Eu sou fã de filme alemão e, sobretudo o da nova geração: Adeus Lenin, a Vida dos Outros e na última sexta-feira tive o prazer de ver outro belo filme alemão: Do Outro Lado (Auf der anderen Seite) do cineasta Fatih Akin. Na verdade o filme é uma produção turco-alemã e retrata as relações entre alemães e turcos, entre a Europa rica e a Europa problemática. A Europa desenvolvida e a Europa bárbara. O personagem central da história é como o diretor do filme, é um alemão descentende de turcos. O filme é biligue, e os personagens centrais falam alemão e turco ao mesmo tempo. Em certas horas, o inglês também aparece. E um belo dia um viúvo turco (Ali) convida uma prostituta turca (Yeter) a ser sua esposa. Ambos moram na Alemanha. O viúvo tem um filho (Nejat), o personagem central da história que é professor em uma Universidade alemã e um acidente ocorre e muda a vida de todos. Nejat vai para a Turquia tentar localizar a filha de Yeter, Ayten. E a história se desenvolve em Bremmen, Hamburgo, Istambul e o interior da Turquia, sobretudo a região perto do Mar Morto.
Mas Ayten resolve ir ilegalmente para a Alemanha e se encontra com a alemã Lotte, filha de Susanne (interpretada pela grande Hanna Schygulla -- não reconheci ela no filme). No final das contas, Ayten é deportada e volta para a Turquia onde é presa e Lotte deixa a Alemanha para procurar a amiga, para desespero de Susanne. A história termina em Istambul com o encontro e reencontro de pais e filhos e de pais e filhos adotados pelas circunstâncias. Talvez aquele música do Belchior cantada por Elis Regina possa definir essa obra:
Não quero lhe falar, meu grande amor.
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado, meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantado como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não se enganam, não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que tou por fora ou então que tou inventando
Mas é você que ama o passado é que não vê
É você que ama o passado é que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem deu me deu a idéia de uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo tudo o que fizemosNós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais
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