Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Brasil Envelhecendo


Freada Populacional


Há tempos se sabe que a população brasileira está envelhecendo, mas um novo estudo, divulgado no início deste mês, mostra que esse processo está ocorrendo num ritmo bem mais acentuado do que se previa.A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada pela demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, revelou que a taxa de fecundidade da brasileira atingiu, em 2006, a marca de 1,8 filho por mulher -cifra inferior à taxa de reposição populacional, que é de 2,1.O IBGE, em sua estimativa oficial, de 2004, não previa que esse patamar fosse atingido antes de 2043. Mesmo a ONU, que costuma fazer projeções menos conservadoras, não antecipava índices inferiores a 2,0 para o Brasil antes de 2010.As conseqüências do fenômeno não são triviais. Pela projeção do IBGE, a população brasileira só começaria a diminuir a partir de 2062. Pelo cálculo da ONU, isso se daria na década de 2030. A confirmar-se a tendência identificada na PNDS, o encolhimento pode ocorrer ainda antes.Como quase todos os grandes movimentos demográficos, a mudança encerra aspectos positivos e negativos. Na coluna dos ganhos, destaca-se o fato de que sociedades que experimentam reduções na taxa de fecundidade costumam vivenciar momentos de maior prosperidade.Na escala do indivíduo, isso se explica porque o trabalhador com menos filhos e idosos para sustentar fica mais produtivo. Mas o fenômeno ocorre também em nível de instituições públicas. Ele, aliás, já está acontecendo na educação fundamental. Como o número de crianças é decrescente e as verbas destinadas ao setor, estáveis, aumenta a quantidade de recursos por aluno.É claro que, para capitalizar ao máximo esses efeitos, são necessárias políticas de estímulo ao emprego e de melhoria dos serviços públicos. A fase de bônus da transição demográfica já vem com data para acabar.O rápido envelhecimento da população logo produzirá significativos impactos sobre os sistemas de saúde e de previdência. É fundamental que o Estado e as famílias se preparem desde já.Na saúde é necessário ir investindo na prevenção de doenças da terceira idade bem como na formação de gerontologistas. Ainda mais urgente é a questão previdenciária. A reforma insinuada no primeiro mandato de Lula não se completou. É preciso seguir com o esforço.Com a diminuição da proporção de trabalhadores na ativa por aposentados, será necessário fazer com que as pessoas contribuam por mais tempo. Não é apenas a fecundidade que está caindo. A expectativa de vida também está aumentando rapidamente, tornando mais dramática a necessidade de ajustes.


Editorial da Folha de hoje.

Nenhum comentário: