Bachelet cumprimenta Piñera e seu reloginho pink
Sebastián Piñera está com a faca e o queijo na mão para ser o contraponto de Hugo Chávez na América Latina. Ontem ele deu entrevista à imprensa internacional e falou do Brasil, conforme matéria da Folha de hoje:
"Quero deixar muito claro que uma coisa é a popularidade e a outra são as necessidades de mudança que pode ter um país", disse. Piñera afirmou conhecer o "projeto de mudança" e dois dos pré-candidatos da oposição brasileira, mas citou apenas o nome do governador José Serra (PSDB-SP).
Piñera se afastou do eixo formado pelos governos esquerdistas de Cuba, Bolívia, Nicarágua e Venezuela. Disse se identificar com as gestões de México, Brasil, Colômbia e Peru, que citou como exemplos de "liberdade de imprensa, alternância de poder e economia social de mercado".
Enquanto isso, nossa esquerda comenta a eleição de Piñera, como se lê do último post do Diário Gauche, a nova derrota chilena. Derrota da onde, cara pálida? o Chile é o país que mais avanços conquistou na área da rede de proteção social no continente. Esses cabras simplesmente não acreditam em nenhuma forma de pacto social, concertação. Eles querem mesmo é que o circo pegue fogo, porque o importante é alimentar o ódio e o antagonismo social.
Concertação foi para o espaço
O resultado da eleição chilena, de domingo, é grave. A chamada Concertação, unidade político-eleitoral entre a esquerda e a direita não-golpista da democracia-cristã, deu no que deu: vinte anos de política econômica neoliberal, a mesma política inaugurada pelo famigerado Augusto Pinochet e seus economistas formados em Chicago. Agora, a maioria da população eleitora achou por bem escolher o magnata Sebastião Piñera ao ex-presidente Frei, um anódino mosca-morta.
O Chile bateu no teto da liberdade possível dentro de um ambiente de democracia liberal. A livre escolha configurada no voto universal é relativa, está informada e estritamente condicionada pela propaganda sistêmica, pela alienação das consciências e pelo verniz reluzente do consumismo. Os dois candidatos chilenos concorreram só na aparência. Uma disputa no âmbito da direita, entre frações de capitais que concorrem para ver quem fica no plano mais confortável do poder de Estado.
Michele Bachelet (na foto, com Piñera) flertou o tempo inteiro com a direita e os fortes redutos do pinochetismo de resistência. Com 80% de popularidade - sabe-se lá como isso é medido! - agora não conseguiu eleger o mosca-morta, filho de um velho oligarca das classes manda-chuvas do país andino.
A Concertação foi para o espaço. A esquerda chilena precisa estudar profundamente a sua política e suas alianças futuras.
Domingo, quando saiu o resultado do pleito, no início da noite, eu lembrei das imagens de La Moneda no dia 11 de setembro de 1973, dia do golpe de Pinochet e da morte do presidente Salvador Allende. Enquanto o palácio de governo era bombardeado pela aviação fascista e Allende vivia seus derradeiros momentos de vida, as ruas de Santiago estavam absolutamente desertas, e a esquerda restava assustada em seus bunkers de esperança e nada mais.
Hay que reflectir, compañeros!
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