Daqui a oito dias completam-se 40 anos de um episódio pouco lembrado e injustamente inconcluso. À primeira hora de 20 de março de 1968, o jovem Orlando Lovecchio Filho, de 22 anos, deixou seu carro numa garagem da avenida Paulista e tomou o caminho de casa. Uma explosão arrebentou-lhe a perna esquerda. Pegara a sobra de um atentado contra o consulado americano, praticado por terroristas da Vanguarda Popular Revolucionária. (Nem todos os militantes da VPR podem ser chamados de terroristas, mas quem punha bomba em lugar público, terrorista era.)Lovecchio teve a perna amputada abaixo do joelho e a carreira de piloto comercial destruída. O atentado foi conduzido por Diógenes Carvalho Oliveira e pelos arquitetos Sérgio Ferro e Rodrigo Lefèvre, além de Dulce Maia e uma pessoa que não foi identificada.A bomba do consulado americano explodiu oito dias antes do assassinato de Edson Luís de Lima Souto no restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e nove meses antes da imposição ao país do Ato Institucional nº 5. Essas referências cronológicas desamparam a teoria segundo a qual o AI-5 provocou o surgimento da esquerda armada. Até onde é possível fazer afirmações desse tipo, pode-se dizer que sem o AI-5 certamente continuaria a haver terrorismo e sem terrorismo certamente teria havido o AI-5.O caso de Lovecchio tem outra dimensão. Passados 40 anos, ele recebe da Viúva uma pensão especial de R$ 571 mensais. Nada a ver com o Bolsa Ditadura. Para não estimular o gênero coitadinho, é bom registrar que ele reorganizou sua vida, caminha com uma prótese, é corretor e imóveis e mora em Santos com a mãe e um filho.A vítima da bomba não teve direito ao Bolsa Ditadura, mas o bombista Diógenes teve. No dia 24 de janeiro passado, o governo concedeu-lhe uma aposentadoria de R$ 1.627 mensais, reconhecendo ainda uma dívida de R$ 400 mil de pagamentos atrasados.Em 1968, com mestrado cubano em explosivos, Diógenes atacou dois quartéis, participou de quatro assaltos, três atentados a bomba e uma execução. Em menos de um ano, esteve na cena de três mortes, entre as quais a do capitão americano Charles Chandler, abatido quando saía de casa. Tudo isso antes do AI-5.Diógenes foi preso em março de 1969 e um ano depois foi trocado pelo cônsul japonês, seqüestrado em São Paulo. Durante o tempo em que esteve preso, ele foi torturado pelos militares que comandavam a repressão política. Por isso foi uma vítima da ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas malfeitorias a uma luta pela democracia iria enorme distância. O que ele queria era outra ditadura. Andou por Cuba, Chile, China e Coréia do Norte. Voltou ao Brasil com a anistia e tornou-se o "Diógenes do PT". Apanhado num contubérnio do grão-petismo gaúcho com o jogo do bicho, deixou o partido em 2002.Lovecchio, que ficou sem a perna, recebe um terço do que é pago ao cidadão que organizou a explosão que o mutilou. (Um projeto que re- vê o valor de sua pensão, de iniciativa da ex-deputada petista Mariângela Duarte, está adormecido na Câmara.)Em 1968, antes do AI-5, morreram sete pessoas pela mão do terrorismo de esquerda. Há algo de errado na aritmética das indenizações e na álgebra que faz de Diógenes uma vítima e de Lovecchio um estorvo. Afinal, os terroristas também sonham.* Foto acima de Diógenes Oliveira, ex- assessor do governador Olívio Dutra-PT-RS
3 comentários:
Com a palavra o Judiciário, ou será que ele é petista?
Vai dizer que Judiciário é de esquerda? Ou será que é terrorista mesmo?
Não vamos misturar as coisas. Os anos de chumbo foram de vergonha para os dois lados, e se as indenizações são diferentes é porque a Lei assim determinou, e Lei deve ser cumprida, não discutida.
E o mais importante, os chamados guerrilheiros, foram a luta, sofreram e foram torturados em uma guerra não declarada para libertar o Brasil de uma ditadura cruel. Em toda guerra temos o dano colateral, ou vc acha que orfão iraquiano vai receber indenização igual de americano ferido? Agora eu misturei tudo? Foi de propósito!
Sim, Zé, Diógenes é petista e amigo do peito, companheiro, camarada de Olívio Dutra. Matou diversas pessoas, algumas que não têm nada a ver com política, mas está ai a receber uma bela indenização. 400 paus. Justo ou injusto, este é o Brasil dos nossos dias.
Na verdade o que essa gente queria mesmo não era a democracia. Existe aí um grave erro e uma distorção alimentada por relapso ou por interesses outros.
A bem da verdade o que eles – revolucionários da esquerda? – queriam era tirar o governo militar para implantar a democracia (?) cubana. Portanto, eles não estavam a serviço da Pátria e sim a serviço dos próprios interesses da esquerda cubana que queria se alastrar mundo afora.
Uma pergunta que não quer calar: ESSE DINHEIRO TODO QUE ESTÁ SENDO PAGO a essas pessoas é dinheiro público. Dinheiro de impostos que é recolhido pelo cidadão para melhorar o serviço público para todos.
Em nenhum momento foi perguntado ao cidadão brasileiro – através de um plebiscito – se ele estava de acordo em indenizar esse “heróis” de uma democracia de araque.
Portanto, essa fortuna que está saindo dos cofres da União para pagar esses senhores, sem dúvida está fazendo falta na mesa do brasileiro, na saúde, na escola e muito mais. Existe um fundo de injustiça em tudo isso. A história está mal contada e a indução de valores contradiz a realidade.
Abs
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