Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Cariocas Não Gostam de Sinal Vermelho




Meu amigo Senna Madureira, frequentador da barraca do Paraíba, ali no Leme,  que conheci faz mais de 10 anos, na época em que os "Dantons unidos jamais serão vencidos" e hoje tem um estúdio perto da Rue de Rivoli,  quer que este depósito fique atento aos acontecimentos do Fórum Social Mundial, esse espetáculo capenga que certa esquerda montou para dizer que um outro mundo é possível.

Pois, prezado Senna, atento eu ficarei. Mas juro que perdi o saco. Não quero ficar reaça quando velho. Posso até concordar com Sándor Márai, o grande escritor húngaro que sempre foi um crítico de um tal de socialismo, que disse, porque admitiu,  que o motor de tudo é a luta de classes. Mas esses cabras não perceberam que, sendo a luta de classes o motor da sociedade, existem várias opções e hipóteses para construir um mundo melhor e possível, inclusive lutar pela inclusão social.  Por isso insisto na pergunta, companheiro Senna, a quem interessa a pobreza? Ao  Reinaldo Azevedo? Ao Emir Sader? Ao Olavo de Carvalho? Ao Frei Beto?

Se existe luta de classes, vamos combatê-la, mas existem formas e formas de fazer isso: a mais adequada, a mais razoável, a mais sensata é, repito mil vezes, lutar pela inclusão social no mundo de solidariedade. E não existe povo mais solidário, espontâneo  e legal no Brasil do que os cariocas.

6 comentários:

PoPa disse...

Calma, Maia. A luta de classes não existe - ainda - e não pode ser referencial para fazer o que os neocomunistas querem: todo mundo pobre, já que não podem ser todos ricos.

Não existe luta de classes no Brasil. Existe desigualdades fortes, injustas, que precisam ser combatidas mas sem que se cria a violência explícita em uma "luta". E é o que querem alguns neocomunistas, na falta de talento para fazer melhor. Afinal, são sete anos de governo que não levaram a nada neste ponto.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Eu talvez carregue comigo ainda, Popa, um ranço marxista. E estou lendo agora um livro escrito por um marxista sobre a antiga Roma. Eu não acredito que uma sociedade possa evoluir socialmente ( e economicamente) alimentando antagonismos sociais, como muitos dos que participam do FSM defendem. Se a sociedade é movida pelo motor da luta de classes é de interesse de todos que essa luta acabe, termine e se resolva essas questões da maneira mais equilibrada, ponderada e razoável possível, sem radicalismos. A europa conseguiu se desenvolver socialmente nas últimas décadas porque aprendeu uma certa linguagem de desenvolvimento que nunca foi radical. Existem caminhos razoáveis e menos dolorosos para se resolver os conflitos e os antagonismos sociais. É só segui-los.

Terráqueo disse...

Prezado PoPa,

A luta de classes no Brasil, e em especial no Rio, é enorme e não é apenas força de expressão. Hoje pela manhã eu ouvia um amigo que chegou do Rio contar que com a ocupação das favelas pela polícia (ocupação essa a base de tiroteiose muita luta) os ex-traficantes estão tendo que assaltar direto os ricos que moram no Leblon e em Ipanema. Essa é a luta de classes propriamente dita, em que os ricos querem reprimir os pobres que não tem muitas alternativas, e os pobres dão seu troco tomando o dinheiro à força. E o que você me diz então das negociações dos acordos coletivos, que muitas vezem terminam em greves legais ou ilegais?

Abraço,

Terráqueo

PoPa disse...

EPA, Terráqueo! Pobre não toma dinheiro de rico porque é pobre! Na verdade, os traficantes dos morros cariocas podem ser muitas coisas, mas não são pobres. Fazem parte de uma elite "transversal", com grana, poder de fogo e tudo mais. Já negociações de acordos coletivos não podem ser taxadas de "luta de classe", pois acabam sendo no interesse de todos os envolvidos, empresários e trabalhadores, que buscam o equilíbrio. Não se vê empregados depredando as empresas onde trabalham e não se vê empresários querendo que seus empregados morram de fome. Se pensares bem, qualquer metalúrgico do ABC prefere ser empregado da Ford, da GM ou qualquer uma das grandes, que ser empregado do Zé Torneiro, um cara da "classe" dele...

Estas coisas são interessantes, pois há a devida fomentação da "luta social" por parte dos sindicatos, nem sempre no interesse dos trabalhadores. Aliás, por aqui, brigadianos e professores da base mais rasteira da pirâmide salarial foram impedidos pelos sindicatos de receber um aumentozinho...

ET: sou sindicalizado e meu sindicato é filiado à CUT. O que isso quer dizer? Absolutamente nada...

senna madureira disse...

Maia, mon cher ami


A história do homem é a história da luta de classes.

Por favor não despreze o seu "ranço marxista", pois saber de Karl Marx sempre será salutar, não importando o nível que vamos galgando na vida.

Foi Karl Marx que nos ensinou que a evolução histórica apenas ocorre quando o antagonismo se torna irreconciliável entre as classes sociais de cada Sociedade.

Você deve lembrar de nossas intensas discussões com os "carapebeus" sobre a "mais valia", onde eles falsificavam o sentido do legado de Marx, ao planfletar que "os trabalhadores são economicamente explorados e os patrões obtém o lucro através da mais-valia".

Não era isso que Marx queria ensinar-nos.

Karl Marx sempre defendeu que existem caminhos razoáveis e menos dolorosos para se resolver os conflitos e os antagonismos sociais.

Para finalizar, agradeço o destaque no Blog.

Procuro ficar longe da Rivoli e vizinhança, porque aquilo lá é reduto de turistas de todo o mundo.

Um inferno, acredite.

Como agora sou "local", prefiro ficar mesmo no meu 14º arrondissement...

Mudando de assunto; não estou conseguindo acessar o "Falaí.com" do Pablo.

O que deve estar havendo com o site do nosso amigo ?

Adalberto Ferreira disse...

Nunca vi nenhum reaça gostar do FSM e muito menos da luta de classes. Tudo certo.