Este é um fato real que um conhecido me contou. Um colega esteve na semana passada em Brasília para uma reunião no Ministério do Planejamento. Quando lá chegou percebeu que, na frente do prédio, estavam um grupo razoável de pessoas protestando com alto falantes fazendo pressão para o governo federal reintegrar ao emprego público os servidores que optaram, na época do governo FHC, pelo plano de demissão voluntária. O protesto era turbinado, tinha até trio elétrico. São pessoas que livremente optaram por receber uma indenização e se exonerar do serviço público. Este colega subiu até o andar da reunião onde ela se realizou, mas todo o tempo, todo o minuto, toda a hora, ouviu o barulho, os reclamos e os protestos dos manifestantes. Era impossível realizar uma reunião com todo aquele barulho e, curioso, indagou para o pessoal do ministério. Quanto tempo este pessoal protesta? E recebeu a alarmante resposta: mais de 20 dias.
Por mais de 20 dias manifestantes protestam na frente do prédio do Ministério do Planejamento impedindo as pessoas de trabalharem e ninguém faz nada!!!!
Em qualquer país do mundo desenvolvido esse tipo de protesto ocorreria por, no máximo (no máximo mesmo), algumas poucas horas, mas no Brasil é diferente. Manifestantes -- por serem manifestantes -- têm todo o direito do mundo de abusar. Talvez seja essa mais uma daquelas heranças malditas que nos foi deixada pela ditadura militar. Naquela época, qualquer protesto era reprimido. Como, naquela época, a repressão era grande, se instituiu, no nosso senso comum da ditadura do politicamente correto, que qualquer protesto hoje é permitido. E se o dirigente, o gestor público, o político, o ministro resolver chamar a polícia para reprimir tais protestos, este administrador público vai ser chamado de intolerante, repressor e talvez corra o risco de ser exonerado do serviço público, do seu cargo e do seu ministério.
Vivenciamos no Brasil de hoje a ditadura do direito de abusar. Na época dos milicos se dizia, Brasil ame-o ou deixe-o e nos tempos do governo Lula se diz: Brasil abuse e use.
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