Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Governo Bush Injeta US$ 20 Bi no Citigroup




Numa complexa operação financeira que livrou o segundo maior banco dos EUA do desastre, o governo norte-americano injetou US$ 20 bilhões no Citigroup e se comprometeu a honrar a maior parte de US$ 306 bilhões em papéis "podres". É a segunda intervenção no mesmo banco, que em outubro levara outros US$ 25 bilhões, e a terceira grande operação resgate no mercado em três meses.Com isso, o governo se torna o maior proprietário do banco, segundo o executivo-chefe financeiro do Citigroup, com o equivalente a 7,8% em ações, seguido do príncipe saudita Alwaeed bin Talal, com 5%, e da autoridade financeira de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), com 4,9%. Extirpa ainda o "banco podre", ao se comprometer a garantir a banda ruim da instituição, lastreada em papéis cuja origem são financiamentos de má qualidade.Em troca, Washington terá entre outras coisas controle sobre os bônus dados aos executivos do banco e imporá limites ao pagamento de dividendos aos acionistas. A operação faz o total gasto ou comprometido em dinheiro público norte-americano na atual crise financeira encostar nos US$ 5 trilhões -ou quatro vezes o total de riquezas produzidas pelo Brasil em um ano. Só a garantia de ativos ruins do Citigroup equivale ao PIB da Dinamarca.Como resultado direto da operação e também do anúncio da nova equipe econômica do presidente eleito, Barack Obama, o índice industrial Dow fechou em alta de 4,9%, levado pelo salto de 60% nas ações do Citi, numa onda de efeitos positivos que tomou os mercados do mundo inteiro -no Brasil, a Bovespa subiu 9,4%, e o dólar tem recuo de 5,4%.O tipo de resgate anunciado é inédito e marca uma nova fase na intervenção do governo dos EUA no mercado financeiro. A primeira fase, em que o Tesouro prometia usar os US$ 700 bilhões aprovados pelo Congresso para comprar os títulos podres das instituições em dificuldades, nunca saiu do papel.A segunda, em que o governo injetou dinheiro direto nas empresas, levou quase a metade do montante -foi a ocasião em que o Citi, o JPMorgan e o Wells Fargo, entre outros, receberam US$ 25 bilhões cada um. A de ontem mistura as duas operações de maneira mais refinada. "O governo aprendeu com as experiências passadas", disse Jason Goldberg, analista do Barclays Capital.Abre as portas, no entanto, para que outras instituições financeiras venham bater na porta do Tesouro em busca de acordo parecido. E aumenta a pressão já exercida por outros setores da economia para que recebam auxílio semelhante -é o caso das três maiores montadoras, que querem um pacote de US$ 25 bilhões."Tomamos esse tipo de decisões no passado, tomamos na noite passada [domingo] e, se necessário, vamos tomar esse tipo de decisão para proteger nosso sistema financeiro no futuro", disse ontem o presidente George W. Bush, falando nas escadarias do Tesouro, em Washington, ao lado do secretário, Henry Paulson.Para o CEO do Citibank, Vikram Pandit, o aporte fortalece o banco, e o acordo "mostra total confiança" na instituição. Segundo maior banco dos EUA, atrás do JPMorgan, o Citibank tem US$ 2 trilhões em ativos, mais de 200 milhões de clientes em 106 países e se encaixa na categoria de instituições qualificadas pelo governo como "muito grandes para quebrar".Ainda assim, o socorro federal não saiu fácil. Depois de ver suas ações caírem mais de 60% na semana passada, a pior marca em 16 anos, por conta de sua exposição excessiva a papéis de má qualidade originados na crise do "subprime", o banco apresentou um plano de resgate ao governo na sexta à noite.O Departamento do Tesouro, o Fed (o banco central americano) e o FDIC (o órgão garantidor de depósitos bancários no país) passariam as 48 horas seguintes em duras negociações com os executivos. Um dos modelos era o acordo recente entre o governo suíço e o UBS.Do Peru, onde estava em viagem, Bush era informado das ações por telefone e informou o presidente eleito, Barack Obama, que também monitorava a negociação com o atual titular do Tesouro, Henry Paulson, e seu sucessor, Timoty Geithner, atual presidente do Fed de Nova York.Perto da meia-noite de domingo (3h de ontem de Brasília), chegou-se ao acordo, e o Citigroup foi salvo. Agora, analistas aguardam para ver se o efeito positivo nos mercados é duradouro, como se espera, ou fugidio, como aconteceu das últimas duas vezes.




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