Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Confissões de Um Burguês - Sándor Márai


Pesquei do Blog da Bípede algumas frases de um grande escritor: o húngaro Sándor Márai.
Essas frases foram tiradas do livro "Confissões de um Burguês".
Definitivamente, Márai é dez.

" ...Na vida não acontecem "grandes coisas". Quando mais tarde olhamos para trás e buscamos o momento em que nos aconteceu alguma coisa decisiva, irremediável - a "aventura" ou o "desastre" que deu forma à nossa vida ulterior -, na maioria das vezes encontramos apenas pistas discretas, ou nem isso. Na verdade, não há outra aventura a não ser a família; não há outra "tragédia" a não ser o instante em que alguém tem de decidir se vai ficar na família e nas variantes de seu círculo amplo de influência, na "classe", na visão de mundo, na raça, ou se seguirá em caminho próprio, sabedor que ficou sozinho para sempre, é livre, embora presa de todos, e apenas ele pode se ajudar..."

" ... O sentimento "social" das crianças é perverso e pouco desenvolvido. Toda criança é gananciosa e defende abertamente a propriedade privada..."

" ... Na família, as atrações dependem de ciúmes, de ambições, de interesses, a condição sofrida-cerimoniosa, a atmosfera doentia, a temperatura falsa e febril do amor não oferece a paz serena, o idílio comovente do desinteresse,da boa vontade, da ausência de propósitos, próprio da primeira amizade entre dois meninos..."

"... Compreendi que a família já não me protegia, e que daquele dia em diante teria de viver em "sociedade"; a "sociedade" era a solidão singular, indisciplinada, disposta a todo o bem e a todo o mal, controlada, infiltrada, pautada, punida, domada por um desígnio grande e poderoso na vigília e no sono, em todas as horas do dia e da noite..."

"... Eu vivia numa solidão ferida, perplexa, a família, o abrigo acolhedor, de algum modo cedera sob meus pés, e não consegui mais reencontrá-la..."

"... E, como na infância, eu me sentava de mãos lavadas, disciplinado, à mesa familiar, e nem o olhar consolador da minha mãe via em mim que eu era entre eles apenas um convidado, que voltava para a família do outro mundo, de alguma agremiação estranha. Procuro manter em equilíbrio essa duplicidade frágil da minha existência; assim é a vida..."

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