Muito boa a matéria do El Pais sobre o pedido de Raúl Castro para os cubanos trabalharem mais. O que é irritante no socialismo real é que eles nunca reconhecem o erro. Eles simplesmente não querem admitir que seus dogmas estão errados. Cuba está nesta crise porque ali não tem propriedade privada. Ninguém é dono de nada. As pessoas não se sentem segura para investir em algo que não é seu. A ingerência do Estado sobre a atividade econômica é total. Essa atividade é monopólio do Estado. E depois perguntam: por que motivos a economia vai mal???
Ningúém está defendendo que Cuba ingresse de vez no mundo do direito de propriedade acima de todos os outros. Mas o lado oposto, do monopólio da propriedade pública, é completamente absurdo. Além disso, gera ineficiência e é socialmente danoso. O que falta em Cuba é exatamente o que não tem na cabeça de uma certa esquerda aqui do Continente de São Pedro: o bom senso para admitir que tudo pode ser mitigado, relativizado, conversado, ponderado, inclusive a fé ideológica.
Pelo menos o Raul reconheceu que a culpa do atraso cubano não é exclusiva dos "imperialistas americanos", tendo em vista a desculpa esfarrapada do bloqueio, a culpa também é de Cuba. E do regime, né Raul !
Raúl Castro pede que cubanos trabalhem mais para contornar a crise
O feijão em Cuba é um assunto de "segurança nacional". É a primeira prioridade, acima das diretrizes políticas. Foi o que disse mais claramente que nunca Raúl Castro, ao comemorar o 56º aniversário do assalto ao quartel Moncada, a data mais importante do calendário revolucionário cubano. "Não é questão de gritar 'Pátria ou morte!', 'Abaixo o imperialismo!'... E a terra aí, esperando por nosso suor." O presidente cubano rugiu: o país não pode continuar gastando "centenas de milhares e milhões de dólares" para importar alimentos que podem ser produzidos na ilha.
Cuba é um país agrícola, mas importa 80% dos alimentos que consome. Em 2007, a metade das terras nas mãos do Estado estava sem cultivar, e Raúl Castro deu ordem de acabar com esse despropósito e distribuí-las em usufruto entre agricultores e cooperativistas.
O feijão em Cuba é um assunto de "segurança nacional". É a primeira prioridade, acima das diretrizes políticas. Foi o que disse mais claramente que nunca Raúl Castro, ao comemorar o 56º aniversário do assalto ao quartel Moncada, a data mais importante do calendário revolucionário cubano. "Não é questão de gritar 'Pátria ou morte!', 'Abaixo o imperialismo!'... E a terra aí, esperando por nosso suor." O presidente cubano rugiu: o país não pode continuar gastando "centenas de milhares e milhões de dólares" para importar alimentos que podem ser produzidos na ilha.
Cuba é um país agrícola, mas importa 80% dos alimentos que consome. Em 2007, a metade das terras nas mãos do Estado estava sem cultivar, e Raúl Castro deu ordem de acabar com esse despropósito e distribuí-las em usufruto entre agricultores e cooperativistas.
No domingo o mandatário deu os últimos números: foram entregues 690 mil hectares, aproximadamente 39% da "área ociosa", e dessa terra só um terço está semeado. "Não podemos nos sentir tranquilos enquanto existir um só hectare de terra sem emprego útil", disse ele.Foi a tônica geral de todo o discurso, pronunciado em Holguín, a mesma cidade onde há exatamente três anos Fidel Castro apareceu pela última vez em público em outro ato por motivo do 26 de julho.
Neste, Raúl não deu boas notícias; tentou ser realista. "Aqui não resta nada, só problemas", chegou a dizer em um momento de seu discurso de meia hora, muito longe dos discursos maratonianos de seu irmão.
Ninguém esperava que Raúl Castro retomasse a mensagem das reformas daquele famoso 26 de julho de 2007, quando anunciou "mudanças estruturais e de conceito" para reativar a economia. Não o fez.
Há tempo que em Cuba não se fala em mudanças, mas nos efeitos da crise internacional na frágil economia cubana e nas "restrições ao consumo" que inevitavelmente haverão de chegar. Algumas já chegaram, como as restrições ao consumo elétrico, no transporte público ou na distribuição de alguns produtos da cartilha de racionamento.O presidente cubano voltou àquele discurso de 2007, sim, mas para recuperar suas palavras sobre "a necessidade imperiosa" de pôr a terra para produzir. "É uma tarefa de primeira prioridade estratégica", enfatizou. E acrescentou: "A terra está aí; aqui estão os cubanos, veremos se trabalhamos ou não, se produzimos ou não, se cumprimos nossa palavra ou não". A esta altura está claro que o propósito de Raúl Castro não é introduzir grandes mudanças que transformem o modelo econômico, mas sim tornar mais eficiente o modelo socialista que existe. Também ficaram claras as limitações para alcançar esse objetivo.
Castro não pronunciou um discurso político nem mencionou o "bloqueio" dos EUA como causa dos males da ilha. Concentrou-se na economia. Mencionou os ciclones que arrasaram o país no ano passado e que deixaram prejuízos de cerca de US$ 10 bilhões, aproximadamente 20% do PIB. A ilha, ele disse, ainda não se recuperou do golpe; só no referente às casas com destruição total ou parcial, ainda não se resolveu o problema de mais de 300 mil residências.O presidente cubano deixou para os próximos dias as más notícias econômicas e os possíveis anúncios de maiores restrições. Na terça-feira, disse, se reunirá o Conselho de Ministros para discutir um "segundo ajuste dos gastos previstos" para 2009, devido "aos efeitos da crise econômica mundial". A previsão de crescimento econômico para este ano já foi rebaixada oficialmente de 6% para 2,5%, mas economistas independentes consideram que inclusive a cifra poderá ser negativa.
No calendário político cubano também está, em 29 de julho, a realização de um plenário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba (PCC), no qual poderá ser decidida a data concreta do 6º Congresso do PCC. O congresso está com sete anos de atraso, e dele deverão sair as diretrizes econômicas e políticas para o futuro, e se há ou não na ilha um processo real de abertura. Também deverá decidir em que papel fica Fidel Castro, que hoje continua sendo o primeiro-secretário do PCC.
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