Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Horror Ideológico




Certa esquerda ainda acredita que a ideologia está no centro de tudo. Eu discordo deste pensamento que considero religioso. Vejam a foto acima que tirei hoje de um jornal venezuelano. O fato aconteceu ontem, chavistas picham com suástica a sede do governo de Miranda, apenas porque o governante faz oposição a Hugo Chávez. A Venezuela vive clima de febre ideológica. O Irã vive clima de febre religiosa. Existe uma esquerda no Brasil que deseja ardentemente que o Brasil se transforme numa espécie de Venezuela. Que o povo unido saia para as ruas para protetar e pichar os muros e as sedes dos governos reacionários, da grande mídia, dos poderosos donos do capital. É isso o que interessa. O resto pouco importa.

Eu tenho sangue esquerdista. Eu acredito na força da dialética. Nada é estático e nada dura para sempre. Contudo, a história não está determinada, como pensam alguns. Não se sabe o que vai acontecer no futuro. O tempo dirá. Esse ente abstrato e complexo chamado mercado é, na verdade, fato social e, portanto, ele tem de ser controlado e fiscalizado por um estado democrático de direito.A recente crise econômica demonstrou exatamente que o estado moderno não estava fiscalizando e regulamentando como deveria esse fato social chamado mercado. Essa é a grande lição da crise.

O centro de qualquer discussão política que não seja medíocre é o Estado — que não pode e nem deve fenecer, como acredita o reaça do Meszarós e nem deve ser mínimo, como entendem os liberais caducos. Qual é o papel do Estado numa sociedade moderna? O principal papel é fomentar a inclusão social dos excluídos prestando um razoável serviço público na educação, na saúde e na segurança. Por isso o Estado não tem que ser gestor de companhia telefónica, companhia de aviação, companhia de energia elétrica e nem mesmo de buteco da esquina. O Estado tem que focar suas atividades na fiscalização e na regulamentação dos serviços públicos e privados.O Estado tem que funcionar, tem que ser eficiente, tem que ser rápido e, sobretudo funcionar bem para a população de baixa renda que não tem acesso aos serviços privados. Este é o papel do Estado moderno. E, portanto, não existe nada de ideológico nessa discussão, porque a questão é convergente. A grande discussão política hoje é administrativa e não ideológica. Como diz o filósofo Luc Ferry, existem dois grandes equívocos na humanidade: a religião e a ideologia. E os Europeus é que estão certos, porque estão sabendo ir além nessa discussão. E nós, aqui, na América Latina, engatinhamos.

3 comentários:

Charlie disse...

Sou um liberal caduco, hehe. No que diz respeito a relacao entre Estado e mercado, acredito que o primeiro fiscalize e impeça a formacao de anomalias (controles de mercado como oligopolios e monopolios) no segundo. Mas o crontrole e intervencao deve ser minimo. Discordo tambem da grande maioria que opina ter sido a falta de controle (ou excesso de liberalismo, em outras palavras) a responsavel pela crise. Pelo contrario: nunca houve excesso de liberalismo economico e a crise foi deflagrada por intervencoes do executivo em assuntos economicos (e o mais notorio foi a crise imobiliaria americana: "todo o americano tem direito a sua casa propria - podendo ou nao pagar!").

Mas enfim, a grande questao da atualidade nao eh realmente ideologica. O ranco ideologico esta restrito a paises subdesenvolvidos e uma pequena (mas barulhenta) minoria em paises de primeira linha.

ZEPOVO disse...

beleza, foi direto ao ponto. Os radicais ideológicos de qualquer lado ferram com tudo, simples assim.
O Estado deve garantir a justiça e fiscalizar as instituições, mas de maneira muito ampla e eficiente, simples assim...
Mas não posso deixar de acusar que o radicalismo socialista é bem mais visível que o radicalismo capitalista, muito mais cruel e perigoso que o primeiro.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Qualquer radicalismo é complicado. No fundo, no fundo, todos concordamos, deve o Estado regulamentar, ter o controle e fiscalização dos mercados. Mas esse controle também não pode ser absoluto, ostensivo etc...Tudo é questão de medida.