Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


segunda-feira, 30 de junho de 2008

Zander Navarro e o Pingo no I


Zander Navarro é sociólogo do Departamento de Sociologia da UFRGS, ele aparece na foto acima de barba, e teve seu nome citado na petição inicial da polêmica Ação Civil Pública que o Ministério Público do RS move contra o MST.

Li hoje no Rs Urgente que Zander Navarro ficou p. da cara por ver seu nome incluído na aludida ação. Zander gosta de fazer média com certa esquerda.

Diz o Rs Urgente:
Zander Navarro do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, escreveu artigo manifestando solidariedade irrestrita ao MST e à reação ao “abuso de poder que vem tentando encurralar os trabalhadores rurais sem-terra de exercerem um direito constitucional de organização”. Ele critica o Ministério Público do estado que fez graves acusações ao movimento, sugerindo o seu cerceamento, e condena a citação de seu nome na ação do Ministério Público de “forma distorcida”. Clique AQUI para ler.


Eu cliquei ali para ler e ali está uma longa carta contando a sua história, do MST e o escambau.

Lá pelas tantas, no último parágrafo da correspondência, ele toca na raiz de todo o problema:


"Ao optar pela reiteração de uma forma de existência semiclandestina, o MST arrisca-se a perder apelo popular e, especialmente, a legitimidade de suas ações e formas de pressão tornam-se igualmente reduzidas."

Este é o ponto. O pingo no i.

E Manuela Sobe


Estou cantando essa pedra agora, mas o segundo turno em Porto Alegre pode ser entre Manuela Dávila (PC do B) e José Fogaça (PMDB).

Manuela disparou, segundo a última pesquisa do Correio do Povo divulgada hoje.
Na espontânea, Fogaça tem 9,2% e Manuela com 4,6% passou Maria do Rosário do PT com 4,5%.
Na estimulada, Fogaça tem 28,1% e Maria do Rosário com 19,6 e Manuela 18,3%, seguidos por Luciana Genro e Onyx Lorenzoni, ambos com 8,6%.
Por que Manuela sobe? Porque ela cativa os votos da juventude, ela não está completamente colada no PT e sua candidatura é mais palatável à classe média do que Rosário...
O vice de Manuela é o Berfran Rosado do PPS, ligado ao grupo politico do polêmico ex governador Antônio Britto, detestado por certa esquerda que chama a classe média de classe mérdia.
Por falar em classe média, a Marta Suplicy está desesperadamente atrás desse voto, que é decisivo nas grandes cidades brasileiras. O problema do PT está exatamente aí, existe uma grande desconfiança da classe média brasileira em relação ao PT.

A Receita da 'Lógica Enganosa' de LFV


Luiz Fernando Veríssimo escreveu o seguinte artigo, ontem no Estadão e hoje na Zero Hora, sobre o lamentável episódio envolvendo a morte de três jovens do Morro da Providência que foram entregues a mando de um tenente do exército para traficantes do Morro da Mineira:
Diz LFV e volto depois:
As legiões
Existe uma coisa chamada lógica enganosa, um pensamento que parece perfeitamente razoável até se revelar que não é. Por exemplo, dois-pontos. As Forças Armadas existem para proteger a nação dos seus inimigos. Os maiores inimigos da nação, hoje, são os criminosos bem armados que dominam boa parte do seu território e são uma ameaça constante aos seus cidadãos. Os meios convencionais de combater esses inimigos não funcionam. A criminalidade aumenta, a nação se sente indefesa. A solução? Mandar as Forças Armadas saírem dos quartéis e usarem suas armas, hoje de uso exclusivo das forças bandidas, para combater o crime. Mobilizar esta força ociosa para que cumpra seu papel de defender a pátria. O silogismo é falso e perigoso, como se viu na recente experiência carioca. Exército agindo contra o crime não acaba com o crime e corre o risco de corromper o Exército. Exército na rua para manter a ordem está a poucos passos de estar na rua para impor exceção e arbítrio. O Brasil é um dos raros países do mundo que não seguiu o exemplo da Roma antiga, onde as legiões eram aquarteladas longe da cidade justamente para prevenir a tentação de usá-las a qualquer pretexto - não que isso as tenha impedido de muito intervir na vida civil dos romanos. O fato de os quartéis brasileiros estarem geralmente dentro de perímetros urbanos só aguça a lógica enganosa, pois realça a inutilidade de uma força militar dedicada aos seus rituais internos e à preparação para guerras hipotéticas enquanto na rua em frente, ou no morro atrás, o crime corre solto e o inimigo toma conta. Fica difícil convencer as pessoas de que esse aparente contra-senso é preferível a transformar militar em polícia. Que é melhor para nossa saúde cívica as legiões ficarem longe de Roma, metaforicamente falando.

Voltei:
A receita da "lógica enganosa"é a seguinte: pega-se um fato, adiciona-se belas teorias e se reduz tudo àquele fato. Pronto, o fato isolado toma conta da lógica.

Annie Leibovitz









Para encontrar a americana Annie Leibovitz é preciso mostrar a que se veio. Quem quer que seja deve enviar seu currículo ("detalhado, por favor") com antecedência. E, de todo modo, não espere muita coisa: você terá no máximo 20 minutos com ela.Aos 58 anos, a fotógrafa das estrelas imortalizou todos os que contam no planeta, sejam políticos, esportistas, atores, cantores ou empresários, de George Bush a George Clooney, de Patti Smith a Bill Gates.E as maneiras de seus modelos parecem ter-se decalcado nela. Para o vernissage em Paris de sua exposição na Casa Européia da Fotografia [até 14/9], ela chegou de limusine.E suas entrevistas mais parecem "junkets", esses pequenos encontros em série que os astros do cinema fazem com a imprensa internacional.Destaque da revista "Vanity Fair" há 25 anos, ela começou na "Rolling Stone" com 20 anos, em 1970, clicando os heróis da era rock and roll. Quem não se lembra da simbólica foto de John Lennon nu, enrodilhado em Yoko Ono, feita horas antes de seu assassinato?Outras imagens suas também causaram sensação, como a de Demi Moore, em 1991, grávida de oito meses e vestida apenas com um enorme anel de brilhantes. Hoje Annie Leibovitz é a retratista mais requisitada do mundo. E a mais cara.Mas de perto a fotógrafa americana não tem nada de estrela. Calma, direta, vestida descontraidamente, sem nenhuma maquiagem, deixa claro que seu modo de vida não tem nada de glamouroso."Eu não almoço com Mick Jagger, se é o que você quer saber. Há algumas pessoas das quais me tornei amiga, como Patti Smith, mas é muito raro.Todos nós temos agendas sobrecarregadas." E acrescenta: "De todo modo, não tenho necessidade de muitos amigos".A fotógrafa não recua diante de nada para tirar "a" foto: mandar construir um aquário gigante para nele mergulhar a atriz Kate Winslet ou obrigar Demi Moore a suportar 13 horas de maquiagem para aparecer nua com um falso figurino pintado sobre o corpo.Ninguém se recusa a posar para Leibovitz. Mas, mesmo para a estrela da fotografia, a liberdade é estreitamente vigiada. Na indústria em que se tornou a celebridade, Leibovitz é antes de tudo uma engrenagem eficaz. E sabe disso."Está no meu contrato que devo fazer capas, mas não gosto. As capas servem para vender, as revistas são obcecadas por elas. Não posso pedir que as pessoas posem com suas roupas de todo dia, elas têm de usar marcas. Nesse nível deixa de ser uma foto, é publicidade." Fotos irônicasEla gosta mais das fotos irônicas, como a do bilionário Donald Trump, ridículo ao lado de sua mulher muito jovem e grávida, vestida com um biquíni dourado, ao pé de um jatinho."São as que prefiro. Mas nem sempre é possível." A maioria de seus retratos são imagens eficazes e espetaculares, que quase sempre atingem o alvo.Ao contrário das celebridades que fotografa, Leibovitz fala à vontade sobre sua vida privada. Sua exposição nasceu de um livro intitulado "La Vie d'une Photographe - 1990-2005" [A Vida de Uma Fotógrafa], que mistura suas fotos de estrelas em ricas cores com um grande número de imagens pessoais em preto-e-branco.Ou seja, de um lado um mundo de sonho e beleza, onde o tempo não passa. E, do outro, um mundo de dor e tristeza.Pois, apesar de alguns instantes de felicidade familiar, como o nascimento de suas três filhas, lembramo-nos sobretudo das imagens que mostram a famosa ensaísta Susan Sontag, que foi sua companheira durante 15 anos, definhando de câncer em um hospital e finalmente morrendo."Quando fiz esse livro, vi as fotografias desse período e percebi que as mais importantes para mim eram as fotos pessoais. Susan acabara de morrer, meu pai acabara de morrer...Em certo momento isso coloriu toda a minha vida."Seu discurso desacelera.Tenta explicar por que fez essas fotos. "Quando os tratamentos fracassaram, me obriguei a fotografar. Susan teve uma morte horrível, dolorosa. Quando estamos assustados, angustiados, recorremos ao que nos define.Tinha a fotografia antes de conhecer Susan, e a teria depois dela. Utilizei-a como consolo."Sua emoção é visível, mas se recompõe rapidamente. Fotografou celebridades demais para se deixar levar pela ilusão das imagens. "Você sabe, são apenas fotos. Fabrico uma história.Mas não é a vida." Os 20 minutos se passaram. Annie Leibovitz cumprimenta a repórter pelas perguntas. Ela gostaria de continuar, então propõe que você lhe telefone mais tarde. Mas alguns dias depois sua secretária lhe dirá que ela está ocupada demais.

Artigo de Claire Guillot que saiu no Le Monde e foi publicado ontem no Caderno Mais da Folha.



UNE na Frente da Casa da Yeda


"Não tem dinheiro para educação, mas tem dinheiro para comprar uma mansão."

Foi isso o que disse uma estudante - vinculada a UNE - que está agora na frente da casa da governadora Yeda Crusius protestando.

A mesma UNE que se cala diante do mensalão, porque ganha uma graninha legal do governo federal.

Mas a Yeda também deixa a bola picando: porque ela não explica a compra de sua casa.

Informações da Band News.

domingo, 29 de junho de 2008

O Brasileiro paga a Conta. O Estado arrecada bem. E o Serviço Público é Raquítico!

O Estado Brasileiro é como essa foto do Rodrigo Braga: é uma 'alegoria perecível."
Sobre isso, é notícia na Folha de hoje:

Imposto de Renda sustenta aumento da arrecadação do governo


O Estado brasileiro está faturanto legal.
E da onde sai essa grana?
Do Imposto de Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).

Na Folha:

O maior salto percentual na arrecadação desses tributos e no volume de recursos veio do IR pago pelas empresas, que aumentou 61,5% no período e totalizou R$ 71,5 bilhões em 2007.
As pessoas físicas deixaram 25,1% a mais de tributos no caixa do governo nos últimos quatro anos. Foram R$ 55,2 bilhões, incluindo o que é recolhido na fonte sobre os contracheques, o pagamento devido na declaração anual de ajuste e a venda de ações.

Pois é, a arrecadação vai de vento em popa:

Em 2008, a arrecadação federal de impostos e tributos fechou os primeiros cinco meses em R$ 275,4 bilhões. O resultado é recorde e representa uma alta de 11,13% sobre o mesmo período de 2007.

Isso é reflexo de dois fatos: crescimento da economia e aumento da carga tributária, sendo que esta atinge o maior patamar da história, de 38,9% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre deste ano, representando um aumento de 1,87 ponto percentual em relação ao ano passado.

Resumo da opera: a grana gerada pela sociedade brasileira - por todos nós - ela paga bem para que o Estado preste um bom serviço.
Mas o Estado faz um péssimo serviço. O serviço público brasileiro - sem generalizar - está longe de ser considerado de razoável eficiência. Continua ineficiente

Leia a matéria completa na
Folha .

sábado, 28 de junho de 2008

Do Café Cubano





Tudo isso no Café Cubano.

Em Cuba - Os Velhos Aparelhos da Era Soviética que Resistem a Morrer


Pseudônimos



Julinho de Adelaide - Chico Buarque
Suzana Flag - Nelson Rodrigues
Helen Palmer - Clarice Lispector
A.N. Roquelaure (Anne Rice)
Anatole France (Jacques Anatole François Thibault)
Boas Noites (Machado de Assis)
Bustos Domecq (Adolfo Bioy Casares, Jorge Luis Borges)
Carlos Zéfiro (Alcides Caminha, funcionário do BB e compositor de A Flor e o Espinho; com Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito)
Ellery Queen (Frederic Dannay, Manfred B. Lee)
Ferreira Gullar (Antônio Ribamar Ferreira)
George Eliot (Mary Ann Evans)
George Orwell (Eric Arthur Blair)
George Sand (Amandine Dupin)
Inimigo dos Marotos (D. Pedro I, quando queria insultar desafetos nos jornais)
Isak Dinesen (Karen Blixen)
Lewis Caroll (Charles Lutwidge Dodson)
Malba Tahan (Júlio César de Melo e Sousa)
Mark Twain (Samuel Langhorne Clemens)
Mary Westmacott (Agatha Christie, quando resolvia não reunir todos numa sala para se acusarem até chegarem ao assassino, ao escrever romances policiais)
Molière (Jean-Baptiste Poquelin)
O Duende (D. Pedro I, quando queria insultar desafetos nos jornais)
Pablo Neruda (Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto)
Richard Bachman (Stephen King)
Stendhal (Marie-Henri Beyle)
Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima)
Vitor Leal (Olavo Bilac, Aluísio de Azevedo, Coelho Neto e Pardal Mallet)
Voltaire (François Marie Arouet)
Possidônio Cezimbra Machado - Marcelo Gama, poeta simbolista
Tristão de Ataide - Alceu Amoroso Lima
Artur da Távola - Paulo Alberto Monteiro de Barros
Marques Rebelo - Edi Dias da Cruz
Juó Bananére - Alexandre Ribeiro Marcondes Machado
João do Rio - João Paulo Emilio Cristovão dos Santos Coelho Barreto
Qorpo-Santo - José Joaquim de Campos Leão
Pedro Dantas - Prudente de Morais Neto
Pagu - Patricia Galvão
Bob Dylan (Robert Alan Zimmerman)
David Bowie (David Robert Hayward-Jones)
Shabba Ranks (Rexton Ralston Fernando Gordon)
Bon Scott (Ronald Belford)
Alice Cooper (Vincente Fournier)
Peter Tosh (Winston Hubert MacIntosh)
Iggy Pop (James Jewll Osterberg)
Bono Vox - foto (Paul Hewson)
Axl Rose (Willian Bailey)
Flea (Michael Balzary)

Via Crusius - Melchiades Filho


É sempre bom ler jornalistas de fora comentando a política interna gaúcha.


Este artigo do Melchiades Filho saiu na Folha de hoje.


Via Crusius



O PT pode não derrubar Yeda Crusius, mas sai reanimado do caso Detran (ou Banrisul ou Projovem... existem tantas frentes de pilantragem que o caso não recebeu "nome fantasia" à altura). A eleição da governadora tucana tinha significado uma inflexão na política gaúcha. Pela primeira vez na década, houve três nomes competitivos, e o debate não se restringiu ao Gre-Nal entre petistas e antipetistas. Porto Alegre preparou-se para confirmar a tendência neste ano, com cinco candidatos fortes. Com o escândalo de desvio de verbas e caixa dois eleitoral, porém, a polarização deve ressurgir. Primeiro, porque o PT capitalizou a indignação do eleitor (mais de 70% dizem seguir o noticiário). Apesar da maioria governista na Assembléia Legislativa, o trabalho da CPI não deixou de avançar. Segundo, porque a crise abala vários oponentes. Yeda é do PSDB, mas o Detran quem controlava era o PP, o Banrisul estava na mão do PMDB, o vice dedo-duro pertence ao DEM, o secretário grampeado é do PPS (do prefeito José Fogaça)... Poder botar todos no mesmo balaio será um trunfo petista em outubro e também em 2010 -Yeda se lascou e Germano Rigotto (PMDB), que se insinuava como a "terceira via", sai arranhado, pois o esquema de corrupção é herança de sua gestão. O PT tinha três problemas para se reerguer no RS: 1) má avaliação de seus governos recentes; 2) falta de idéias (o orçamento participativo não cola mais); 3) racha interno. Resolveu dois deles com o presente que ganhou dos céus (quer dizer, da PF de Tarso Genro). Poderá dizer: Ruim comigo, pior "semigo". Quanto ao terceiro, um Detran parece não bastar. A perspectiva de poder acentuou a rixa entre as correntes, como atestam o isolamento da candidata Maria do Rosário em Porto Alegre e as cotoveladas entre petistas gaúchos na Esplanada dos Ministérios. Só por isso Manuela D'Ávila (PC do B) ainda tem chances de surpreender na capital.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Intolerâncias



Eu fico abismado, completamente incrédulo, amargamente estupefato quando leio certas mensagens na blogosfera e em certos sites. São personagens que têm problemas graves, gravíssimos. Eles têm tamanho ressentimento e rancor que não fazem outra coisa senão exalar um ódio sistemático e de agressividade irracional em relação a certos pensamentos, grupos, maneira de ser, estilo de vida, crenças e convicções.


Quem navega pelos blogs alternativos de esquerda e até mesmo de direita sabe muito bem do que estou falando. A intolerância parece que reina em certos espaços e grupos.

Um dos assuntos mais palpitantes do momento é essa ação civil pública que o MP do RS moveu contra o MST. Segundo explicação do MP, essas ações são acautelatórias, elas foram feitas para evitar conflitos. Mas essa discussão que é fundamental é completamente omitida em certos espaços de esquerda. Ela é evitada porque não importa, o importante é o conteúdo fascista e de guerra fria da manifestação do MP-RS.
E é impossível ir além no debate, porque a atitude do MP-RS é fascista e ponto final.
Pouco importa que os censuráveis e intoleráveis atos que o MST pratica como: bloquear o livre fluxo da vida, invadir propriedades, fazendas produtivas, indústrias, queimar plantações, dizimar pesquisas, quebrar escritórios, matar animais, fazer pichação. Enfim, isso não importa, porque "o MST é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo! Falar mal do MST é percado mortal.
Este blogueiro, assim como a opinião pública brasileira e gaúcha, está plenamente de acordo com o MP-RS. Mas quando defende esse ponto de vista - totalmente democrático - nos blogs alternativos de esquerda.

É uma intolerância que está enraizada, introjetada na mente. Ela se manifesta tanto nas grandes questões que envolvem disputa políticas, mas também na forma como se encara o diferente. É impossível, é pecaminoso pensar diferente: a razão é nossa, o conhecimento nós temos.

E como é que um pequeno blogueiro, membro do revolucionário movimento dos pequenos blogueiros (MPB) pode lidar com a intolerância?

Devemos ser tolerantes com ela?

Ou intolerantes?

Bella


Quer conhecer Nova York sem glamour? Quer saber como é o universo da cultura rico-mex- metade porto-riquenha, metade mexicana - na Big Apple?
Corra, vivente, vá assistir o filme Bella, produção americana e mexicana, dirigida por Alexandro Monteverde.
O filme tem altos e baixos. É a história de José (Eduardo Verástegui) que é chef de próspero restaurante da família, administrado com rédea curta pelo irmão mais velho (Manny Perez).

José era jogador de futebol do MetroStars de Nova Jersey e quando estava no auge da carreira algo aconteceu. O filme vai e vem. Passado, presente e futuro se intercalam. Este episódio traumático fez José deixar a barba e o cabelo crescerem e ele se enclausurou num exílio pessoal. No restaurante, José encontra Nina(Tammy Blanchard), garçonete que perde o emprego. José resolve acompanhá-la durante esse dia que dura quase todo o filme. Ela desempregada, sozinha está grávida e não quer o bebê. O que fazer? Abortar, dar para a adoção, ter a criança?

É uma história de sentimentos, diálogos e belas e comoventes cenas. Não é um filmão, mas é um bom e sensível filme.

O IGPM Chega a 13,44% ao Ano




Depois de tanto esforço para o Brasil conseguir controlar a inflação, o que foi feito a partir de 1994, há 14 anos, o atual governo está fazendo de tudo para que a inflação retorne. O Estado brasileiro que está arrecadando bem, nunca arrecadou tão bem e ao mesmo tempo, nunca gastou tanto e está gastando demais. E o governo está abrindo o cofre da nação para manter uma base de apoio parlamentar e também para ter um bom resultado eleitoral na eleição deste ano. Complicado.

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) subiu 1,98% em junho, ultrapassando a marca apurada um mês antes, de 1,61%, conforme dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgados há pouco. No acumulado deste ano, o indicador aumentou 6,82% e, em 12 meses, cresceu 13,44%.

Em outras palavras, a inflação brasileira, na verdade, é de 13,44% ao ano. É uma taxa muito elevada e que sacrifica, sobretudo, a população de baixa renda que não tem acesso, porque não tem poupança, aos juros do mercado financeiro -- que, aliás, não são lá essas coisas.

A Volta do Disco de Vinil


Bisbilhotando ontem pela Livraria Cultura num shopping de Porto Alegre fiquei surpreso ao saber que os discos de vinil remasterizado voltaram. O primeiro disco que comprei na vida foi do Deep Purple, Machine Head, no início da minha adolescência. Tudo por causa da música Smoke on the Water. Este disco do Deep Purple em vinil está a venda na Cultura por R$ 94,90. Não estou mentindo não. Clique aqui para conferir. Sempre gostei de colecionar discos, tenho centenas de disco de vinil. Eis ai uma boa notícia.

quinta-feira, 26 de junho de 2008


Pesquei da Nova Corja.

Provão da Democracia


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MP Quer Evitar Eldorado de Carajás Guasca

O jornalista Lasier Martins da TVCOM que intermediou o debate de ontem sobre a questão MP-RS e MST.

Na noite passada, enquanto a LDU goleava o Fluminense por 4 a 2 pela final da Libertadores, no programa Conversas Cruzadas da TV Com do grupo RBS, compareceram o Deputado Raul Pont- PT, o advogado do MST, Jacques Alfonsin, o Sub-Procurador do MP-RS, Eduardo de Lima Veiga e o promotor Gilberto Thums, que é visto pelos blogs de esquerda como um novo Torquemada.

Eduardo Veiga esclareceu que o MP não é contra o MST. Ele é contra aos excessos cometidos pelo MST e que devem ser evitados. Existem provas contundentes e esse até é um fato notório de que quando o MST invade empresas ou fazendas ele depreda, saqueia, picha, incendeia veículos, mata animais etc. Este é o ponto que está em debate e a opinião pública gaúcha -- e ninguém pode ter dúvida disso -- está de pleno acordo com as medidas adotadas pelo MP-RS.

No final das contas, na pesquisa realizada, houve nova goleada 88% a 12% a favor do MP-RS. É claro que pessoas vão questionar todas essas assertivas, assim como se questionou que membros do MST - que foram condenados pela Justiça -- não mataram um soldado da BM no início da década de 90 no centro de Porto Alegre. A mentira e a omissão faz parte do jogo político.

Mas o Dr. Veiga disse, ontem, algo interessante, qual a chance dessa ação civil pública ter algum êxito há 10 ou 5 anos? Nenhuma. Mas hoje ela pode ter êxito. Sabem por quê? Porque o Brasil mudou. E o Brasil mudou porque este país está pensando, está se desalienando, está tomando consciência acerca de certos padrões de comportamento que antes eram impossíveis de serem questionados pela ditadura do pensamento politicamente correto. E essa ditadura está vendo que está perdendo espaço e por isso a gritaria. Talvez o filme "Tropa de Elite" tenha contribuído para essa mudança. Talvez. O erro, o grande equívoco do MST é que ele está deixando de ser um movimento pacífico. Ele está partindo para a violência e essa violência é notória e a população está tendo ciência disso. Com base nisso o MP-RS ingressou com a ACP, para evitar que se instale aqui nas bandas do Rio Grande, um Eldorado do Carajás. A medida é, pois, preventiva e foi aprovada pela unanimidade do Conselho do MP, membros escolhidos pelo voto direto dos promotores.


Iotti




Ruth

Dois artigos sobre Dona Ruth.
O primeiro de Clóvis Rossi na Folha de hoje.
Ruth e a Soberania

O melhor resumo-homenagem a Ruth Cardoso está na carta da dramaturga Consuelo de Castro, publicada pelo "Painel do Leitor". Fala das aulas de antropologia e política dessa notável intelectual e fala, "sobretudo, do seu jeito soberano de encarar a vida". A própria Ruth reforçou esse "jeito soberano" de ser em uma frase que a Folha pinçou como uma espécie de legenda para a foto dela. Dizia: "Se tiver idéia diferente, eu expresso. Não tenho a mesma posição política só por ser casada". Num país em que há, ainda, o primitivo raciocínio que faz da mulher mera extensão do homem (ou vice-versa, em tempos mais modernos), é todo um manifesto de soberania. Dupla soberania: a de pensar com a própria cabeça e a de não ajustar convicções a conveniências. No plano micro, ultramicro, coube-me testemunhar uma cena explícita de "soberania". No início do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995, ele, a mulher e a comitiva de praxe fizeram visita oficial à Bélgica, que incluiu palestra no Colégio da Europa, em Bruges. Foi a primeira cidade, quando era Estado independente, a adotar a renda mínima, no remoto século 16 (exatamente 1526). O casal visitou um museu, como procurava fazer sempre que possível. Pararam ante um quadro que mostrava um camponês recebendo um pão. FHC comentou: "Olha aí a renda mínima". Ruth, com seu jeitão despachado, fulminou: "Que renda mínima, isso é assistencialismo puro". O presidente calou-se, e a visita seguiu. Passaram-se 13 anos, dois mandatos de FHC e um e meio de Lula, talvez os dois governantes de mais sensibilidade social entre todos os presidentes, tanto que construíram um embrião de rede de proteção social. Dói, no entanto, que Ruth Cardoso não tenha sobrevivido para ver quebrado o assistencialismo.
O segundo de Augusto de Franco, também da Folha de hoje.
Ruth
A HISTÓRIA não anda para a frente. Aliás, ela não vai para lugar nenhum. Nós é que vamos. Ou não vamos. No final de 1999, o responsável pelas relações do Banco Mundial com a sociedade civil, freqüentador assíduo de nossas atividades, me dizia, num restaurante no aeroporto do Galeão, que Ruth fazia um trabalho extraordinário, mas não seria bem compreendida porque estava dez anos à frente da sua época. O que diria ele agora, quando depois de Ruth fomos parar em algum lugar do passado, 20 anos atrás? A morte não tem sentido. A menos aquele que os vivos lhe emprestamos. É uma característica dessa qualidade da alma que chamamos humanidade buscar na morte um sentido para a vida. Eis a origem do elogio fúnebre. No passamento de Ruth vejo o sentido daquelas coisas que não quero que passem: o apego à força da verdade e a rejeição a qualquer forma de manipulação do outro, sobretudo as formas hierárquicas de poder que exigem obediência. Em quase uma década de convivência, Ruth jamais nos disse, a nós, que trabalhávamos com ela como conselheiros da Comunidade Solidária, o que deveríamos fazer. Nunca tomou uma decisão em assuntos nos quais estivéssemos envolvidos sem antes nos consultar. Recusava o mando, o controle que transforma colaboradores em objetos ou em instrumentos de qualquer propósito pessoal ou coletivo de que não compartilhassem como pares, sempre como iguais. Curiosamente, era fácil irritá-la. Bastava elogiá-la para tentar captar-lhe a confiança com vistas a obter dela algum favor ou benefício. Bastava, aliás, chamá-la de primeira-dama. Se começasse assim, o interlocutor já podia desistir do seu intento. Nossa professora o desqualificaria antes mesmo da prova. Por sua banca pessoal não passavam os interesseiros. Ruth conseguia promover essa unidade, estranha para muitos nos tempos que correm, entre vida pessoal e vida política. Embora nunca tenha misturado a esfera privada com a pública, era sempre a mesma pessoa, estivesse numa recepção palaciana a um chefe de Estado, conversando com agricultores no São Francisco ou almoçando conosco, seus parceiros, em um restaurante em São Paulo. Mas tinha opinião, ah!, isso ela tinha. Não acreditava no velho sistema político que agora se derrama em exaltações póstumas. Durante os oito anos da Comunidade Solidária, jamais vi na sua agenda aqueles célebres atendimentos clientelistas a parlamentares, nem mesmo aos do partido do marido. Sei bem, pois minha sala ficava ao lado da sua. Seu comportamento inédito causava irritação, é óbvio, mas a serenidade e a firmeza moral que emanavam de seus gestos e atitudes desestimulavam qualquer protesto. E ela em privado ria à solta quando vinham lhe dizer que um deputado, senador ou dirigente partidário tentou apadrinhar ou aparelhar algumas das ações que promovíamos. Ruth era suave, tinha aquele poder "doce" que os velhos alquimistas percebiam na natureza, mas era também muito crítica, inclusive em relação ao governo Fernando Henrique, ao qual, aliás, nunca pertenceu formalmente. Quando dizíamos isso, as pessoas não acreditavam: mas como? Ela não é a mulher do presidente? Como se o fato de ser esposa do governante a tornasse também uma funcionária do governo: o que não era, nem nunca auferiu nenhuma remuneração por seu trabalho. Fosse diferente a relação que nossa cultura ocidental estabeleceu com a morte, seria melhor reconhecer que a experiência humana que presenciamos sob o nome de Ruth Corrêa Leite Cardoso foi uma vida realizada e emprestar-lhe um sentido para a caminhada que continuamos do que lamentar o seu desaparecimento. Claro, todos nós sentimos a perda, que, a mim, em particular, me afeta profundamente, depois de dez anos de trabalho conjunto, muitos diálogos e convivência praticamente cotidiana. Dez anos não são dez dias. A gente sofre porque é como se perdesse uma parte do próprio corpo. Mas Ruth cumpriu bem seu tempo nesta terra, com elegância e, mais do que isso, com sublimidade. Sofreu, sim, nos últimos anos, ao assistir ao derruimento sistemático das bases de um novo padrão de relação entre Estado e sociedade que tanto se esforçou por construir. Passou-se a tempo de não sofrer mais. Foi poupada do que ainda virá. Pobres de nós, que teremos de agüentar sozinhos, por muito tempo ainda, todos os efeitos associados à volta regressiva de um passado do qual ela quis se desvencilhar.

AUGUSTO DE FRANCO , 57, escreve no blog 24 horas ( www.vintequatro.com ) e é autor, entre outros livros, de "Alfabetização Democrática" (2007). Foi conselheiro e, com Ruth Cardoso, integrou o Comitê Executivo do Conselho da Comunidade Solidária durante o governo Fernando Henrique (1995-2002

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Eu Acredito Numa Nova Esquerda


Eu não acredito num Brasil moderno sem a participação efetiva da nossa esquerda. A esquerda, seu pensamento e suas ações são fundamentais para se construir um Brasil melhor e mais justo. Mas certa esquerda não quer saber de construir um Brasil melhor com certos setores da sociedade e esse é um grande equívoco. Certa esquerda tem preconceito, tem ranço, não gosta dos endinheirados, detesta multinacional, acha que quem tem dinheiro é explorador. E é exatamente esse equívoco, esse preconceito, esse ranço de parte da nossa esquerda que eu critico e vou continuar criticando. Não estou aqui para causar cizânias, estou aqui para tentar construir um país melhor para a maioria da população brasileira. E este país melhor e possível se constroi com convergência e nunca com divergência. Existem linguagens de desenvolvimento que deram certo em alguns países. A Espanha era um país divido, entre fascistas e republicanos, um país de uma acirrada luta ideológica, ao mesmo tempo, era um país pobre, injusto. E o que é a Espanha hoje? Um país muito mais rico, mais justo e que a imensa maioria da população goza de razoável de vida. E isso foi construído nos últimos anos com governos de consenso, tanto por parte da esquerda, do PSOE, como por partidos de direita. A agenda de inclusão social é praticamente a mesma e essa discussão não é ideológica, porque interessa a todos. Entender, como se entende aqui, que não existe interesse de certa elite na inclusão social é uma grande asneira. A elite brasileira anda trancada em casa, nos shoppings, com medo de sair nas ruas e isso não é qualidade de vida. O Brasil tem é que executar essa agenda comum a todos, de acordo com certas linguagens que foram praticadas em países que socialmente se desenvolveram. Mas a nossa esquerda não quer saber nada disso, ela ainda pensa que o Brasil melhor e possível só vai conquistar seu espaço com a luta social, alimentando antagonismos, fazendo dialéticas sem sínteses. Eu discordo e minha discordância não é um pensamento isolado e absurdo. Na verdade, quem acredita na convergência, na dialética com síntese, no consenso é a imensa maioria das pessoas e dos intelectuais e essa é a grande luta de todos que querem ver o Brasil como um país justo e que consiga enfrentar de frente e com determinação o grave problema da exclusão social. É essa a minha luta.

Os Pesos e as Medidas dos Blogs Alternativos de Esquerda


Este blogueiro é leitor do diario gauche que é uma boa fonte de informação de como certa esquerda gaúcha pensa. E esse pessoal critica e considera a grande mídia como a grande 'inimiga de classe', esse é um termo recorrente da blogosfera alternativa de esquerda. Mas a pequena mídia blogueira gauche também gosta -- e como gosta -- de forçar a barra nas informações, puxar a farinha para o seu lado, manipular os dados etc...


Uma das postagens de hoje do gauche é a seguinte:


Secretária de Yeda assinou contrato irregular do Projovem de Porto Alegre
Apontada pelo Ministério Público Federal como uma das principais operadoras do desvio de R$ 44 milhões do Detran-RS, a Fundae foi contratada sem licitação para gerir o Projovem (programa de capacitação de jovens) pelas prefeituras de Porto Alegre e de outras três cidades gaúchas.
A Procuradoria instaurou investigação para apurar os indícios de fraude. O contrato de R$ 9,9 milhões entre a Prefeitura de Porto Alegre e a Fundae foi assinado em 2005 pela então procuradora-geral do município, Mercedes Rodrigues (PSDB), que será empossada hoje como secretária-geral do governo Yeda Crusius (na foto, com Mercedes). A informação é da Folha, de hoje.


A notícia é de que haveria irregularidade, porque a contratação da Fundae foi feita sem licitação, como se isso, por si só, fosse ilegal. A Lei das Licitações, 8.666/93 permite a contratação de entidades e pessoas sem licitações, mas mediante certos requisitos. Se esses requisitos foram observados ou não é questão a ser resolvida nas esferas competentes. Ou seja, está havendo aqui já um pré julgamento. A prefeitura de Porto Alegre celebrou contrato com a Fundae, então existe aqui uma picaretagem. Calma, a história não é bem assim.


A Fundae existe desde 1978 e é fundação ligada à Universidade Federal de Santa Maria. Não é uma entidade de fundo de quintal que foi formada para fazer falcatruas no Estado ou nos municípios.


Vejam o que o jornalista Marcos Rolim, ex deputado do PT diz sobre a Fundae no site da fundação: "As prefeituras de capitais que têm aderido ao ProJovem talvez não tenham a exata dimensão do significado histórico do programa. Em muitos casos, como em Porto Alegre, dificilmente a administração municipal terá a chance de executar um programa social de maior impacto e importância".


Os blogs alternativos de esquerda também omitem que a Fundae mantém convênios com as prefeituras petistas de Viamão e Gravataí.


Como sempre ocorre está havendo dois pesos e duas medidas, como disse um dia o embaixador Rúbem Ricúpero numa conversa gravada em véspera de eleição: o que é bom para nós a gente divulga, o que é ruim a gente esconde.

Finalmente Dilma Admite que Recebeu Duas Vezes o 'Compadre'


Se Dilma fosse ministra de FHC e o 'compadre' fosse compadre de FHC, os petistas da vida já teriam pedido zilhões de CPI´s e, talvez até, o impedimento do presidente. E quem navega pelos sites e blogs dos petistas e seus simpatizantes pode observar o impressionante silêncio sobre o assunto, como se isso tudo fosse 'completamente normal'.


Deu na Folha hoje:


A ministra Dilma Rousseff admitiu ontem que o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, foi recebido pelo menos duas vezes na Casa Civil em encontros omitidos de sua agenda pública e anteriormente negados por sua assessoria.


Teixeira é acusado de influir na venda da VarigLog para o fundo Matlin Patterson, para quem advoga. A omissão desses encontros fere o decreto 4.334, de agosto de 2002, que determina que audiências de autoridades públicas com representantes de interesse privado devem ser registradas e acompanhadas por outro servidor.Em entrevista no Planalto, Dilma admitiu que em um dos encontros estava presente uma das filhas de Teixeira, Valeska, que é afilhada de Lula e também advoga para a VarigLog. As reuniões, segundo ela, trataram de "questões relativas aos leilões da Varig", comprada pela VarigLog.

Questionada se advogados de outras companhias interessadas no negócio receberam atenção semelhante, Dilma reconheceu que não. Segundo ela, os presidentes da Gol e da TAM foram recebidos, mas não advogados das empresas.


O Papelão de Paulo Paim


Enquanto o Senador Simon estava em Brasília defendendo a liberação do super-importante empréstimo do Estado do Rio Grande do Sul com o Banco Mundial -Bird, o senador Paulo Paim veio a Porto Alegre para questionar o Comandante-Geral da Brigada Militar, o coronel Paulo Roberto Mendes sobre episódios envolvendo a BM e os chamados "movimentos sociais".


Francamente, Paulo Paim, o Brasil e o senado têm coisas mais importantes a fazer e a resolver.


E no final das contas, Paulo Paim foi obrigado a assistir o que ele já sabia, o Coronel Mendes apresentou vídeos, fotos de ações da BM envolvendo o MST, os vandalismos praticados durante invasão na Fazenda Southall, em São Gabriel. Cenas em que militantes do MST jogam pedras e coquetéis molotov contra PMs e queimaram plantações, matam animais nas fazendas invadidas, saqueiam, furtam etc...


Leio na Zero Hora o seguinte:


De questionadores, os senadores passaram a ser questionados. Mas o apoio mais inflamado veio de integrantes do Ministério Público e do Judiciário. O promotor Luís Felipe Tessheiner, autor da ação que resultou no despejo dos sem-terra em Coqueiros do Sul, elogiou a ação da BM. A procuradora da República Patrícia Muxfeldt explicou por que move ação com base na Lei de Segurança Nacional contra líderes sem-terra que invadiram a fazenda Coqueiros.- O MST não é um movimento pacífico, ele usa armas e táticas de guerrilha. E desrespeita sistematicamente ordens judiciais - justificou.O promotor da Auditoria Militar João Barcellos registrou que excessos da BM serão investigados, mas ressaltou que a ninguém é dado o direito de sair armado com foices e facas. A seqüência de depoimentos foi completada pela juíza militar Eliane Soares:- Na Fazenda Coqueiros, ouvi os sem-terra berrando "morte à BM". E vi animais mutilados à faca. O que esses bichos fizeram? Eles têm ideologia, merecem morrer? Ou se trata de atemorizar o dono daquelas terras?Mendes recebeu tapinhas nas costas ao sair da sala.


Grande Dona Ruth



Acho que foi Luiz Fernando Veríssimo que um dia disse que Ruth Cardoso seria uma boa candidata à Presidência da República. De fato, ela tinha todos os credenciais para o posto. Ruth Cardoso não foi apenas uma "primeira dama", ela foi uma brilhante assessora Foi ela que implementou no seio da administração, através do Comunidade Solidária, diversos programas sociais de combate à pobreza e inclusão social que hoje continuam no governo Lula.

Entre os programas desenvolvidos pelo Comunidade Solidária, estão o Alfabetização Solidária, Universidade Solidária, o Comunidade Ativa e Capacitação Solidária. Os programas deram origem aos benefícios Bolsa Escola e Bolsa Alimentação, embriões do Bolsa Família do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

A morte repentina de Dona Ruth foi uma perda imensa ao Brasil. Perdemos uma grande mulher e uma intelectual corajosa.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A Charge de Rafael Correa




Rafael Corrêa tem nome de presidente do Equador, mas é um chargista gaúcho que tem um blog: http://vespo.blogspot.com/

Popularidade de Cristina Kirchner Despenca


O resultado das últimas pesquisas era esperado. Cristina caiu de 56% de popularidade para 20%. Ela não caiu, ela despencou. Cristina está seguindo os passos de De La Rua. Depois, vão me acusar de golpista! Todo o governo que briga com seu povo colhe os frutos dessas medidas. Mas vão dizer por ai.... Cristina está brigando com a oligarquia... Será mesmo? As notícias que vêm lá do Plata é no sentido de que o aumento de impostos para os produtos agrícolas -- que é exatamente o que sustente o país -- é completamente absurdo e abusivo. E o resultado é esse ai, crise institucionalizada e a classe média apoiando os agricultores. É evidente que existe gente do outro lado, do lado do governo, movida a outros interesses como esses tais de piqueteros e os pelegos das centrais sindicais peronistas. Essa é a Argentina de hoje e esse filme eu já vi.




Em apenas seis meses de governo, Cristina Kirchner perdeu popularidade de maneira vertiginosa. Segundo uma sondagem da consultoria Poliarquia, a imagem da presidente caiu em 26 pontos desde março, quando começou o conflito com os setores agropecuários, e 36 pontos desde o começo do ano. De janeiro a junho, caiu de 56% a 20%."A perda de confiança na Cristina é prévia ao conflito agropecuário e acontece em todos os setores sociais. Se o governo conseguir consensuar uma saída ao conflito, vai recuperar um pouco dessa imagem, mas ainda virá o impacto da inflação e da crise energética", prevê Aldo Abram, do CIIMA (Centro de Estudos de Instituições e Mercados da Argentina).

Fonte Uol. Leia mais aqui.



Segundo a Patrulha: O Encontro de Xuxa e Rosário é Grave


Hoje o diario gauche se superou.

A Zero Hora de ontem publicou uma fotografia da candidata do PT para a Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário - que tem uma filha de 7 anos -- sendo recebida pela apresentadora Xuxa.

A patrulha ideológica caiu em cima.

O dono do diario gauche desfilou com essa pérola. Depois eu comento:


O estranho embevecimento de Rosário por Xuxa
Dois leitores me escreveram pedindo que eu faça considerações maiores e melhores sobre a admiração da deputada federal Maria do Rosário (PT) pela apresentadora Xuxa Meneghel, segundo foi informado ontem em ZH, e conforme fotografia distribuída pela assessoria da parlamentar petista e atual candidata da sigla ao Paço Municipal.
Quero ser breve, porque reputo esse assunto Xuxa muito chato e, de resto, matéria vencida. Vamos lá.
Xuxa não é um ser humano. É uma grife-ferramenta de vender mercadorias - as mais supérfluas e suspeitas - às crianças. Não há uma molécula de senso didático-pedagógico na ação espetacularizada desta grife-ferramenta. Xuxa é um instrumento de deformação e não de formação. Seus programas promovem uma cruzada em favor do capital, não visam transformar as crianças e pré-adolescentes em cidadãos e cidadãs autônomos e conscientes, mas em subalternos consumidores heterônomos e conformados.
É de estranhar, pois, o embevecimento de Rosário por Xuxa, conforme o testemunho da fotografia acima. Neste caso, ou uma delas está redondamente enganada com a outra, e estaríamos diante de duas tontas, o que não acredito que seja verdadeiro, ou ambas estão afinadas e simbolizam – cada uma a sua maneira e vez – sementes de alienação no espírito fértil e desarmado de crianças e pré-adolescentes de nosso País.
Isso não é brincadeira, o caso é grave.


Meu comentário:


Isso se chama patrulha ideológica. A pessoa não pode ter a liberdade de opção ou de gosto. Ela tem que se adaptar ao gosto dos outros, ao gosto e as opções da patrulha. Se uma menininha de 7 anos gosta da Xuxa, a patrulha não permite que ela assista seu show,seu DVD, seu programa, porque ela representa o espírito da alienação, o fetiche da mercadoria. Depois certa esquerda não entende porque a imensa maioria do povo não vai atrás de seu discurso. É porque ele é mofado, medíocre e hipócrita.

MP-RS Pede Dissolução do MST


Essa notícia não saiu na mídia sul-riograndense. Ela é da Folha de S. Paulo de hoje:


O Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul aprovou relatório que pede a "dissolução" do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e já serviu de base para oito ações judiciais contra sem-terra, que incluem proibição de marchas e autorização de despejos e deslocamento de acampamentos."Voto no sentido de designar uma equipe de promotores de Justiça para promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade", afirma o promotor Gilberto Thums, em relatório obtido pela Folha e aprovado por unanimidade pelo conselho no final de 2007.Os promotores, além de mirar na intervenção de escolas ligadas ao movimento, buscam agora um mecanismo jurídico para apresentar à Justiça o pedido de dissolução do MST. As ações atuais têm o apoio também do governo gaúcho, segundo os sem-terra."Nós conseguimos, com a ajuda da Polícia Militar, identificar todos [os militantes do MST]", disse o promotor Thums, que completou: "Quem invadir, quem depredar, quem praticar atos de vandalismo e de sabotagem vai ser preso, pois já estará identificado como integrante desse movimento. Vamos mover processo criminal contra eles".Para o MST, trata-se da ofensiva jurídica mais dura de sua história. Como contra-ataque, o movimento promete denunciar a ação dos promotores em organismos internacionais, como ONU (Organização das Nações Unidas) e OEA (Organização dos Estados Americanos).Criado em 1984, o MST não existe juridicamente, portanto não é simples a tarefa de extingui-lo. Numa estratégia de blindagem, justamente contra ações como a do Ministério Público, não há um CNPJ para ser anulado nem presidente para ser preso ou processado.Para o MST, em termos de "repressão" à sua atuação, a iniciativa dos promotores só fica atrás do massacre de Eldorado do Carajás, quando, em abril de 1996, 19 sem-terra morreram em ação de desobstrução de rodovia pela PM paraense."Não há como dissolver o que não existe do ponto de vista legal. Numa hipótese doida, o que eles [promotores] poderiam fazer é [pedir à Justiça] a decisão de proibir todos de se reunirem como MST. A única possibilidade seria essa", disse Juvelino Stronzake, advogado do movimento."Se retiramos o massacre de Eldorado do Carajás, esse é o fato mais marcante da história do movimento. É significativo por ser instância do Estado tentando limitar a organização popular. Só tivemos situações como essa, de proibir marchas, na ditadura", completou.A idéia do Ministério Público do Rio Grande do Sul é chegar ao ponto de proibir qualquer órgão do Estado de negociar contratos e convênios, com o movimento. "Cabe ao Ministério Público agir agora. Quebra a espinha dorsal do MST", diz um dos trechos do relatório.

Bons Compadres


A Presidência reconheceu que o advogado Roberto Teixeira esteve pelo menos seis vezes no Palácio do Planalto com Luiz Inácio Lula da Silva, seu compadre, desde 2006, em encontros não registrados na agenda pública do presidente.Teixeira é acusado de usar sua influência junto ao governo para aprovar a venda da VarigLog para o fundo americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros, que o contrataram.

Ao menos dois desses encontros estão relacionados diretamente com o negócio, aprovado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em junho de 2006. No mês seguinte, a Va- rigLog adquiriu a Varig. A assessoria de Teixeira diz que as demais visitas foram apenas de cortesia ao amigo Lula.

No dia 15 de dezembro daquele ano, Teixeira foi ao encontro de Lula acompanhado dos sócios da Varig um dia depois de a companhia receber da Anac, em cerimônia em Brasília, certificado que lhe deu autorização para voar.Segundo Marco Antonio Audi, sócio afastado da VarigLog, o encontro foi convocado às pressas por Teixeira na manhã do dia 15, quando todos já haviam retornado a São Paulo, após a cerimônia. Audi então alugou um jatinho particular, onde viajaram, além dele e de Teixeira, os sócios brasileiros Eduardo Gallo e Marcos Haftel e o representante do fundo americano, o chinês Lap Chan.Outro encontro de Teixeira com Lula ocorreu em 28 de março de 2007. Naquele dia, o advogado foi ao Planalto acompanhado dos empresários Nenê Constantino e Constantino de Oliveira Jr., donos da Gol. O motivo da reunião, segundo os empresários, era comunicar oficialmente a Lula a compra da Varig pela Gol.

Nas duas ocasiões, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), acusada de interferir na venda da VarigLog, estava presente.O Planalto argumenta que nem todos os compromissos do presidente são divulgados.
Matéria da Folha de hoje.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Na Direção Certa

Pochmann defende IR de padrão sueco para serviço padrão haitiano



Eu digo e repito, o Brasil navega na direção certa. E navega desde o início do Plano Real. A agenda, a linguagem para esse país se desenvolver é atração de investimentos - sem preconceitos -- para gerar mais imposto e mais renda para os brasileiros. É essa a agenda da inclusão social.



O gráfico abaixo mostra que a desigualdade entre os rendimentos dos trabalhadores brasileiros caiu quase 7% entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro de 2008. Nesse período, o índice de Gini na renda do trabalho, ou o intervalo entre a média dos 10% mais pobres da população e a média dos 10% mais ricos, caiu de 0,543 para 0,505. O indicador varia de 0 a 1 - quanto mais perto de 1, maior desigualdade; quando mais perto de zero, menor desigualdade.





Leio no Portal G1:



O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, apresentou nesta segunda-feira (23) um estudo que mostra a redução da desigualdade no país. Segundo os dados, a renda da parcela mais pobre da população cresceu 22% nos últimos cinco anos, enquanto a renda dos mais ricos cresceu 4,9%.

Pochmann avalia que os seqüentes reajustes do salário mínimo acima da inflação e os programas de transferência de renda tiveram impacto fundamental na redução da desigualdade. É necessário um conjunto de outras políticas para fazer os salários aumentarem sua participação na renda nacional [PIB]”, disse o presidente do Ipea. Ele defende que se faça isso por meio da tributação, tornando a cobrança de impostos progressiva para as maiores faixas de renda. Pochmann avalia ainda que a reforma tributária que está no Congresso é tímida em relação a esse ponto.



Gostei do Comentário do Reinaldo Azevedo sobre essa avaliação do Pochmann para implantação de cobrança de imposto progressiva para as maiores faixas de renda.


Diz Reinaldão:




Começo pelo que é uma militância. Pochmann, Pochmann... Qual é o problema deste rapaz? A cada dez declarações que dá, ele pede a elevação de impostos em 11. A última do valente é sugerir um Imposto de Renda de padrão sueco para serviços de padrão haitiano prestados pelo estado. Sua justificativa certamente é tão verossímil quanto mentirosa: quando tivermos uma alíquota de 60% do Imposto de Renda para altos salários, sobrarão mais recursos para a saúde, por exemplo. É mesmo? Pochmann só não conseguiria explicar como o governo que ele integra aumentou o funcionalismo público federal em mais de 200 mil pessoas — e a Saúde continua no padrão haitiano. Era assim com CPMF. É assim sem CPMF.Essa tal “desigualdade” é o último fetiche que resta às esquerdas. Ela pode ser grande ou pequena, e daí? No máximo, existe uma correlação com a situação dos pobres e miseráveis, não uma relação de causa e efeito; é só uma circunstância. A distância, em Cuba ou na Coréia do Norte, entre “o mais rico” e o “mais pobre” deve ser pequena. Aquilo é bom? Na ditadura chinesa, com o seu “comunismo” muito particular, a distância certamente é maior do que no Brasil. No entanto, aquele país tirou 400 milhões de pessoas da miséria em 15 anos — 0,89 indivíduo por segundo; o mundo nunca viu nada igual: obra do “neoliberalismo”.A desigualdade pode ser estratosférica, desde que se tenha um piso que garanta condições dignas de vida. E esse piso não se constrói, de forma sólida e sustentada, com medidas fiscais. Isso é um tara e um fetiche da esquerdopatia. “Ah, na Suécia, a diferença é menor do que no Brasil”. Tá bom. Então importem a economia sueca, a sociedade sueca, os serviços suecos... Pochmann quer começar importando os impostos suecos. Espertinho o rapaz.

O Potencial - Desperdiçado - de Porto Alegre

Vista do cais do porto de Porto Alegre, onde o muro da Mauá separa a cidade do Guaíba.


Não é porque eu sou portoalegrense, porque cresci e vivo em Porto Alegre que vou puxar o saco da cidade onde moro. Mas sempre achei - até porque conheço diversos lugares do mundo, porque tive o privilégio de viajar por ai - que o potencial de Porto Alegre para o turismo é muito razoável. Porto Alegre é uma cidade bem arborizada, com bairros de boa qualidade de vida, com excelentes parques, mas falta muita coisa. O que emperra Porto Alegre de ir adiante e olhar para a frente é a disputa política e o preconceito ideológico. Não existe espírito de convergência. Quando algum governo tem alguma idéia, por exemplo, de revitalizar o centro de Porto Alegre e integrar o rio Guaíba, a oposição é contra, inventa histórias, diz que estão querendo privatizar o porto etc.. Assim tem sido sempre, infelizmente. Há quanto tempo, Porto Alegre espera para que seja aprovado um projeto decente, em parceria com a iniciativa privada, de revitalização do porto? E certa esquerda, que anda por aí, foi contra, inclusive a abertura da Av. Beira Rio e foi contra a construção do Museu Iberê Camargo, porque realizado pela Lei Rouanett. Mas a entrevista abaixo que copiei e colei da Zero Hora de domingo, do arquiteto português, José Paulo Mateus, professor da Universidade Internacional da Catalunha, de Barcelona (Espanha), e fundador da Trienal de Arquitetura de Lisboa, visitou Porto Alegre nesta semana e ficou impressionado com a cidade. Um dos palestrantes do fórum Porto Alegre, Uma Visão de Futuro, promovido pela Câmara Municipal, ele acredita que a Capital tem beleza "espantosa" e pode atrair visitantes de fora - se souber aproveitar o potencial do Guaíba. Para ele, o recém-inaugurado edifício da Fundação Iberê Camargo vai gerar uma peregrinação de arquitetos à cidade. Leia a entrevista:

Zero Hora - Qual foi a sua impressão sobre os potenciais de Porto Alegre?

José Mateus - Há cidades onde nós, passado um dia, não conseguimos identificar aspectos fortes que possam ser utilizados para reforçar a identidade e a capacidade de atrair pessoas. Mas aqui achei aspectos muito interessantes e fortes, como a topografia e a arborização. Um dele é a presença do Guaíba, que tem uma beleza, uma configuração e um potencial incríveis. O Guaíba deveria ser o enfoque de qualquer plano para a cidade. Ele é espantoso. Não sei se a gente de Porto Alegre consegue ter consciência disso, mas para quem vem de fora é algo notável.

ZH - Esse potencial está sendo mal aproveitado?

Mateus - Há cidades onde chegamos e percebemos que a vida é atraída para um lugar. Estive em Pisa, na Itália, há pouco tempo, e a vida flui em direção ao rio, que é um rio bastante modesto, mas que atravessa o Centro. À noite, as pessoas todas se aglomeram ali. Aqui, a sensação que eu tive ao circular de automóvel ao longo da orla ribeirinha era de que não havia uma presença de atividade humana, de funções e de dinamismo que tirasse partido do rio.

ZH - Em Porto Alegre, o que poderia ser feito para aproveitar o potencial do Guaíba?Mateus - Criar para cada zona da cidade um concurso de idéias no qual todos os arquitetos e engenheiros poderiam propor diferentes visões. No caso da área central de Porto Alegre, o muro constitui uma opacidade, uma barreira que desde logo bloqueia o acesso e o visual. Já vi casos em que muros como aquele podem acabar por permanecer, com algumas fendas de passagem.

ZH - A justificativa para manter o muro é que ele protege a cidade contra cheias do Guaíba. Ele é realmente necessário?

Mateus - Houve alguma cheia que tivesse ocorrido desde que foi construído o muro? A mim disseram que não. A questão que coloco é se não vão passar cem anos em que as pessoas não fruíram o rio e em que não houve nenhuma cheia. Será que compensa pagar esse preço tão elevado? Não sei se não há outras formas de transformação, até topográfica. Acho que poderia ser interessante ver, por exemplo, como na Holanda (boa parte do país está abaixo do nível do mar) vencem esse tipo de problema.

ZH - Pensar em uma solução para aquela área do Guaíba poderia combater a degradação do Centro?Mateus - Sem dúvida. O Guaíba seria o ponto de partida. O projeto teria de estabelecer a ligação entre esse espelho extraordinário de água e a cidade, produzindo pontos de atração, fluxos de ciclovias, equipamentos culturais, equipamentos lúdicos, etc. Eu circulei e vi imensa vida pela rua afora. Mas vi que era uma área decadente.

ZH - Porto Alegre tem potencial turístico?Mateus - Quanto mais a cidade tiver pontos de atração como o rio, mais atraente se torna para quem vem do Exterior. Porto Alegre tem uma beleza extraordinária da zona ribeirinha que pode aproveitar. E agora tem o Iberê. Acho que vai haver uma peregrinação de arquitetos e depois de muita gente a Porto Alegre. Será um efeito Bilbao (cidade espanhola que passou a atrair visitantes depois de inaugurar um museu de arquitetura arrojada). Com a diferença de que Bilbao é feia. Cheguei aqui e fiquei surpreendido: esta cidade tem imenso potencial. Há cidades que não têm, que nós forçamos para encontrar justificativas para as pessoas irem ali. Nesta não é assim.

Deus, Alcorão e os Bons Muçulmanos


texto de Ayaan Hirsi Ali que estará na próxima segunda, dia 30 em Porto Alegre RS, no Fronteiras do Pensamento, publicado na Zero Hora de sábado.



Meus pais me educaram para ser muçulmana - uma boa muçulmana. O Islã dominava a vida e as relações da minha família, até os mínimos detalhes. Era nossa ideologia, nossa convicção política, nosso padrão moral, nossa lei e nossa identidade. Antes e acima de tudo, éramos muçulmanos e, só então, somalis.Muçulmanos, conforme aprendemos, são aqueles que se submetem à vontade de Alá, expressa no Alcorão e no Hadith, uma coletânea de dizeres atribuídos ao profeta Maomé. Aprendi que o Islã nos separa do resto do mundo, o mundo dos não-muçulmanos.Nós muçulmanos somos escolhidos por Deus. Eles, os outros, os kfur, os infiéis, são anti-sociais, impuros, bárbaros, incircuncisos, imorais, inescrupulosos e, acima de tudo, obscenos; suas meninas e mulheres são prostitutas, pelas quais eles não têm o menor respeito; muitos dos homens são homossexuais; homens e mulheres fazem sexo fora do casamento.Os infiéis são malditos, e Deus lhes reserva as mais atrozes punições no além.Há cerca de 12 anos, aos 22, cheguei à Europa Ocidental fugindo de um casamento arranjado. Logo percebi que, ali, Deus e sua verdade haviam sido humanizados. Para os muçulmanos, a vida terrena não passa de um estágio transitório que antecede o que está por vir. Na Europa, porém, é permitido investir nesta vida mortal. E mais, o inferno parece já não existir, e Deus é um deus de amor, não um senhor cruel que distribui castigos.Experiências pessoais, extensas leituras e conversas levaram-me a entender que a existência de Alá, dos anjos e demônios e da vida após a morte são, no mínimo, questionáveis. Ainda que Deus exista, não devemos tomar sua palavra como absoluta, mas desafiá-la. Certa vez, escrevi sobre minhas dúvidas quanto à nossa fé, na esperança de iniciar uma discussão. Fui imediatamente hostilizada por muçulmanos zelosos, homens e mulheres que queriam minha excomunhão.Chegaram ao ponto de dizer que eu merecia a morte, pela ousadia de questionar a verdade absoluta da palavra de Alá. Levaram-me ao tribunal para me impedir de criticar a fé na qual nascera e de fazer perguntas acerca das regras e dos deuses que nos foram impostos pelo mensageiro de Alá.Um fundamentalista islâmico assassinou Theo van Gogh, o cineasta holandês que me ajudou a filmar Submission: Part 1, um filme sobre o relacionamento entre o indivíduo e Deus ou, mais especificamente, entre a mulher e Deus. E ameaçou matar-me também, uma ameaça que outros prometeram cumprir.





AYAAN HIRSI ALI

O Compadre Admite que Recebeu US$ 5 Milhões do Caso Varig

O advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e o dono da Gol, o empresário Constantino, surpreendidos no elevador do Palácio do Planalto. O que eles estavam fazendo lá?
O advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, disse ontem, por meio de sua assessoria, que pode chegar a US$ 5 milhões o valor total de seus contratos com a VarigLog, entre honorários, custas judiciais e outras despesas. Segundo ele, a quantia se refere a um ano e dez meses de serviços em mais de 300 processos, e não apenas a sua atuação na venda da companhia, em 2006, para o fundo americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.

O negócio foi posto sob suspeita pela ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu, que denunciou ter sido pressionada pela Casa Civil para não exigir documentos que pudessem revelar que o sócio estrangeiro era o real controlador da companhia, o que fere a lei.Um dos sócios brasileiros, Marco Antonio Audi, disse que Teixeira recebeu US$ 5 milhões "para resolver" o problema. Teixeira negou ter usado sua influência e disse que o valor recebido era "bem menor", sem falar em números.A assessoria do advogado informou que ele não voltou atrás em suas declarações e deu uma explicação semântica. Teixeira disse que desmentiu Audi porque este afirmou ter pago os US$ 5 milhões "do contrato até a aprovação" da venda da VarigLog, período de quatro meses, entre março e junho de 2006.Segundo ele, os pagamentos que, somados, se aproximam dessa quantia aconteceram de março daquele ano a janeiro deste ano. "A totalidade da remuneração jamais foi objeto de questionamento", diz nota do escritório Teixeira, Martins Advogados em resposta à reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada ontem.A mesma explicação foi usada em relação à declaração dada por Teixeira na quarta-feira passada no Senado, quando disse ter recebido US$ 350 mil da VarigLog. A quantia, sustenta ele, é o valor exato recebido naqueles quatro meses (março a junho de 2006).Ainda na quarta-feira, em entrevista à Folha, questionado sobre o valor total pago pelos serviços prestados à VarigLog, Teixeira disse ser "menos" que os US$ 5 milhões, mas se recusou a falar em valores. A Folha voltou a pedir ontem o valor exato pago ao escritório, mas não recebeu resposta.Planilhas publicadas ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostram pagamentos de US$ 3,26 milhões feitos à Teixeira, Martins e Advogados, entre eles o de uma taxa de sucesso de US$ 750 mil paga assim que a Varig, adquirida pela VarigLog, conseguiu autorização da Anac para voar.Os pagamentos, segundo a planilha, foram feitos por sete empresas pertencentes aos sócios da VarigLog: VRG Linhas Aéreas, VBP do Brasil, Volo do Brasil, Varig Logística, Volo Logistics, Matlin Patterson USA e Matlin Patterson LA."Não precisava mentir"Audi disse ontem que pode ter cometido um "erro cronológico" em alguma declaração, mas que em diversas entrevistas dadas nas duas últimas semanas afirmou que se referia a pagamentos feitos até 2008. "Tenho falado semanalmente que esses valores eram de 2006 para cá. Teixeira vai se enforcar na própria corda; ele não precisava ter mentido."Audi, afastado do comando da VarigLog pela Justiça, disse ainda não saber o valor exato pago a Teixeira, mas que ultrapassam os US$ 5 milhões. "Nos valores de dólares de hoje, passou de US$ 5 milhões. Não tem jeito, está lá no SAP (sistema de gestão) da empresa."