Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Contestando Boaventura



Este senhor de óculos e camisa vermelha é o professor Boaventura.

Ideologia, eu quero uma para viver


O sociólogo português Boaventura de Souza Santos me causou boa impressão, há 10 anos, na realização do 1º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre,  quando disse mais ou menos isso: não interessa hoje a discussão entre explorados e exploradores, pois é ultrapassada, o que efetivamente importa é a inclusão social dos excluídos. Bati palma para esse pronunciamento.

Mas o cabra parece que retrocedeu. Ficou idiota em 10 anos.  Em artigo publicado na Folha de hoje ele exalta exatamente o caráter essencialmente esquerdista, com todos os seus ranços, do Fórum Social Mundial. Fala, inclusive, em realizar uma nova internacional socialista, sonho de Hugo Chávez -- que adora reduzir as livres opções.



Diz o professor Boaventura, copio apenas trechos de seu artigo:
O impacto do movimento do FSM foi muito superior ao que se imagina.

Será mesmo, professor?
Acho que o FSM retrocedeu, não se fala nele como se falava no ano 2000, como uma nova novidade, um necessário contraponto. Tudo isso foi para o espaço, porque o FSM nunca teve um caráter propositivo, convergente, sempre foi refém do pensamento radical esquerdista.

Continua Boaventura exaltando agora a  ascensão ao poder dos presidentes progressistas da América Latina não se pode entender sem o fermento de consciência continental por parte dos movimentos sociais gerado no FSM ou potenciado por ele.

Meu deus do céu. Vimos essa semana um desses presidentes progressistas fechar tv a cabo porque elas não transmitiram seu discurso populista.

A luta travada com êxito contra a Alca e os tratados de livre-comércio foi gerada no FSM.

A Alca era apenas uma formatação de um livre comércio das américas que nunca saiu so papel exatamente porque nunca se debateu com maior profundidade, além do ranço ideológico e do preconceito em relação aos EUA.

Acima de tudo, o FSM deu credibilidade à ideia de que a democracia pode ser apropriada pelas classes populares e que os seus movimentos e organizações são tão legítimos quanto os partidos na luta pelo aprofundamento da democracia.

Discordo com D maiúsculo. Ninguém tem de se apropriar da democracia e dos valores democráticos. Os movimentos sociais não tem mais legitimidade do que partidos políticos, porque eles não representam a coletividade como um todo. O MST, por exemplo, representa quantos brasileiros? Não chega a 1%. E exatamente por isso não pode ter essa representatividade pretendida. Esses movimentos sociais, que querem controlar a mídia, são, na verdade, minorias participativas e querem lutar para o aprofundamento de sua própria democracia, uma democracia que vai ser sempre parcial e nunca universal.

O FSM tem de mundializar-se. O FSM da última década foi sobretudo latino-americano. Foi nesse continente que a ideia do FSM cativou verdadeiramente a imaginação dos movimentos sociais e se transformou numa fonte autônoma de energia contra a opressão. Essa fertilização do inconformismo teve repercussões nos processos políticos que tiveram lugar em muitos países do continente. Para ser sustentável, o FSM tem de fazer um esforço enorme no sentido de densificar a sua presença nos outros continentes.
O FSM não "pegou" em outras partes do mundo. Não cativou corações e mentes dos países desenvolvidos e nem mesmo subdesenvolvidos. Hoje, na India ninguém fala em FSM, que já foi realizado em Bombaim. O FSM que hoje começa em Porto Alegre está em processo de franca decadência, é fragmentado, não é propositivo, é lugar onde o radicalismo de idéias prepondera.

Está a emergir uma consciência continental que, embora difusa, tem como ideias centrais a recusa militante da concepção imperial da América Latina como quintal dos EUA e a reivindicação de formas de cooperação econômica e política que se pautam por princípios de solidariedade e reciprocidade, alternativos aos que subjazem aos tratados de livre-comércio.

Bla, bla, bla antiimperialista completamente absurdo. O que é melhor para a América Latina, cara pálida, a Venezuela chavista ou os EUA de Obama?

O FSM vai ter de apoiar ações coletivas e novas internacionais. O capitalismo tem uma capacidade enorme de regeneração. Os mais furiosos adeptos do neoliberalismo nem sequer pestanejaram para aceitar a mão do Estado na resolução da crise, o que por vezes envolveu nacionalizações, a palavra maldita dos últimos 30 anos. Por isso, o ativismo global do FSM vai aprofundar as suas agendas tendo em mente esse realismo, na base do qual podem construir novas lutas pela justiça social.
Têm vindo a surgir várias propostas no sentido de tornar o movimento da globalização alternativa mais afirmativo e vinculativo em termos de iniciativas mundiais. É o caso da proposta recentemente feita pelo vice-presidente da Bolívia de criar a Internacional dos Movimentos Sociais ou da proposta do presidente da Venezuela de criar a Quinta Internacional, congregando os partidos de esquerda em nível mundial. A primeira proposta é inspirada no FSM, e a segunda, talvez numa crítica ao FSM. Para ambas o fórum é relevante.

Eis aqui o evidente retrocesso do professor Boaventura. A criação de uma internacional onde a eterna meia dúzia que "admira museus de velhas novidades", como dizia Cazuza, se reune para discutir: "ideologia eu quero uma para viver."

Um comentário:

Fábio Mayer disse...

Outro esquerdofrênico.

Desde que inventou o lugar imaginário Pasárgada, BSS teima em atormentar a AL com essas teorias idiotas pregando que o povo latino é oprimido de alguma maneira pelos EUA... o povo latino é oprimido pelos próprios governantes ruins que constitui.

O engraçado é que na Europa, na Asia e mesmo na África, essas teorias são muito mais curiosidades. Aqui, são levadas à sério, o que prova que intelig~encia não é o forte da AL.