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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Herta Müller e a Ditadura Petrificada


A escritora romeno/alemã Herta Müller, ganhadora do Nobel de Literatura de 2009.

Existem poucas informações, em português, na WEB -- na verdade, pesquisei apenas no google -- sobre a escritora alemã, que nasceu na Romênia, Herta Müller, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2009.


Curioso, tentei pescar uma passagem de algum livro dela. Dizem que ela também é poetisa. A informação mais consistente que consegui foi da AFP, onde também busquei a foto acima.

Mas, afinal, quem é Herta Müller?

Ora bolas, ela sentiu na pele como é dura a vida de um regime totalitário, pois viveu 34 anos de sua vida na Romênia comunista. E foi exatamente essa experiência, segundo a AFP, que ela buscou para contar em seus livros a vida cotidiana em uma ditadura petrificada, conforme foi mencionado pela própria Academia Sueca que concede o Nobel.

Interessante, aqui no hemisfério sul, pessoas alinhadas a uma certa ideologia, como a senadora colombiana, amiga de Chávez e das FARC, Piedad Córdoba (li isso no Pobre Pampa) são cotadas para receber o Nobel, mas a academia insiste em dar prêmios exatamente para as pessoas críticas e que sentiram na pele a vivência de uma vida sem democracia. Não é o caso, por exemplo, da Colômbia de Piedad e Uribe.

Hertha Müller tem hoje 56 anos (confere, o mundo comemora 20 anos da queda do muro de Berlim) e é romancista, contista, poeta e escritora, e segundo a nota da AFP, goza de grande notoriedade entre os escritores de língua alemã e na elite intelectual de seu país natal.
A qualidade de sua escrita e a coragem de suas metáforas já renderam vários prêmios literários, incluindo o Kleist, uma das maiores recompensas alemãs, em 1994, e o Prêmio Würth de literatura europeia em 2006.
"Na cidade em que cresci, não havia romenos. Aprendi o romeno no colégio como se fosse uma língua estrangeira", explicou uma vez a escritora.
Nascida em 17 de agosto de 1953 em Nitchidorf, perto de Timisoara, em uma região de tradição de língua germânica, Banat, Herta Müller é neta de um agricultor e comerciante acomodado que perdeu as propriedades com o comunismo. Sua mãe foi deportada para um campo de trabalho da União Soviética depois da Segunda Guerra Mundial. Seu pai foi membro das Waffen SS (corpo militar das SS) durante a guerra.
Entre 1973 e 1976, estudou alemão e literatura romena na Universidade de Timisoara. Ao fim dos estudos, integrou uma associação de escritores de língua germânica, o "Aktionsgruppe Banat" (grupo de ação de Banat) e trabalhou como tradutora em uma fábrica.
Em 1979 perdeu o emprego de tradutora por ter se recusado a colaborar com a Secumritate, a polícia política do regime comunista, que nunca deixou de perseguir a escritora.
Depois de ser demitida, passou a dar aulas particulares de alemão e se dedicar à literatura.
Em 1987 se exilou na Alemanha Ocidental. Atualmente mora em Berlim.
Pouco conhecida do grande público até o início dos anos 2000, Herta Müller foi descoberta pela crítica alemã em 1984, com a publicação do livro de contos "Niederungen" ("Em Terras Baixas"), que saiu clandestinamente da Romênia.
Entre suas obras se destacam "Der Mensch ist ein großer Fasan auf der Welt" ("O Homem é um grande faisão no mundo") e "Der Fuchs war damals schon der Jäger", nas quais descreve a vida cotidiana em um Estado totalitário.
Em "Herztier" pinta o mundo dos dissidentes romenos. Em "Heute wär ich mir lieber nicht begegnet" mostra a angústia de uma mulher convocada pela polícia política de Ceaucescu.
Seu último romance, "Atemschaukel", que trata do exílio dos alemães da Romênia para a URSS en 1945, foi aclamado pela crítica alemã ao ser publicada em agosto.
Herta Müller gosta de recortar palavras nos jornais e revistas. Ela as classifica para depois utilizar ou deixar que envelheçam em um canto de seu escritório, já que considera as mesmas uma metáfora da vida.
Antes de Müller, o último alemão a vencer o Nobel de Literatura foi Günter Grass, em 1999. Herta Müller é a 12ª mulher a conquistar o prêmio.

Um comentário:

charlie disse...

Incrível. O muro caiu, a União Soviética desapareceu e hoje apenas uma ilhota caribenha e uma península asiática empobrecida mantém a chama comunista acesa. Os inúmeros relatos, os arquivos, as verdades vieram a tona e mesmo assim existem os que cultuam a tirania marxista. Incrível.