Diversidade, Liberdade e Inclusão Social
Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O Ninho do Estado "Global Player" e o Dom da Desconfiança
Continuo leitor do pensamento de esquerda. E concordo com eles acerca de certas idéias. Uma delas é a de que o governo Lula concluiu a "modernização reacionária" do Brasil iniciada por Getúlio Vargas nos anos 30, como disse o professor sociólogo Luiz Werneck Vianna em matéria publicada na Folha de hoje.
Para Werneck Vianna, o presidente lidera uma "comunidade fraterna sob comando grão-burguês", em que ele "cimenta a unidade de contrários", mas com a hegemonia concedida ao grande capital rural e urbano.
A esquerda adora dizer que o governo Lula é um governo em transformação, um governo em disputa, tendo em vista a participação multifuncional de grande diversidade ideológica. Exemplo, o Ministério da Agricultura é ligado ao agronegócio e o Ministério da Reforma Agrária é ligado aos interesses do MST.
Segundo Werneck, ainda dentro dessa ótica, o Brasil se tornou um "global player" e vive a "hora da virada". "Vamos para uma escala de desenvolvimento que vai reiterar as mais doces expectativas que acalentamos nos anos 50 e 60". O problema, continuou, é que todos os setores "se aninharam no interior do Estado", do agronegócio aos sindicatos, passando pela indústria paulista. Esse Estado "verticalizado e centralizado", por sua vez, se diz "representante de todos", o que esvaziaria o debate público."A arca do tesouro vai servir a quem?", perguntou, referindo-se ao petróleo do pré-sal e às antigas demandas por justiça social. "Vamos organizar o capitalismo numa social-democracia avançada. Sim ao Estado forte, mas sob controle da sociedade, não sobreposto assimetricamente a ela", pregou.
No mesmo encontro o presidente do IPEA, o complicado Márcio Pochmann, disse há agora "uma maioria política" capaz de deixar para trás o projeto de "integração passiva e subordinada" do Brasil ao mundo. Mas, para ele, ainda está em jogo que tipo de desenvolvimento o Brasil terá. "Teremos a mesma dinâmica do século passado, baseada em casas, carros, bens de consumo duráveis? Ou um desenvolvimento ambientalmente sustentável?", perguntou.
Pochmann defendeu que a disputa entre PT e PSDB pela "condução do atraso brasileiro" na eleição de 2010 definirá a continuidade do projeto de "capitalismo organizado" ou a volta à "financeirização" não produtiva. Os possíveis candidatos tucanos "têm menor possibilidade de se aliar às forças do produtivismo", disse.
O que irrita no pensamento de uma certa esqueda é o dom da desconfiança. Quem disse que o futuro presidente da república, seja ele quem for, vai destruir completamente todos os projetos do governo Lula? Ou de que -- quanta besteira Pochmann!!! -- que o canditado tucano vai ter dificuldade com as forças do produtivismo???
Quanta tolice, mesmo que Serra seja eleito -- e ele, convenhamos, não é nenhum "neoliberal" -- ele deve manter uma certa linha de independência e autonomia do Brasil em relação aos outros países, na ótica de um capitalismo mais organizado. No fundo, no fundo, o problema que está por trás de tudo isso é gestão e, sobretudo, gestão pública, o grande político, no mundo do "global player" é exatamente aquele que tem mais capacidade de gestão da coisa pública. E um bom gestor tem de ter certos atributos e, talvez, o mais importante é ter coragem.
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Um comentário:
Caro Maia, que projetos de da Silva poderiam ser destruídos por um eventual presidente que não seja petista? Na área social, ele apenas agregou - e pirou - os programas sociais, criando uma casta de incapazes. Na área econômica, manteve os mesmos parâmetros de FHC. Houve progressos, sim! Nuncaantesnestepaís, se gastou tanto em coisas que não renderam absolutamente nada para o povo. Nucaantes a máquina pública teve tamanho inchaço, sem que isso correspondesse a uma melhoria dos serviços. Não, caro Maia, nada será destruído, pelo menos, nada que já não tenha sido destruído.
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