Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 17 de julho de 2008

Sátira - Kenneth Maxwell


Nem todo mundo tem senso de humor. É como inteligência natural. Nem todo mundo é esperto. De fato, algumas pessoas são naturalmente obtusas.Não significa que elas sejam de alguma maneira inferiores ou menos charmosas, bonitas, fortes ou bem sucedidas. Mas o fato é que os seres humanos têm diferentes talentos e diferentes capacidades. Essa é uma descoberta da vida, especialmente para os professores. Eu sei que mães relutam em aceitar esse fato com relação aos seus filhos, mas ainda assim é verdade. Sátira é ainda mais difícil. Trata-se de uma forma de humor que depende da insinuação. Mas o humor tem uma regra essencial: se algo requer explicação, não é engraçado. Nesta semana, a capa da revista "New Yorker" traz o senador Barack Obama e sua mulher Michelle como terroristas muçulmanos. Ela ostenta cabelos enormes, em um penteado afro ao estilo dos anos 60, e porta uma metralhadora. Ele veste trajes do Oriente Médio. Os dois estão no Gabinete Oval da Casa Branca. Na lareira, encimada por um retrato de Osama bin Laden, vê-se uma bandeira dos Estados Unidos queimando. O resultado não é engraçado. De fato, a sátira passa bem longe do alvo.O editor da "New Yorker", David Remnick, se viu rapidamente forçado a explicar que o objetivo da capa era demonstrar o absurdo dessas imagens. Mas estamos falando de imagens que refletem a onda de propaganda adversa a Obama que circula amplamente pela internet e nas fímbrias das campanhas. No Upper West Side de Manhattan, um baluarte da centro-esquerda, a capa pode parecer uma zombaria divertida quanto às percepções populares dos conservadores com relação a Obama, mas o mesmo não se aplica ao restante do mundo político. A capa não só não foi engraçada como na verdade está jogando mais lenha na fogueira.Obama sairá prejudicado? Provavelmente não. Já passou por situações piores. O veterano militante dos direitos civis, reverendo Jesse Jackson, foi apanhado em uma gravação na qual sugere que certa porção da anatomia de Barack Obama seja decepada porque ele "menospreza os negros". A imprensa norte-americana foi pudica demais para mencionar que órgão exatamente o reverendo Jackson tinha em mente, mas a BBC de Londres não viu problemas em mencionar o termo em suas transmissões noticiosas mundiais.Quando a ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Madeleine Albright empregou o mesmo termo na ONU, ela o fez em espanhol -cojones-, e a imprensa norte-americana adorou. Assim, apertem os cintos. A campanha eleitoral geral dos Estados Unidos nem começou.
Artigo de Kenneth Maxwell na Folha de hoje.

Nenhum comentário: