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quarta-feira, 9 de julho de 2008

Dantas Não Comprou a CRT do Estado Do RS, Mas da Telefónica de Espanha


Leio no Diário Gauche que "o Ex-consultor da Febraban, da Fiesp e da CNI, Ney Figueiredo fora contratado, quatro anos atrás, para polir a imagem de Daniel Dantas.
Em dezembro de 2004, recém-desembarcado da missão, que se revelou inatingível, Figueiredo lançou o livro "Diálogos com o Poder".


Ney Figueiredo anota em seu livro uma obviedade: a grande fonte das tesourarias eleitorais é o setor público. "Nesse sentido", escreve, "cabe perguntar...:
“...Onde foram parar os US$ 200 milhões que a Itália Telecom, como sócia da Brasil Telecom [à época controlada por Daniel Dantas], teria pago a mais pela Cia. Riograndense de Telecomunicações (CRT)?"
Os indícios de sobrepreço na operação de venda da CRT constam também de uma carta explosiva. Redigiu-a o publicitário Mauro Salles.
Contratado por Daniel Dantas para mediar a alienação da companhia telefônica gaúcha, Mauro Salles agendou um encontro do banqueiro com o tucano Pimenta da Veiga, à época ministro das Comunicações de FHC.
Amigo de FHC, Mauro Salles endereçaria ao então presidente da República uma incômoda carta. A certa altura, o publicitário escreveu o seguinte:
"Meu caro presidente, (...) estive com o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), junto com Daniel Dantas (...). O objetivo do encontro era a busca de sintonia (...), visando equacionar os problemas que cercam a compra da CRT".
Mauro Salles foi ao ponto: "Fiquei surpreso quando o ministro afirmou que a nossa interpretação dos posicionamentos do presidente [da República] estavam equivocadas".
Era julho de 2000. Corriam pelos subterrâneos, nas palavras de Mauro Salles, "interpretações maliciosas". Buscava-se “implicar o presidente em uma armação inconcebível."
Insinuava-se que FHC estaria de acordo com o ágio embutido no valor da CRT. Salles arrematou a carta com um apelo ao presidente:
"Preciso de uma palavra sua para dissipar as dúvidas levantadas pelo ministro Pimenta (...). Desculpe o desabafo. E não me deixe sozinho nesta luta em que estou (...) procurando defender (...) o próprio interesse nacional".
Não se sabe se Mauro Salles obteve de FHC “palavra” capaz de “dissipar as dúvidas”. Além da carta, o publicitário contratado por Daniel Dantas produziu um dossiê.
O papelório embrulha a transação da CRT numa bruma de suspeição. Sobre a operação, Daniel Dantas diz, em privado, coisas que se nega a repetir em público.


Comento:



Vamos botar os pingos nos is nessa questão. A CRT foi privatizada em duas licitações, 1996 e 1997 e o consórcio formado pela Telefónica de Espanha, RBS e Citibank ganhou essas licitações. Depois houve a licitação do sistema Telebrás e a Telefónica arrematou a Telesp. O que indignou a RBS, uma vez que a Telefónica teria que optar ou ficava com a CRT ou com a Telesp, tendo em vista obstáculos legais previstos na Lei de Concessões e na Lei Geral de Telecomunicações. A RBS vendeu sua parte para a Telefónica e saiu do comando da CRT. Depois, a Telefónica optou por ficar com a Telesp e no ano 2.000 teve de vender a CRT para a Brasil Telecom, na época comandada pelo opportunity de Daniel Dantas. IMportante destacar que o valor pago pela BrT de Dantas para adquirir o controle da CRT da Telefónica é inferior ao valor que a Telefónica pagou ao Estado do RS pelas vendas das mesmas ações. É ai, nesse pagamento feito por uma empresa privada a outra empresa privada(porque a CRT era em 2000 completamente privada) que nasceu a discussão dos Os 200 milhões da Telecom Itália. Essa transação não envolve dinheiro público e nem o Estado do RS. O RS vendeu bem e fez um excelente negócio com a venda da CRT, pois entrou dinheiro extraordinário no Caixa que foi investido na formação de um pólo automobilistico no RS com a atração de grandes empresas, GM e Ford. Mas um certo alguém resolveu bloquear essa transação e não liberou esse dinheiro para a Ford. Dinheiro esse que estava numa conta do Banrisul. Para onde foi essa grana Olívio? Respondo: para o caixa único do Estado. Foi gasto em despesas ordinárias. Grande burrice.

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