem uma mania engraçada, a de fazer de conta que sabe alguma coisa de espanhol. Em A Casa das Sete Mulheres, Vierschoschoten pôs na boca do uruguaio Steban o seguinte:
– No tiengo cova, no tiengo nadie.
Bem, se Steban diz “tiengo” não deve ser nada uruguaio. Depois, quando entram os italianos, a coisa se torna amalucada: Hay una floresta dentro dos vossos olhos, Manuela. E io sono perdido in questa floresta. Hum… Que coisa horrível, mas deixa assim. E olha que ainda há os “decierto” em lugar dos “por cierto” e há cavalos “alazães negros”, como se alazão fosse uma raça…
Mas ela voltou à carga na semana passada em Zero Hora. Publicou uma crônica onde diz toda pimpona que leu — e adorou! — um livro de Orhan Pamuk. Até aí não vejo problemas, Pamuk é excelente escritor. Mas quando soube que ela lera em espanhol, logo arregalei meus olhos à procura de diversão. E ela logo vem. Sabem qual é o nome do livro? Ora, é A MALETA DE MI PADRE. E ela repete a seguir: A Maleta de Mi Padre. Leticia (sem acento)
Vierschoschoten leu o livro em espanhol e não se deu conta de que o título deveria ser La maleta de mi padre, tal como se vê aqui?

Agora, se você quiser esquecer o espanhol para manter contato com as poderosas palavras de Leticia Vierschoschoten acerca de La maleta de mi padre — que deve ser um bom livro –, leia a seguir.
Do poder da Literatura,
por LETICIA WIERZCHOWSKI

Ganhei de presente um pequeno livro de Orhan Pamuk, autor turco que recebeu o Nobel de Literatura em 2006. Um pequeno grande presente, esse livro. Suas frases ficaram martelando na minha cabeça. De férias, faço largas caminhadas na praia e penso na vida, nos filhos, nos romances. E penso muito nas confissões de Orhan Pamuk. Esse tesouro publicado pela Randon House Mondadori me foi dado em espanhol, e tampouco sei se foi editado no Brasil. Não é um livro de ficção, mas uma compilação de três discursos. O primeiro deles, que dá nome ao livro, A Maleta de Mi Padre, foi proferido por Pamuk por ocasião do Nobel e conta dos caminhos que escolheu até chegar à literatura e da importância que teve seu pai, um amante dos livros e da liberdade num país onde a religião sempre significou intolerância. Enfim, A Maleta de Mi Padre me fez pensar no meu próprio pai e nas coisas que também ele, um homem de espírito livre e provocador, me ensinou ao longo dos anos, quando eu mesma queria viver dos livros, e para tantos isso parecia quase um chiste, senão uma promessa de penúria e tristeza. O segundo texto, El Autor Implícito, Pamuk proferiu ao ganhar o prêmio Puterbaugh, outorgado pela revista americana World Literature. E o terceiro texto, que me fez escrever essas linhas, Kars en Frankfurt, foi lido por Pamuk ao receber o Prêmio da Paz da União de Livreiros Alemães em 2005. Muitos turcos vivem na Alemanha sob duras condições, e a Turquia, um país muçulmano, mas com grande parcela de população ocidentalizada e até mesmo laica, como o próprio Pamuk, sofre um terrível preconceito na Europa. Assim, nas linhas onde Orhan Pamuk agradece a honraria, ele também fala do poder impressionante que a literatura tem. Pamuk escreveu em Neve a história de um poeta turco, Kars, que passara anos na Alemanha e depois torna à sua terra natal. Nas palavras do próprio: “os leitores, como o próprio autor, usam a sua imaginação, tentam colocar-se no lugar do outro. Esses são os momentos em que se agitam nos nossos corações a tolerância, a modéstia, a ternura, a compaixão e o amor: a boa literatura não apela ao nosso poder de julgar, e sim à nossa capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros”.
Uma bela verdade a respeito dos livros, vinda de um autor cujo povo conhece a intolerância religiosa e política. Num mundo onde, cada vez mais, o horror e a guerra grassam entre vizinhos e iguais – afinal fazemos todos parte de uma mesma espécie, de um mesmo sonho, de um mesmo planeta – talvez sejam eles, os livros e seus personagens, os únicos que ainda nos poderão salvar.
Eu amei!




Dã.
Para finalizar a primeira parte, vejam como Leticia (sem acento) encara a crítica:
Entrevistador:
– Como está a relação com a crítica?
Sumidade:
– O começo foi maravilhoso e assustador. Ter uma obra adaptada pela Globo causou um vendaval. Era admirada pelos leitores, mas agredida pela crítica. Aprendi a lidar com isso (ela não é uma graça?). Hoje já não faço tanto sucesso, então me criticam menos. (*)
Entrevista publicada na revista especializada Isto é Gente (exatamente na edição cuja capa coloco ao lado).

Comento:
Têm horas que certas 'celebridades' deveriam ficar caladas no seu cantinho. Se o Post em discussão é mesmo o que o Milton colocou no seu Blog e aqui repetido, não vi e nem vislumbrei nenhum tipo de ofensa à honra e dignidade. Existe ironia, um pouco de acidez pelo fato de Letícia não dominar o espanhol. Mas isso é café pequeno. Escrever 'A maleta de mi padre' ao invés de 'La maleta de mi padre' pode ser até erro de digitação. O “l” não pegou, ela estava nervosa, atordoada, sei lá. Só espero que ela não me processe por esse comentário. Eu sou da paz e também não domino bem a língua de Cervantes

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