Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Raiva Que Alimenta Certas Almas


Artigo do Cristóvão Feil, redator do Diário Gauche sobre a aprovação ontem do projeto Pontal do Estaleiro, ali no cabeçalho deste blog:


Vinte vereadores não têm o direito de legalizar o ilegal

O espaço público porto-alegrense ficou menor, a partir de ontem Ontem, na Câmara Municipal de Porto Alegre – das tantas instituições suspeitas, neste País e neste Estado – um dos vereadores, precisamente um que se intitula “Doutor” (não cito o seu nome para não emporcalhar os olhos de quem lê esse blog), saiu-se com a seguinte sentença:- O projeto Pontal do Estaleiro não é magnífico, é mais que magnífico, é magnânimo!Magnânimo para quem, senhor representante da privataria do solo urbano de Porto Alegre? Para quem?

O ato falho do “Doutor” revela quase tudo do que está nas sombras e dobras da votação de ontem que aprovou por maioria de 20 a 14 a construção de um condomínio privado na Ponta do Melo, antiga sede do falido Estaleiro Só.

A área de seis hectares (60 mil m2) foi adquirida em leilão no ano de 2005 por investidores privados. Agora, esses especuladores imobiliários querem realizar o seu capital, pretendendo construir seis torres edificadas, quatro residenciais e duas comerciais. Ocorre que a atual legislação municipal veda a edificação de projetos como esse. A aprovação legislativa de ontem não pode legalizar o ilegal, a vontade de vinte vereadores não pode se sobrepor ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, muito menos impor à cidade um empreendimento com objetivos puramente comerciais, que desrespeita o direito da cidadania em favor da força econômica do capital especulativo do solo urbano.

O embate legislativo de ontem é simbólico do que está por acontecer em Porto Alegre, nos próximos anos. A indústria da construção civil está represada há mais de 25 anos no Brasil, mas vem dando sinais de reação nos últimos três anos, estimulada por iniciativas desenvolvimentistas do PAC, por pressão de demanda e pelas perspectivas negociais propiciadas pelo advento da copa mundial de futebol em 2014. Com a crise mundial do capitalismo e a virtualidade do travamento recessivo iminente, a retomada dos investimentos imobiliários no País ficam condicionados à capacidade do governo federal de reagir às adversidades globais.De qualquer forma, a corrida frenética por posições vantajosas na ocupação territorial das cidades está em franco andamento.

Esse fenômeno pode ser descrito como uma corrida do ouro ou febre do solo urbano, onde poucos querem ganhar muito, e aproveitar as vantagens que pingam dos movimentos do capital em busca de realização de lucros.Neste sentido, vereadores oriundos de classes humildes, semi-alfabetizados, toscamente politizados e turbinados por imaginários fantasiosos de ascensão social aos truques – nem sempre pautados pela ética - tornam-se presas fáceis de investidores inescrupulosos.

De resto, o que está posto hoje em Porto Alegre, e em todas as cidades brasileiras que experimentam processos similares, é o seguinte: todo e qualquer incremento de desenvolvimento local – mantidas as correlações sociais vigentes – implica uma transferência de riqueza e chances de vida, da população em geral para os grupos rentistas e seus associados.

Ontem, os vinte nobres edis adeptos do urbanismo de resultados promoveram um encolhimento (ilegal) do espaço público na cidade. Em nome do quê, mesmo?

Meu comentário:

Encolhimento do espaço público onde, cara pálida? A decisão de ontem alargou o espaço público e vai permitir que o povo de Porto Alegre possa desfrutar de um calçadão com ciclovias e ter acesso a bares, restaurantes, marinas e hoteis.
Na Carta do Adeli Sell lida ontem depois da votação ele abre o jogo: O governo do Pt tentou desapropriar aquela área para fazer um parque. E o Tarso, ex prefeito, disse: "Adeli, é muito caro, a prefa não tem grana."O que fazer então com aquela área nobre de POA? Se o poder público não tem condições de desapropriar a melhor medida mesmo é passar a bola para a iniciativa privada, mas essa pelota tem que ser lucrativa, como acontece em qualquer lugar do mundo socialmente desenvolvido. Outro dia assisti uma interessante palestra do arquiteto Daniel Liberskind que vai construir a torre da liberdade onde antes era o WTC em NYC, ele já vez zilhões de projetos em lugares maravilhosos do mundo e a grande maioria deles são espigões, inclusive cidades históricas como o porto de Dublin, o centro de Milão e de Gênova. Alguns espigões bem juntinhos a orla. A verticalização não é problema. O problema é a qualidade arquitetônica da verticalização. O interessante do pensamento de certa esquerda é que se essa área fosse invadida por uma vila chocolatão que despejasse tudo o que é direito no rio, ela não abriria a boca para nada. Ficaria em silêncio e omissa, mas como o projeto envolve empreendedores, ela abre a boca para protestar contra o lucro. E pouco importa se o lucro vai gerar para cidade melhor qualidade de vida. Aquele lugar está caindo de maduro para que a população de POA e os turistas possam passear pela orla do Guaíba, mas tem gente que é contra e por puro preconceito.
Outro ponto interessante é que TODA A BANCADA DO PT VOTOU CONTRA, inclusive Adeli Sell que foi forçado a votar contra. O PT ideologizou o debate e perdeu os votos indecisos. Acompanhei aquela ópera bufa pelo canal 16 até o final. É importante que o povo de Porto Alegre saiba que o mesmo PT que era contra a abertura da Av. Beira Rio na gestão do Collares votou ontem contra o projeto Pontal do Estaleiro. E o PT não consegue entender porque não elege mais o alcaide desta cidade. Enquanto o preconceito e as idéias bitoladas da religião ideológica alimentarem os cérebros algemados essa será a realidade petista.
Coisas da vida.

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