Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 1 de julho de 2008

Ayaan Hirsi Ali e o Multiculturalismo


A somali Ayaan Hirsi Ali foi a estrela ontem do Fronteiras do Pensamento. O outro conferencista foi o psicanalista e filósofo Renato Mezan que, diga-se de passagem, se preparou e bem para essa conferência.

Ela é negra, alta e magra e tem corpo de maratonista. Nasceu em 1969 em Mogadíscio na Somália. Sua história é mais ou menos uma síntese das mulheres oprimidas pela ignorância dos valores religiosos. Aos 5 anos Ayaan sofreu infibulação do clitóris numa cerimônia organizada pela avó. Aos 6 anos sua família deixou a Somália e passou a morar na Arábia Saudita, Etiópia e Quênia. Em 1992 ela chega a Holanda e trabalha como faxineira e tradutora. Ayaan se interessa pela situação das mulheres refugiadas e sua complicada integração nos países ocidentais. Ela se elege deputada em 2003. Em 2004 ela fez o filme "Submissão" com o cineasta Theo Van Gogh que trata da opressão das mulheres no islã e onde aparece uma cena de uma mulher semi-nua com o corpo estampado com trechos do Alcorão. Foi a sentença de morte. Theo Van Gogh foi morto na Holanda por um islâmico radical e em seu corpo havia uma carta avisando que a próxima vítima seria Ayaan.

E ela foi para os Estados Unidos e atualmente reside em Washington. Em todo lugar que ela passa, os seguranças a acompanham. Aconteceu ontem em Porto Alegre.

O tema da conferência foi o multiculturalismo e o auditório estava cheio. Ayaan conta a complicada história de uma familia somali refugiada que se estabelece na Holanda.

E ela avisa: é uma distorção da liberdade permitir a opressão de mulheres em nome do diversidade cultural ou religiosa"."Se o respeito pela tradição e ou religião conflita com os direitos humanos, o indivíduo deve sempre vir antes", "A doutrina do multiculturalismo [de preservar a identidade dos imigrantes] é uma ilusão cruel. E arremata: " o islã incompatível com a democracia."É claro que há muçulmanos bem integrados em sociedades democráticas", ponderou, ressalvando a distinção entre o indivíduo e o arcabouço moral islâmico. "Mas o islã como doutrina e sobretudo como política é incompatível com a herança iluminista e a teoria democrática secular".

Na verdade, essa tese da Ayaan vai contra aquele velho pensamento "politicamente correto" de se respeitar a identidade e a tradição dos imigrantes. Isso tem que ter algum limite, como ponderou Renato Mezan, por exemplo, não é possível permitir, numa sociedade moderna, que um grupo de imigrantes venha negociar escravos. Um país socialmente desenvolvido não pode permitir que uma avó - em nome da religião - faça mutilações em suas netas ou seja omisso em relação aos maus tratos que algumas mulheres e crianças muçulmanas cotidianamente recebem de seus maridos.


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