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Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sábado, 17 de outubro de 2009

A Cínica Vingança Bastarda




O personagem central de Bastardos Inglórios não é Brad Pitt, aquele que manda escalpar os malditos nazis, mas Cristoph Waltz, oficial alemão poliglota, educado, culto, tem boa conversa, exala finesse e jeito dandy. Tem horas que o cabra fica tresloucado. Ele é um detetive chamado: caçador de judeus. E por isso ele é malvado. Muito malvado. Sabe como é que os judeus estão se vingando dos nazistas? Através do cinema. Essa é a grande sacada do último filme de Tarantino. O sonho judeu é queimar os nazistas dentro de um cinema. E Tarantino garante o sonho. Eu pago a bilheteria.

Tarantino é de Knoxville, Tenessee. Uma cidade caipira, onde nasceu Aldo Raine ( Brad Pitt) que convoca os inglórios bastardos para uma revanche, uma vingança contra os malditos nazis. O western de Sérgio Leone entra em cena, com direito a muito escalpe. O movimento de câmera é típico. O velho clichê dos westerns, os malvados se aproximam da família intimidada. O pai diz para as filhas se esconderem dentro de casa. Os malvados estão chegando. Eles se aproximam. A música envolve. E o malvado chega. É o coronel Hans Landa. Surpresa, ele é simpático, boa conversa, super educado, recusa o vinho oferecido, mas aceita o copo de leite recém tirado da vaca. Um sujeito perspicaz, perigos e muito, muito, muito cínico. No final das contas, a grande tragédia: o coronel chama os soldados que disparam suas metralhadoras contra a família judia. Todos morrem, menos a mocinha que corre chorando pelo campo. Corta.

A mocinha judia se chama Shosanna Dreyfus e é bem bonitinha. O tempo passa e ela é dona de um cinema na Paris ocupada. Um heroi nazista se aproxima - é o soldado Frederick Zoller (o Daniel Bruhl do Adeus Lenin) que matou 300 inimigos no alto de um campanário e fez um filme propaganda contando sua própria história. Ele se prepara para a grande estréia. Zoller parece queridinho, fala bem francês, se apaixona por Shosanna. O casal até combina. Parecem pombinhos. Mas a lindinha gosta mesmo é do negrão que trabalha com ela operando a máquina do cinema. Notável. O bonitinho herói nazi não desiste, intima e convoca Shosanna para um coquetel nazi. E, quem diria, a judia bonitinha - obrigada - está ali comendo tortas de maçã com aquele cínico oficial alemão que mandou trucidar, com os tiros do ódio, sua querida família. Ele oferece para ela um copo de leite. Corta de novo.

O cinema é mesmo um bom local para se fazer uma revanche. Convoca-se todos os malvados para assistirem a grande estréia do novo herói. Aquele que matou 300. Ato contínuo, lacra-se as portas com barras de ferro e a chama do cigarro que queima forte se mistura com os rolos dos filmes derretidos. Dito e feito, os corpos brancos dos malditos nazis estão ali todos cremados. É a glória. A vitória dos bastardos inglórios. O prato da vingança, definitivamente, se come pelos cantos. Os filmes de Tarantino sempre terminam com poucos personagens. E todos eles ficam marcados.

3 comentários:

charlie disse...

"Os filmes de Tarantino sempre terminam com poucos personagens." uma grande verdade sobre filmes do Tarantino. hehe

senna madureira disse...

Maia, velho amigo

Depois de ler o seu blog tive que mudar meus planos de ontem à noite

Fui ver o filme do Tarantino.

A cena final entre Aldo (Brad Pitt) e o coronel Hans Landa (Cristoph Waltz) poderia ser aplicada na politica brasileira.

Afinal que faz acordos com o inimigo para levar vantagem, deveria ser marcado na testa definitivamente...

Seriam poucas as testas não tatuadas no Brasil....

Grande abraço

Senna Madureira

Carlos Eduardo da Maia disse...

Senna, ao que parece a arte da política é fazer acordo com os inimigos.... O atual prefeito do Riiiio é exemplo vivo disso. Sempre foi tucano e agora virou um Lulista. Como diz o povo: faz parte.