Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 27 de março de 2008

Aniversários - Kenneth Maxwell


Muito bom e interessante, como sempre, este artigo de Kenneth Maxwell publicado na Folha de hoje.
Aniversários
Dois marcos importantes foram atingidos nesta semana, sem atrair grande atenção: os cinco anos da guerra de Bush no Iraque e o fato de que o número de baixas fatais dos EUA ultrapassou 4.000. No entanto, de acordo com o "Pew Research Center for the People and the Press", a conscientização do público quanto ao número de baixas militares fatais dos EUA no Iraque recuou consideravelmente desde agosto. Hoje, apenas 28% dos adultos são capazes de dizer quantos soldados norte-americanos morreram no Iraque. Em agosto de 2007, 54% deles conseguiam identificar corretamente o número de mortos. Por que tão pouca atenção? Em parte isso resulta de fadiga de guerra. O público simplesmente deixou a guerra de lado. Também resulta de uma redução na cobertura noticiosa. Em julho de 2007, as reportagens sobre o Iraque respondiam por 15% da cobertura jornalística. Em fevereiro deste ano, o indicador havia caído a 3%. Trata-se de um resultado da percepção de que as Forças Armadas norte-americanas conseguiram mais sucesso na contenção da insurgência. A queda na cobertura de imprensa refletiu o aparente sucesso do reforço do contingente de ocupação norte-americano no Iraque desde janeiro de 2007, quando o envio de novos soldados e a adoção de uma política de impor e manter uma presença militar dos EUA nas ruas de fato reduziram substancialmente o número de baixas norte-americanas. Mas a realidade é mais complicada. Os EUA fizeram acordos com milícias sunitas e xiitas -em especial a longa trégua com a milícia do líder religioso xiita Moqtada al Sadr, que pode estar a ponto de terminar. Mark Danner, o brilhante jornalista que vem há muito revelando verdades inconvenientes para os poderosos, escreve: "Observe um mapa de Bagdá à véspera da invasão norte-americana. Os bairros das diferentes seitas eram coloridos em azul, vermelho ou amarelo, e o amarelo, que indicava bairros "mistos", predominava". Hoje, ele afirma, "o mapa é uma confusão de cores brilhantes". E por toda a cidade o amarelo pálido dos bairros mistos se foi, obliterado por estes cinco anos de conflitos sectários. Danner tem "a mais sombria das visões sombrias" quanto ao futuro. A retirada das forças norte-americanas deve causar a retomada de uma guerra civil mais brutal que nunca, com sunitas armados pelos norte-americanos em combate contra xiitas armados pelos norte-americanos, o que resultaria em um selvagem conflito regional pelos espólios do Iraque. A verdade é que, quem quer que seja eleito presidente em novembro, terá de enfrentar os assuntos inacabados do Iraque, que voltarão com toda força à posição central no panorama norte-americano.

Um comentário:

ZEPOVO disse...

As baixas do agressor americano não deveriam ser mais divulgadas e importantes que as baixas dos agredidos iraquianos. Mais de 100.000 oficialmente e que podem chegar perto do milhão segundo ONG's talvez um pouco exageradas mas não impossíveis.
O que os EUA na verdade fizeram foi criar outra zona de conflito eterno, como Israel/Palestina.
-Porcos imperialistas!