O advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, disse ontem, por meio de sua assessoria, que pode chegar a US$ 5 milhões o valor total de seus contratos com a VarigLog, entre honorários, custas judiciais e outras despesas. Segundo ele, a quantia se refere a um ano e dez meses de serviços em mais de 300 processos, e não apenas a sua atuação na venda da companhia, em 2006, para o fundo americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.
O negócio foi posto sob suspeita pela ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, que denunciou ter sido pressionada pela Casa Civil para não exigir documentos que pudessem revelar que o sócio estrangeiro era o real controlador da companhia, o que fere a lei.Um dos sócios brasileiros, Marco Antonio Audi, disse que Teixeira recebeu US$ 5 milhões "para resolver" o problema. Teixeira negou ter usado sua influência e disse que o valor recebido era "bem menor", sem falar em números.A assessoria do advogado informou que ele não voltou atrás em suas declarações e deu uma explicação semântica. Teixeira disse que desmentiu Audi porque este afirmou ter pago os US$ 5 milhões "do contrato até a aprovação" da venda da VarigLog, período de quatro meses, entre março e junho de 2006.Segundo ele, os pagamentos que, somados, se aproximam dessa quantia aconteceram de março daquele ano a janeiro deste ano. "A totalidade da remuneração jamais foi objeto de questionamento", diz nota do escritório Teixeira, Martins Advogados em resposta à reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada ontem.A mesma explicação foi usada em relação à declaração dada por Teixeira na quarta-feira passada no Senado, quando disse ter recebido US$ 350 mil da VarigLog. A quantia, sustenta ele, é o valor exato recebido naqueles quatro meses (março a junho de 2006).Ainda na quarta-feira, em entrevista à Folha, questionado sobre o valor total pago pelos serviços prestados à VarigLog, Teixeira disse ser "menos" que os US$ 5 milhões, mas se recusou a falar em valores. A Folha voltou a pedir ontem o valor exato pago ao escritório, mas não recebeu resposta.Planilhas publicadas ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostram pagamentos de US$ 3,26 milhões feitos à Teixeira, Martins e Advogados, entre eles o de uma taxa de sucesso de US$ 750 mil paga assim que a Varig, adquirida pela VarigLog, conseguiu autorização da Anac para voar.Os pagamentos, segundo a planilha, foram feitos por sete empresas pertencentes aos sócios da VarigLog: VRG Linhas Aéreas, VBP do Brasil, Volo do Brasil, Varig Logística, Volo Logistics, Matlin Patterson USA e Matlin Patterson LA."Não precisava mentir"Audi disse ontem que pode ter cometido um "erro cronológico" em alguma declaração, mas que em diversas entrevistas dadas nas duas últimas semanas afirmou que se referia a pagamentos feitos até 2008. "Tenho falado semanalmente que esses valores eram de 2006 para cá. Teixeira vai se enforcar na própria corda; ele não precisava ter mentido."Audi, afastado do comando da VarigLog pela Justiça, disse ainda não saber o valor exato pago a Teixeira, mas que ultrapassam os US$ 5 milhões. "Nos valores de dólares de hoje, passou de US$ 5 milhões. Não tem jeito, está lá no SAP (sistema de gestão) da empresa."
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