Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Chávez e as Farc


Alvaro Uribe foi muito ingênuo em aceitar a intermediação de Chávez para negociar com as Farc - que se diz Exército Popular -- para a liberação de reféns, entre eles Ingrid Betancourt.

E Chávez -- que corre o risco, espero, de perder o referendo da reforma constitucional -- aproveitou a oportunidade para disparar sua metralhadora giratória para todos os lados, o rei da Espanha, o embaixador dos EUA, o presidente da Colômbia, os papagaios do congresso brasileiro e a CNN. Velha tática do caudilho: quando se corre o risco de perder uma eleição cria-se cortinas de fumaça.
Não sou muito fã da Eliane Castanhêde, colunista da Folha, mas como hoje ela tocou no assunto, copio e colo:

Chávez e as Farc

Eliane Castanhêde

BRASÍLIA - Com as crises internas na Venezuela e na Bolívia, marcadas por grandes manifestações e até mortes, talvez estejamos subestimando uma ameaça bem mais grave: o recrudescimento do confronto entre a Venezuela e a Colômbia. Crises internas são mau sinal. Crises entre países são piores. O Planalto e o Itamaraty insistem em dizer que está tudo bem e em achar que Hugo Chávez cutuca o colombiano Álvaro Uribe só para se fortalecer internamente. Mas setores militares e de inteligência não estão tão tranqüilos assim. A beligerância entre Venezuela e Colômbia tem um peso geopolítico. Os dois são os antípodas da América do Sul. Chávez, com seu "socialismo bolivariano", é adversário frontal dos EUA e de Bush. Uribe, fiel à cartilha neoliberal, é o mais confiável aliado de Washington. E ambos se alimentam das disputas históricas entre seus países. Pode ser paranóia de milico, mas algumas boas patentes têm certeza de que Chávez não tentou de fato mediar uma negociação para Uribe soltar 500 presos das Farc em troca de 45 seqüestrados do grupo guerrilheiro. Teria só arranjado um pretexto para meter a mão -e os pés- na política interna colombiana. Não, claro, a favor de Uribe. O temor é que Chávez patrocine um candidato de esquerda, com apoio das Farc, para disputar as eleições de 2010 contra Uribe e, portanto, contra os EUA. A soma do petróleo venezuelano com as drogas colombianas seria bilionária. E quem gostaria de um governo das Farc dentro da América do Sul? Apesar dos tanques, rifles, aviões e submarinos nucleares russos de Chávez, o governo brasileiro acha que ele não chegaria a tanto, não se meteria a besta com os EUA. Mas Chávez atuou abertamente nas eleições do Peru, da Bolívia e do Equador, pelo menos, e já ameaçou intervir caso derrubem Morales. Então, é como as bruxas: ninguém crê, mas que ele pode, lá isso pode.

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