A história de amor - e decepção - do avatar com uma na´vi
Os Malvados Somos Nós
Nem todo ser humano é mau. Parker é um homem bom, talvez pela condição de tetraplégico, a trágica experiência de vida que gera a necessária sensibilidade. Antes de tudo acontecer ele ainda mantém os traços da nossa herança maldita: não se importa com os danos ao meio ambiente, faz da vida um egoísmo, utiliza a ganancia como forma de conduta e, por isso na sociedade dos humanos, o que efetivamente importa é o balanço final que agrada o acionista da grande corporação. Na distante Pandora, uma das luas de Polifemo, é possível encontrar, no subterrâneo, um metal precioso e muito valioso, um tipo de diamante negro energético. Pandora não é caixa, mas uma lua floresta, repleta de exuberantes cachoeiras, montanhas flutuantes, incríveis vegetais coloridos, animais voadores ou não que são fascinantes. Em Pandora existe vida racional, eles se chamam na'vi, o povo da floresta, os índios alienígenas, o "bon sauvage". Os na'vi são bons, porque extremamente sensíveis, suas sinopses estão interligadas com a fauna e a flora. Pandora é uma grande rede, uma internet de sensibilidade e por isso a derrubada de uma árvore ou a morte de um cão gosmento é motivo de grande tragédia. O conectado povo da floresta alienígena vive com respeito, eles choram e fazem a gente chorar, porque são solidários e queridos. Até que a horda de mercenários terráqueos -- e seus helicópteros sujos, barulhentos e danados -- desembarca no "planeta estrangeiro" em busca da pedra valiosa. O homem precisa dominar Pandora, assim como os europeus conquistaram a América, a busca do ouro no El Dorado. Para o ser humano não existe bola perdida, todo o desafio deve ser superado, custe o que custar e que se dane os danos, é preciso usar a inteligência humana para criar uma estratégia de dominação. Por isso cientistas criam o avatar, uma mutação genética, um transgênico. O cérebro é humano e o corpo é alienígena. Quem disse que o avatar dorme? De noite ele é humano - de dia ele é na'vi. Parker, por acaso, se torna um avatar e o curto circuíto é inevitável . Quanto mais o avatar convive com os na´vi mais ele se torna sensível e apaixonado, algo que parece inadmissível para a natureza humana, porque somos, na verdade, desumanos. Enfim, ocorre o óbvio, o avatar, criado pelo homem, inventa e reproduz a revolta. A rebelião ocorre. E a guerra -- e seus efeitos especiais -- é declarada. Quem ganha, quem perde? Só se sabe que muitos morrem e parte da floresta é destruída. E o futuro está próximo. E ele não será o que foi antigamente.Algo parece nos atormentar: os malvados somos nós.
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