Diversidade, Liberdade e Inclusão Social

Foto: Obama, Cameron e Helle Thorning-Schmidt


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ranço Mofado do Radicalismo


Quem diria: um governo que se diz de esquerda coloca a polícia para invadir uma universidade para evitar protestos de estudantes oposicionistas e, além disso, convoca a militância chavista radical para atacar os oposicionistas. A foto acima - da AFP - mostra dois deles em motocicleta no episódio desta semana.

Eis a Venezuela dos tempos de Chávez.

Por isso -- exatamente por isso -- que Chávez está se armando e armando seus companheiros. Sim senhores, existe na Venezuela grupos armados chavistas que impedem os cidadãos de protestarem contra o governo. A patrulha ideológica não age apenas na palavra, no berro, nos artigos, na opinião. Na Venezuela de hoje, a patrulha ideológica pega em armas e reprime qualquer grupo ou grupelho que ouse protestar contra o rei.

E tem gente que apoia o regime. E tem gente que abre a boca e fica brava quando se diz que a Venezuela de Hugo Chávez caminha -- a passos longos -- para uma ditadura.

A tática é aquela velha conhecida: jogar os pobres contra os ricos. Reclamam os chavistas: os filhotes da burguesia não podem e nem devem protestar contra o governo, por um simples motivo: são filhotes da burguesia. São agentes camuflados do império do norte.

O ranço mofado do radicalismo explode na república de Caracas.

Mais notícias com a Folha de hoje:

Os choques ocorreram depois de uma marcha pacífica de cerca de 80 mil pessoas até a sede do Supremo Tribunal de Justiça, onde os estudantes pediram o adiamento do referendo marcado para 2 de dezembro sobre a reforma constitucional proposta por Chávez. De volta ao campus, os manifestantes se confrontaram com o grupo armado e ao menos oito ficaram feridos, dois a bala. Dominado pela troca de acusações, o dia de ontem lançou pouca luz sobre os eventos de quarta-feira. Narváez sugeriu que autoridades foram complacentes com os grupos que atacaram os estudantes, pois "apesar da presença de policiais nas entradas da UCV, entre 50 e 60 motociclistas armados conseguiram entrar no campus e durante várias horas seqüestraram professores, estudantes e empregados". "Basta dessa linguagem de promoção da violência entre grupos, [colocando] pobres contra ricos", disse. Victor Márquez, presidente da Associação de Professores da UCV, afirmou que grupos chavistas radicais, como o Coletivo Alexis Vive, Los Carapaicas e Los Tupamaros, estão sendo encorajados pela Presidência a atacar oposicionistas. Robert Sierra, membro da Comissão Presidencial para o Poder Estudantil, disse, segundo o jornal "El Universal", que setores da população esperam apenas o chamado dos chavistas para "tomar" a UCV. Ele acusou os opositores pela violência na universidade: "Estudantes de oposição, controlem seus companheiros". Versões díspares Ricardo Sánchez, vice-secretário do centro acadêmico da UCV, disse que entregará à Procuradoria da República 24 vídeos e 123 fotografias dos atiradores -nenhum foi oficialmente identificado até agora. O grêmio está na liderança dos protestos contra a reforma. O presidente do Instituto de Segurança e Transporte da Prefeitura de Caracas, Antonio Pujols, disse que o governo crê que os estudantes contrários à reforma chavista cercaram a Escola de Trabalho Social da UCV ao regressarem da marcha, o que gerou os confrontos. Já Gregorio Marrero, fotógrafo da agência Associated Press que presenciou o episódio, afirmou à Folha que é muito difícil saber quem iniciou a violência. "Grupos pró e anti-Chávez começaram a discutir e nesse momento a manifestação já não era nada pacífica. Vi jovens armados de um lado e estudantes com garrafas e pedaços de pau do outro." Ele rejeitou, porém, a versão governista, e disse que os chavistas se refugiaram na Escola de Trabalho Social após o início dos confrontos. O sociólogo e professor da UCV Trino Márquez, que participou da marcha, confirmou à Folha que o clima já era tenso quando os estudantes voltaram ao campus. "Os chavistas iniciaram os confrontos quando queimaram um ônibus de um grupo de oposição. Eles estavam esperando na entrada da universidade e ameaçaram os estudantes com armas." Segundo Márquez, os estudantes se defenderam com pedras e os chavistas fugiram para a Escola de Trabalho Social e foram mais tarde resgatados por motociclistas armados. Ontem, estudantes que bloquearam uma avenida de Caracas se chocaram com a polícia.
ANDREA MURTA, com agências internacionais

Nenhum comentário: