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Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


domingo, 9 de agosto de 2009

Rosario Murillo é quem Governa a Nicarágua


O casal Rosário Murillo e Daniel Ortega em foto recente.


Rosário Murillo, Daniel Ortega e Sergio Ramirez em 1986.

Bem interessante a matéria publicada na Folha de hoje, de Fabiano Maisonnave, sobre a primeira dama nicaraguense, Rosário Murillo.


Fora da Nicarágua, o presidente Daniel Ortega é muitas vezes visto sob a sombra do colega venezuelano, Hugo Chávez. Mas, dentro do país, todos sabem que não existe decisão no governo sandinista adotada sem o crivo da primeira-dama, Rosario Murillo.
Ex-guerrilheira, presa política nos anos 1970, escritora de poesias eróticas e épicas, educada na Suíça e no Reino Unido, vegetariana e seguidora do guru indiano Sai Baba, Murillo, 58, é uma superministra nesta segunda passagem de Ortega pela Presidência.
Como coordenadora do Conselho de Comunicação e Cidadania (cargo especialmente criado para ela), a primeira-dama administra toda a área social do governo, além de acumular a função de porta-voz da Presidência.Com fama de centralizadora, Murillo costuma cuidar de assuntos até os mínimos detalhes. Para a comemoração dos 30 anos do fim da ditadura Somoza, no último dia 19, foi sua a excêntrica ideia de colocar gigantescas árvores de Natal com o número 30 no topo nos principais cruzamentos da capital Manágua.Nos dias após o aniversário, a propaganda oficial na TV mostrava trechos do discurso de Murillo -e não do de Ortega. "A marcha da vitória não se detém", disse a primeira-dama, em meio a uma fala cheia de referências esquerdistas e com poucas frases inteiras. Vestia uma roupa branca de inspiração hippie e adornada por dezenas de colares, brincos e pulseiras, além de um óculos no estilo John Lennon."É ela quem governa o país, apesar da proibição expressa do nepotismo e de não ter sido eleita pelo voto popular", diz a jornalista e dissidente sandinista Sofia Montenegro, que conviveu com Murillo nos anos 1970 e 1980.
"Ortega nunca soube governar, é um ativista que vive em campanha eleitoral permanente."Juntos há 31 anos (se casaram em segredo durante a guerrilha contra Somoza), o casal teve a sua prova de fogo em 1998, quando Zoilamérica Narváez Murillo, filha apenas de Rosario, acusou Ortega de tê-la violentado dos 11 aos 19 anos.
Durante o escândalo, Rosario defendeu Ortega contra a filha, posição que, para muitos, explica a ascendência da primeira-dama sobre o governo. "Num sistema corporativo, em troca de desautorizar e denunciar a própria filha, ela fica com a metade de tudo", diz Montenegro.Ortega foi absolvido das acusações da enteada na Justiça, mas o escândalo sempre volta à tona em campanhas eleitorais."Isso foi uma trama montada, é coisa da CIA", disse o ministro da Cultura, Luis Morales, que convive com o casal há 30 anos e teve Zoilamérica como assistente.
"Ortega foi seminarista, tem formação cristã, não tem sequer uma atitude ousada contra outras pessoas."Morales descreve a primeira-dama como sendo "especialmente generosa, que ajuda a muita gente sem dizer; uma mulher de vocação familiar. Duas tias solteironas viveram com ela até a morte. Mas tem vida própria, estudou no exterior e é vinculada a um ambiente intelectual internacional".
Neoconservadorismo
O casal voltou a gerar controvérsias no país em 2006, quando se casou oficialmente na Igreja Católica, numa cerimônia a poucos meses da eleição que devolveria Ortega à Presidência, 17 anos após o fim do primeiro mandato (Murillo era chefe da campanha eleitoral).O casal aprofundou ainda mais a aliança com o conservadorismo católico ao apoiar uma legislação que modificou uma lei instituída no século 19, que autorizava aborto em caso de risco de morte para a mãe."Ortega e Murillo acreditam na relação de casal dentro da base social da família", afirma Morales. "O governo da Nicarágua é como uma casa, em que pai e mãe dividem as funções."

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