Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 22 de julho de 2008

Por que Porto Alegre insiste em Patinar?

O urbanista espanhol Jordi Borja em visita às instalações do cais do porto de Porto Alegre. A área é muito bonita, mas ninguém circula por lá.

Tudo é muito difícil em Porto Alegre. A cidade é bem localizada. O Guaiba é um rio ou um lago interessante, mas a cidade cresceu de costas para o rio ... ou para o lago. Porto Alegre é um porto que divide a cidade. De um lado a cidade e do outro o rio ou o lago. No meio, o porto. Já faz um bom tempo que projetos e projetos são veiculados pela mídia para urbanizar o porto de Porto Alegre e fazer com que as pessoas possam circular pela cidade, em contato com o rio ou com o lago. Lembro que no governo Britto se pensou em fazer dali uma área parecida com o Puerto Madero em Buenos Aires, com bons restaurantes e hoteis de luxo e uma bela marina, mas cairam em cima do projeto. Era muito burguês. Esse ranço é tipicamente portoalegrense.


E voltamos sempre na estaca zero. O projeto nunca sai do papel, nunca existe consenso, nunca existe nada. Qualquer projeto de área pública que possa ser feito em parceria com a iniciativa privada é visto no Rio Grande do Sul, como uma forma de privatização do espaço público. Esta na hora de acabar de vez com esse discurso hipócrita. O fato do Estado (que não tem grana para investir) conceder à iniciativa privada a exploração de uma área pública não torna essa área privada. Ela continua pública, há apenas a exploração comercial privada da área pública. Mas isso, os de sempre dizem, é um grave pecado.


E ficamos eternamente parados no mesmo ponto. Patinando sobre o mofo do discurso ideológico. Hoje na Zero Hora, um arquiteto catalão, e os catalões são bons artistas, visitou a área do cais do porto de POA. É o urbanista Jordi Borja que transformou a orla de Barcelona no período que antecedeu as Olimpíadas de 1992.


Diz a matéria:


Com a conversão do antigo porto em área urbana e a extensão do acesso ao Mar Mediterrâneo em cinco quilômetros, cerca de 100 mil pessoas passaram a circular por fim de semana pelo local.Na Capital, onde participa hoje do fórum de debates Porto Alegre, Uma Visão de Futuro, promovido pela Câmara de Vereadores, Borja visitou ontem à tarde o cais do porto a convite de Zero Hora.O urbanista destacou que o local tem um potencial extraordinário a ser explorado:- Porto Alegre, pelo que vi, não oferece uma imagem muito atrativa. Então, uma grande oportunidade é melhorar o urbanismo da cidade, dos espaços públicos. O porto é uma grande oportunidade. Se fala muito no turismo, mas o mais importante é o atrativo para os próprios moradores. É uma questão de justiça social - disse o espanhol.Confira a seguir idéias de Borja para o cais do porto:
1. Espaços de lazer - Para atrair o público, o cais precisa ser renovado com a instalação de bares, restaurantes e espaços culturais e de lazer. A construção de prédios para abrigar escritórios ou apartamentos deve ser feita com muito critério, uma vez que essas obras formam barreiras na paisagem.
2. Junto à água - É importante manter o vínculo com a água. Por exemplo, o urbanista considera ideal que o espaço congregue áreas operacionais (transporte de cargas) e pontos de prática de pesca, de esportes aquáticos e de passeios com embarcações.
3. Muro da Mauá - Erguida para evitar a repetição da enchente de 1941, a construção deveria vir abaixo, na opinião do urbanista. Borja diz que existem outros mecanismos para controlar cheias.- É absurdo que ainda se mantenha o muro, é imprescindível sua retirada.Outra dica é fazer com que avenidas que terminam junto ao Guaíba tenham visão para as águas.
4. Armazéns - Com remodelação, parte das construções poderia ser utilizada para abrigar estabelecimentos comerciais e de lazer. Entretanto, a maior parte deveria ser derrubada para evitar a aparência de "muralha":- A cidade tem de ver o Guaíba. Pode haver elementos construídos, mas que a água seja facilmente visível.

3 comentários:

ZEPOVO disse...

Usar o capital privado para esse tipo de empreendimento é muito correto. Mas é preciso uma negociação muito cuidadosa, contratos bem feitos e a preocupação de não entregar de graça o espaço.
Não é que os administradores geralmente sejam incompetentes neste tipo de negociação, geralmente eles $ão incentivado$ para agir como tolos.

Santa disse...

Excelente matéria! Sou gaúcha, embora fora de POA há algum tempo, sempre que retorno a cidade sinto exatamente isso - na cidade mais avançada em muitos aspectos, no espaço urbano perdura o atraso ideológico. Que pena!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Zé e Santa. Existe em Porto Alegre e no RS um certo preconceito de uma certa minoria que faz muito barulho de que o capital privado é sempre danoso. POrto Alegre foi administrada pelo PT por 16 anos e nunca se fez nada naquele local. FOgaça, hoje no PMDB, administra POA e também não fez nada. Falta mesmo é vontade política e menos medo de fazer as coisas de forma transparente e produtiva para todos.