A demanda por moralidade na política e maior transparência no processo eleitoral ganhou um aliado polêmico com a divulgação da "lista dos 15" pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros). Os fichas-sujas viraram um assunto. Essa onda moralizadora está ligada a um desejo mais amplo de "passar o país a limpo", como mostram as reações ao caso Dantas.Ninguém de boa-fé deixará de reconhecer méritos nesse anseio. Mas ninguém escaldado deixará de perceber também que esse filme é velho e suas motivações são mais ambíguas do que podem parecer.Sabemos todos que notórios ladrões fazem da política a sua profissão. Que usam a imunidade do cargo como biombo para a impunidade e usurpam o mandato popular, transformando-o em ferramenta de seu business ou gatunagem.A generalização dessa percepção, para a qual contribuiu o realismo quase sem nenhum pudor de PSDB e PT na última década, tem alimentado uma certa ojeriza à política. Desenvolveu também em muitos progressistas de antigamente uma espécie de cinismo pragmático.A atitude do eleitor desiludido diante dos candidatos parece oscilar entre dois pólos complementares: 1. O que ele quer arrancar de mim? 2. O que eu posso tirar dele? (O leitor de boa alma faça a gentileza de não vestir a carapuça.)Nesse ambiente, a faxina eleitoral proposta pela AMB corre o sério risco de se converter numa caça às bruxas, manchando a democracia em nome da "higienização" do voto.Entre o critério elástico adotado pela lista dos juízes, que junta candidatos em situações legais muito distintas e passados muito diversos, e a atual legislação eleitoral, que na prática premia os larápios e pune a sociedade, seria o caso de buscar um meio-termo, menos estridente, mas também menos concessivo, capaz de separar o joio do trigo.É essa, aliás, a posição esclarecida do presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, infelizmente minoritária no âmbito daquele tribunal que decide as coisas.
Artigo "Pega Ladrão" de Fernando Barros e Silva, na Folha hoje.
Um comentário:
E num país onde não há renovação política sem grau de parentesco, fica cada vez mais difícil.
É urgente e necessário um movimento junto aos universitários para que se interessem mais pela política do país e se transformem, no futuro próximo, a renovação fundamental.
Só dessa forma, acredito, poderemos mudar o quadro que ai está. Mudar no futuro, por que hoje, politicamente falando, está tudo amarrado nas mãos dos mesmos...
Abs
Postar um comentário