O ano é 2.016. A Copa do Mundo será em 2.014. Pois em 2.016 não haverá mais carroças circulando na capital nacional das carroças, Porto Alegre.
Por 22 votos a 12, foi aprovado projeto do vereador Sebastião Melo (PMDB) proibindo o tráfego de carroceiros nas ruas de Porto Alegre.
A sessão foi tumultuada. O assunto é complicado e polêmico, mas é importante. O PT - para fazer média - votou contra, a exceção foi o voto do Vereador Adeli Sell que foi chamado de Adelixo.
O fim das carroças em Porto Alegre faz parte da organização de uma cidade moderna. As carroças atrapalham -- e atrapalham mesmo -- o trânsito e o fluxo da vida na grande cidade. Além disso, são muitas as queixas sobre os maus tratos dos cavalos. Infelizmente, existem aqueles que sobrevivem catando lixo, mas isso, em um mundo socialmente desenvolvido (não é o nosso caso, infelizmente) não deveria ser profissão. Morar embaixo da ponte ou catar lixo dos outros são tristes realidades que não deveriam acontecer. Mas acontecem.
A promessa é de que a prefeitura deve garantir alternativas de renda para as famílias dos carroceiros. Outro dia o cronista da capital gaúcha, o Paulo Sant'ana, fez o trajeto diário de um carroceiro, andou de carroça da ilha das Flores até o centro da capital gaúcha (foto acima). O carroceiro era um sujeito humilde, bem humorado e com mais de cinco filhos. Sua renda é de R$ 800,00 por mês, catando lixo de carroça. Dizem os carroceiros que se eles tiverem que catar lixo em lugares para esse fim, essa renda diminui pela metade. É possível sim.
Mas o que está errado nisso tudo é que essas pessoas são abandonadas pelo Estado. Primeiro, um carroceiro não tem que ter cinco filhos. E será que esses filhos do carroceiro estão matriculados em escolas públicas? Será? E em que situação vive essa família? E muitas vezes, o carroceiro delega essa atividade aos filhos e se vê muitas vezes carroças andando em ruas movimentadas na capital dos gaúchos conduzidas por menores de idade. E ninguém faz nada.
O projeto é polêmico, mas olhando todos os pesos e medidas, foi importante para a cidade essa aprovação Pode sim gerar injustiça, mas é medida que deve ser feita, até mesmo para fazer com que o Estado e a prefeitura não sejam tão omissos em relação aqueles que mais necessitam do fundamental serviço público. Mas quem confia nos serviços públicos?
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