Após mais de 24 horas de conflito com os extremistas que atacaram anteontem diversos pontos de Mumbai, o Exército indiano invadiu o hotel Taj Mahal (foto) e libertou reféns. Ao menos 125 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas. Ontem os militares tomaram vários prédios dominados pelos radicais.
Para analistas, terroristas têm origens domésticas
O terroristas que têm lançado ataques indiscriminados e de proporções crescentes na Índia têm bases cada vez mais locais, formadas por indianos e não por estrangeiros, segundo analistas internacionais consultados pela Folha.Até alguns anos atrás, o terrorismo no país esteve sempre ligado à disputa pela Caxemira, uma das centenas de principados que formavam o subcontinente até a independência do Império Britânico em 1947, e que ficou no meio da divisão entre Índia e Paquistão.Agora, a ameaça interna, de muçulmanos descontentes com o que vêem como marginalização, pode trazer graves conseqüências para a Índia, segundo Gareth Price, diretor do Departamento de Ásia do centro de estudos Chatham House, de Londres."Ao se autodenominarem Mujahedin do Deccan [Deccan é um planalto no sul do país], eles querem deixar claro que são muçulmanos indianos e que não têm nada a ver com a Caxemira [ao norte]. Eles estão tentando ressaltar que são indianos descontentes com a política do governo em relação aos muçulmanos", diz Price.A principal dúvida, de acordo com o analista inglês, é saber se grupos paquistaneses, como Lashkar-e-Taiba, ativo na Caxemira e ligado à Al Qaeda, estão envolvidos."Até agora parece muito mais provável que sejam apenas indianos, talvez com algum suporte técnico de militantes estrangeiros", afirma Price.A tese é corroborada pelo francês Roland Jacquard, presidente do Observatório do Terrorismo e consultor da ONU sobre o assunto."Muitos olhares estão voltados para Paquistão ou Bangladesh, mas os ataques refletem antes de tudo um problema interno. Grupos estrangeiros, como o Taleban ou os setores rebeldes da inteligência paquistanesa, podem, no máximo, ter fornecido armas, explosivos ou informações", avalia Jacquard.Segundo o analista, os autores são jovens recrutados nas universidades da Índia e endoutrinados para o ódio e a vingança do massacre de milhares de muçulmanos por grupos hindus no início dos anos 90.Jacquard descarta uma participação da Al Qaeda, mas afirma que a rede de Osama bin Laden inspirou os autores do atentado de Mumbai. "Os métodos são parecidos, como o ataque a lugares turísticos em grandes centros econômicos".Gareth Price aponta para a defasagem dos serviços secretos indianos em relação aos terroristas: "Os ataques a bomba aumentam em freqüência e escala, ganhando até proporção de operação militar. O que falta na Índia é inteligência sobre esses grupos. É sempre reativa. Faltam claramente medidas preventivas."Jacquard explica que a ineficiência dos serviços secretos é fruto do modelo de gestão administrativa da Índia, descentralizado e descoordenado."Sem contar o ataque de Mumbai, em um ano houve pelo menos 220 mortes em atentados terroristas na Índia. O país percebe, estarrecido, que há dentro de seu território jovens nascidos e criados ali dispostos a tudo para espalhar o terror", diz o especialista.
O terroristas que têm lançado ataques indiscriminados e de proporções crescentes na Índia têm bases cada vez mais locais, formadas por indianos e não por estrangeiros, segundo analistas internacionais consultados pela Folha.Até alguns anos atrás, o terrorismo no país esteve sempre ligado à disputa pela Caxemira, uma das centenas de principados que formavam o subcontinente até a independência do Império Britânico em 1947, e que ficou no meio da divisão entre Índia e Paquistão.Agora, a ameaça interna, de muçulmanos descontentes com o que vêem como marginalização, pode trazer graves conseqüências para a Índia, segundo Gareth Price, diretor do Departamento de Ásia do centro de estudos Chatham House, de Londres."Ao se autodenominarem Mujahedin do Deccan [Deccan é um planalto no sul do país], eles querem deixar claro que são muçulmanos indianos e que não têm nada a ver com a Caxemira [ao norte]. Eles estão tentando ressaltar que são indianos descontentes com a política do governo em relação aos muçulmanos", diz Price.A principal dúvida, de acordo com o analista inglês, é saber se grupos paquistaneses, como Lashkar-e-Taiba, ativo na Caxemira e ligado à Al Qaeda, estão envolvidos."Até agora parece muito mais provável que sejam apenas indianos, talvez com algum suporte técnico de militantes estrangeiros", afirma Price.A tese é corroborada pelo francês Roland Jacquard, presidente do Observatório do Terrorismo e consultor da ONU sobre o assunto."Muitos olhares estão voltados para Paquistão ou Bangladesh, mas os ataques refletem antes de tudo um problema interno. Grupos estrangeiros, como o Taleban ou os setores rebeldes da inteligência paquistanesa, podem, no máximo, ter fornecido armas, explosivos ou informações", avalia Jacquard.Segundo o analista, os autores são jovens recrutados nas universidades da Índia e endoutrinados para o ódio e a vingança do massacre de milhares de muçulmanos por grupos hindus no início dos anos 90.Jacquard descarta uma participação da Al Qaeda, mas afirma que a rede de Osama bin Laden inspirou os autores do atentado de Mumbai. "Os métodos são parecidos, como o ataque a lugares turísticos em grandes centros econômicos".Gareth Price aponta para a defasagem dos serviços secretos indianos em relação aos terroristas: "Os ataques a bomba aumentam em freqüência e escala, ganhando até proporção de operação militar. O que falta na Índia é inteligência sobre esses grupos. É sempre reativa. Faltam claramente medidas preventivas."Jacquard explica que a ineficiência dos serviços secretos é fruto do modelo de gestão administrativa da Índia, descentralizado e descoordenado."Sem contar o ataque de Mumbai, em um ano houve pelo menos 220 mortes em atentados terroristas na Índia. O país percebe, estarrecido, que há dentro de seu território jovens nascidos e criados ali dispostos a tudo para espalhar o terror", diz o especialista.
Frases
"As pessoas estavam levando tiros no corredor, havia corpos pelas escadas.Era o caos total"
"As pessoas estavam levando tiros no corredor, havia corpos pelas escadas.Era o caos total"
BROOKE SATCHWELL - australiana hospedada no Taj Mahal
"Tirei meus sapatos e saí correndo, empurrada pelos funcionários do hotel. Não vi terroristas ou pessoas feridas, só sangue pelo chão, sobre o qual tive que andar descalça"
ESPERANZA AGUIRRE - espanhola hospedada no Taj Mahal
"Eles [terroristas] estão no comando. Vários aspirantes a chefs foram massacrados na cozinha"
DIPAK DUTTA - refém indiano resgatado do Taj Mahal
"Vamos deixar bem claro para nossos vizinhos que o uso do território deles para lançar ataques contra nós não será tolerado"
MANMOHAN SINGH - premiê indiano
Um comentário:
Li em algum lugar, ou ouvi, não tenho certeza que "islamismo não é religião, é ideologia". E eu sempre achei que ideologia fosse religião. Acho que não existem diferenças práticas entre as duas, realmente.
O negócio é tomar o poder a força de armas e terror e submeter todos a sua própria visão de mundo. A Igreja fez isso durante séculos, o Islamismo começou desta maneira, os comunistas, os franceses da revolução...
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