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segunda-feira, 20 de julho de 2009

Recontando a História


Robespierre, o comandante da época do 'terror' da Revolução Francesa: bonzinho ou malvado?

Órfãos de majestade

Historiadora Mona Ozouf defende que a Revolução Francesa não foi a luta do povo "bom" contra o rei "mau"

Nas últimas décadas, as interpretações da Revolução Francesa [1789] se dividiram em duas vertentes. À esquerda, [o historiador francês] Michel Vovelle promoveu o estudo de lutas populares, fazendo também bom uso da história das mentalidades cunhada por [Lucien] Febvre e [Marc] Bloch.Em 1989, Vovelle foi convidado por Mitterrand [presidente da França de 1981 a 1995] a dirigir as comemorações acadêmicas do bicentenário da Revolução, o que fez com um congresso mundial e pluralista. Já François Furet (1927-97), ex-comunista, comandou uma revisão da historiografia revolucionária, denunciando Robespierre e o terror. Sua equipe, da qual fez parte Mona Ozouf, autora de um belo "Varennes - A Morte da Realeza", que acaba de sair em português, soube estudar a fundo as ideias em jogo na época revolucionária. Digamos que, para ele, a revolução tinha acabado; para Vovelle, ela continuava.
Furet deve muito a Tocqueville -que em 1856 publicou "O Antigo Regime e a Revolução", ora reeditado em português. O grande problema que Tocqueville vê no processo revolucionário (que ele não aplaude nem condena) é que a monarquia absoluta não dera lugar para os cidadãos treinarem o manejo da coisa pública.
Já na Inglaterra, júris e parlamentos treinaram os cidadãos para decidir em matéria política e judiciária, isso desde os séculos 12 e 13.

Teoria ou prática
Sem poderem praticar a política, os franceses a teorizaram. A França tem em 1789 grandes teorias sobre o poder (é o século dos "philosophes"), mas pouco conhecimento prático. Para os ingleses, é o contrário.Tocqueville prefere, na política, a prática. Como a teoria francesa quer fundar a sociedade desde o zero (veja-se "O Contrato Social" de Rousseau), a revolução tenta varrer o passado. Daí, o risco do terror. Para ele, a revolução completa um trabalho de centralização administrativa iniciado pelo Antigo Regime; teria sido preciso tanto sangue e guerra para chegar a um resultado que o governo anterior produziria?
Fernando Novais [historiador], certa vez, criticou Furet e seus mentores: disse que, contra Robespierre, eles retomavam a posição dos "monarchiens", monarquistas constitucionais que ficaram sem lugar naqueles inícios dos anos 1790 em que nem a corte, querendo restaurar o absolutismo, nem os revolucionários, querendo os direitos humanos, aceitavam um compromisso -uma França que seria inglesa, como? Se não tinha 600 anos de participação nos assuntos públicos...

Revolução e cinema
Mas o melhor, aqui, é passar para o cinema. Ariane Mnouchkine [diretora francesa] filmou em 1974 uma bela peça: "1789". Ela começa em 1791, quando Luís 16 e Maria Antonieta tentam fugir para o estrangeiro, mas são reconhecidos na cidadezinha de Varennes e forçados a voltar a Paris.No palco vemos todas as mesuras típicas de cortesãos. Mas, de repente, soa um grito: "Não é assim que vamos contar essa história!". E há um segundo começo: uma camponesa vai dar à luz quando um nobre, vindo da caça, lava as botas na bacia de água quente que estava reservada para o parto. "1789" é uma peça do povo, que revive a revolução, tanto que termina com o público dançando ao som da "Ode à Alegria" de Beethoven.
Ettore Scola [cineasta italiano] rodou, em 1982, "Casanova e a Revolução", obra de ficção em que o aventureiro veneziano [Giacomo Casanova, interpretado pelo ator Marcello Mastroianni] acaba, sem querer, no meio da fuga para Varennes. Parece uma resposta a Mnouchkine.O momento alto é quando uma condessa (Hanna Schygulla) explica o que o rei pretendia. Ele trajaria suas vestes solenes e, mostrando-se ao povo com elas, sem os (maus) intermediários que eram os deputados à Assembleia, restabeleceria a boa relação entre o pai que tudo sabe e protege seus súditos e estes, que são seus filhos inocentes e ignorantes.Obviamente, isso já era impossível. Foram-se os tempos da realeza paternalista. Esse filme é Furet, é Ozouf -que ainda não escrevera seu "1791" ["Varennes - A Morte da Realeza"], mas que o termina citando a película.

Maus vizinhos
O que nos mostram Scola e Ozouf? Que a revolução não é a luta do bem contra o mal (ok), nem do bom povo contra o mau rei. É o fim de um tempo em que a realeza era paternal e o começo dos tempos em que vivemos a dificuldade de nos tornarmos irmãos, primos ou mesmo vizinhos, porque já não pensamos o poder na dicotomia entre o bom pai e o usurpador mau (Hamlet é o grande exemplo desse confronto, com um pai homônimo assassinado pelo mau tio Cláudio).Mas o que falta a Ozouf, cujo livro é primoroso? Falta-lhe enfatizar que, se a realeza morre, quem a mata é a nobreza. "O rei era bom", dizia [o historiador Jules] Michelet em sua "História da Revolução Francesa", e era exatamente esse o problema: atendia a tudo o que lhe pediam os nobres. E eles, mostra H. Taine nas "Origens da França Contemporânea", haviam deixado de cumprir suas obrigações para com os inferiores.Uma coisa era a nobreza ter prerrogativas, mas também deveres com os pobres. Outra foi ela ficar apenas nos privilégios, desdenhando o povo. O rei era bom, ele poderia aceitar uma monarquia constitucional (e Furet estaria feliz), que evoluiria à inglesa num século 19 pacífico. Mas a aristocracia era a má intermediária -ela, não os revolucionários condenados pela condessa no filme.Quem matou a monarquia não foi a multidão que em 1792 invadiu as Tulherias [em Paris] em resposta à invasão da França pelas monarquias coligadas.Foi a própria coalizão reacionária, somada a uma aristocracia idem. Em Varennes, as coisas parecem indefinidas. Quando o rei -preso, não há como esquecê-lo- é trazido a Paris, um cartaz difundido no caminho diz tudo: "Qualquer pessoa que aplaudir o rei será açoitada, quem o insultar será enforcado". Ele continua um personagem sagrado, e por isso a pena para o insulto é maior do que para o aplauso. Mas, se os óleos da coroação ainda ungem o seu corpo, o poder já lhe escapa.

Artigo de RENATO JANINE RIBEIRO é professor de ética e filosofia política na USP e autor de "O Afeto Autoritário" (ed. Ateliê), entre outros livros.

Livros sobre a Revolução francesa:
VARENNES - A MORTE DA REALEZA
Autora: Mona Ozouf Tradução: Rosa Freire d'AguiarEditora: Companhia das Letras (tel. 0/ xx/11/3707-3500)Quanto: R$ 53 (360 págs.)

O ANTIGO REGIME E A REVOLUÇÃOAutor: Alexis de Tocqueville Tradução: Rosemary C. Abílio Editora: WMF Martins Fontes (tel. 0/ xx/11/3241-3677)Quanto: R$ 44,50 (338 págs.)

2 comentários:

charlie disse...

1793 não precisaria ter acontecido para a revolução lograr êxito. A monarquia havia sido deposta e uma volta era improvável. O Terror e, depois, o Grande Terror são injustificáveis.

Anônimo disse...

Gripe suína - Jornalista austríaca acusa OMS de genocídio

Jane Bürgermeister, jornalista austríaca, recentemente apresentou acusações criminais junto ao FBI contra a Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização das Nações Unidas (ONU), e vários altos funcionários governamentais e empresariais relativos bioterrorismo.

Jane criou um dossie, entregue ao FBI, que mostra as evidencias de que o virus da gripe suína foi criado em laboratório e usado para exterminar parte da populacao e forcar lei marcial.
"Evidencias de que um sindicato internacional de criminosos corporativos, que se anexaram com altos oficiais do governo dentro dos Estados Unidos, estao levando adiante um genocídio em massa contra as pessoas dos Estados Unidos usando um vírus pandemico artificialmente (geneticamente) modificado, e um programa de vacinacao para causar morte em massa, ferimentos e despovoar os EUA de forma a trasferir o controle dos EUA para a OMS, a ONU e suas forcas afiliadas de seguranca (Tropas da UN e OTAN)"


Uma das acusacoes é contra a Baxter, que enviou 12 kilos de vírus da Austria para vários países, como se fosse vacina. Jane cita também vários atos do governo e leis da ONU que dao poder ao governo, FEMA e a ONU para forcar vacinacao em massa, lei marcial e aprisionamento.

Jane foi despedida do seu emprego de correspondente européia para o site de energia renovável.
Fontes:

Dossie (em ingles)
Bidflu666 - Blog de Jane
Infowars - Jornalista é despedida

http://mathaba.net/news/?x=621102
http://www.youtube.com/watch?v=wHxHmHa9qvs
http://www.torontosun.com/news/canada/2009/02/27/8560781.html
http://www.examiner.com/x-6495-US-Intelligence-Examiner~y2009m7d10-CBS-60-Minutes-300-death-claims-from-1976-swine-flu-vaccine-only-one-death-from-flu

FONTE TRADUÇÃO
Uma Nova Ordem Mundial