Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mudar os Hábitos de Consumo




Mudar os hábitos de consumo. Esse talvez seja o ponto nodal da nossa existência. Dizem os ambientalistas -- por que não acreditar neles? - que se o mundo inteiro consumir como consome o mercado americano o mundo atual vai durar poucas gerações.

Existe alguma contestação razoável em relação a essa tese?  Dizem que os ambientalistas exageram, que são anticapitalistas etc.  Parece ser consenso mundial - apesar de algumas teses em sentido contrário -- de que efetivamente o clima está esquentando. Os pinguins da Antártica estão com os dias contados. O gelo vai derreter e viveremos o caos.

Temos de fazer algo. Países se reunuem na Cop 15 e o acordo não sai, por causa da grana. E o argumento daqueles que são os responsáveis pela conta, é de que os ambientalistas exageram. Exagerados ou não, uma coisa a humanidade -- a começar pelos nossos filhos, os futuros ditadores do consumo -- tem de fazer: mudar os hábitos de consumo. Mas isso parece ser tão impossível.

15 comentários:

Terráqueo disse...

Mudar os hábitos de consumo é algo quase impossível. Depois de estar acostumado com água morna e fartura fica difícil viver com menos. Gostaria imensamente de por um mês ser econômico, viver dentro de um orçamento mínimo sem jamais utilizar o cartão de crédito, mas o impulso consumista é mais forte. E você Maia? Conseguiria viver dentro de um orçamento bem modesto por um único mês?

Fábio Mayer disse...

Estava lendo em algum lugar dia desses, que alguns metais ´pesados usados na fabricação de celulares e computadores tem reservas estimadas em menos de uma década. Ou seja, simplesmente vão acabar na natureza.

Eu escrevi sobre isso tempos atrás, sobre essa mania de trocar de celular a cada 6 meses, de carro a cada ano, de usar roupas até o fim do verão e depois abandoná-las por fora de moda, etc... se a raça humana continuar formando consumidores ao invés de cidadãos, seus dias estão contados.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Terráqueo, este vivente aqui já passou 7 meses na europa e gastou 1.500 dólares e foi muito legal. E dê-lhe youth hostel e comida barata.

Fábio, Marx chamava isso de fetiche da mercadoria.

Terráqueo disse...

Parabéns, mas isso deve ter sido na sua juventude, pois verifico no seu blog que você é bem viajado e frequenta bons lugares. Você hoje em dia, conseguiria abrir mão da compra de livros, celulares, computadores modernos, DVDS, academia de ginástica ou clube, etc, e reduzir pela metade seus gastos pessoais em nome do meio ambiente, de um futuro melhor para seus descendentes?

charlie disse...

Cooperação voluntária é a única forma de reverter a situação sem apelar para medidas totalitárias. E cooperação voluntária é melhor expressa através de um mercado livre.

Se a maioria das pessoas adotarem, por iniciativa própria, uma redução individual de consumo, tanto melhor. A questão é que as pessoas NÃO PRETENDEM reduzir seus padrões de vida em função de um "bem maior", e para mudar este fato da vida nos resta apelar para medidas de força, de coerção.

Agora, eu gostaria muito de ver quem se investiria de poder para instalar uma autocracia global para punir aqueles que ousam consumir egoísticamente. Ou como funcionaria tal mecanismo de ditadura global.

Isso tudo considerando que está de fato acontecendo um aquecimento global e que este aquecimento é resultado de nosso consumo. E não existe consenso nem entre cientistas sobre o assunto.

charlie disse...

E não se enganem: uma boa parte dos ambientalistas mais eufóricos não afastariam a idéia de controlar o consumo humano através do uso da força, caso fosse uma alternativa viável. Tudo pelo bem da natureza e, diriam eles, pela humanidade também...

charlie disse...

"se a raça humana continuar formando consumidores ao invés de cidadãos, seus dias estão contados."

Essa é a forma mais comum de expressão entre ambientalistas. Assim como os religiosos de séculos atrás, que ameaçavam a humanidade com o fogo do inferno os ambientalistas nos ameaçam com destruição total.

psss....

Fábio Mayer disse...

Eu tento controlar meu consumismo...

A última vez que troquei de celular foi porque o anterior simplesmente parou de funcionar. E só troquei desde que a loja recebesse os aparelhos antigos para reciclagem.

E mais do que isso, só uso o celular como telefone e para envio e mensagens. Ou seja, comprei o modelo mais simples, sem coisas que eu não usaria.

Mas é certo que é difícil conter o fetiche pelo produto, e se não ocorrer uma mudança cultural relevante na sociedade, não há muito o que fazer...

Fábio Mayer disse...

Charlie

Autocracia para conter consumo já existe: chama-se comunismo.

O problema é que os comunistas descobriram que consumir é prazeroso e isso levou tudo à lasqueira.

Por outro lado, concordo que ambientalistas tem certo argumento catastrofista. Mas é naquela linha de que, por bem ninguém aprende... se fugirem disso, si disserem que está tudo bem mas é aconselhável mudar o jeito de agir, as massas simplesmente não farão nada, é assim desde que o mundo é mundo.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Terráqueo, eu teria hoje uma grande dificuldade em rever meus hábitos de consumo. Fui para a Europa quando tinha 20 e poucos anos com mochila nas costas e, inclusive, pegando carona com o dedão. Comia donner Kebab nos lugares turcos e árabes e dormia em colchonete nas estações de trêm ou nos youth hostels. Viajei praticamente toda a europa, inclusive a parte oriental,antes da queda do muro de Berlim. Mas gostaria sim de reviver essa experiência. Acho que dificilmente conseguiria, mas não custa tentar. Olha como são as coisas, meu filho hoje disse que o Playstation dele quebrou e quer um novo....

charlie disse...

Consideremos também outra questão. Produtos "orgânicos", medidas para reduzir emissão de agentes poluentes, este tipo de coisa custa caro e via de regra reduz a produtividade.

Em um mundo com uma população crescente é importante, por questão de auto-preservação, produzir mais e mais barato. Do contrário, teríamos escassez de oferta e com isso uma elitização de bens de consumo considerados hoje elementares, em função da alta de preços. Em outras palavras: viveríamos um retrocesso.

charlie disse...

..e um playstation quebrado é realmente um problema. Explica pro guri que é importante reduzir o consumo e tenta salvar o caixa do mês. hehe

Carlos Eduardo da Maia disse...

Charles, a geração 2000 é completamente viciada em playstation. Parece que eles não conseguem viver sem aquilo. Eu gostava de jogar botão, mas não era tão viciado assim.

Terráqueo disse...

Imagino que o seu filho não vai ficar muito contente com a explicação de que os materiais utilizados para fazer o Play Sation são altamente poluentes e que estão a destruir o futuro da Terra. Esse é um micro problema que reflete bem a situação macroeconômica.
Se eu tivesse um filho, dificilmente fosse resistir a tentação de lhe agradar. Isso deve ser bem difícil.

charlie disse...

Quando eu era guri, adorava jogar bola, botão, Atari. Não acho que era melhor, era só diferente. O Playstation só reflete uma sociedade mais tecnológica.