No ano que vem se comemorará (ou não) os 200 anos da vinda da Corte Portuguesa ao Brasil (1808). A foto acima é de Dom João VI e Carlota Joaquina.
Diz o historiador mineiro José Murilo de Carvalho, autor da biografia de Dom Pedro II, em entrevista para o Caderno Mais da Folha, que esse momento histórico foi fundamental para a existência -hoje - de um país chamado Brasil.
"A colônia se fragmentaria, como se fragmentou a parte espanhola da América. Teríamos, em vez do Brasil de hoje, cinco ou seis países distintos. Uma vez decidida a vinda, as coisas também poderiam ter tomado caminhos distintos, inclusive a fragmentação."
Isso é "armação de carioca", diz o historiador pernambucano, Evaldo José Mello, no mesmo caderno Mais:
"Não gosto de celebrações de efemérides em geral. Não acredito em comemorações históricas que sejam autênticas. Não quis me envolver nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento, por exemplo. Essa coisa de fazer festa em torno de dom João 6º é armação de carioca para promover o Rio.
Há no Brasil uma insistência em reforçar o lugar-comum segundo o qual foi dom João 6º o responsável pela unidade do país. É até difícil reagir contra a historiografia que celebra a manutenção dessa integridade como resultado da vinda da família real. Isso não é verdade. A unidade do Brasil foi construída ao longo do tempo e é, antes de tudo, uma fabricação da coroa, mas não com o objetivo de que se criasse a partir dela um país independente."
Há no Brasil uma insistência em reforçar o lugar-comum segundo o qual foi dom João 6º o responsável pela unidade do país. É até difícil reagir contra a historiografia que celebra a manutenção dessa integridade como resultado da vinda da família real. Isso não é verdade. A unidade do Brasil foi construída ao longo do tempo e é, antes de tudo, uma fabricação da coroa, mas não com o objetivo de que se criasse a partir dela um país independente."
3 comentários:
Se dependem de alguns a monarquia será restabelecida.
Meu caro Maia
Muito oportuno o lembrete.
Carlota Joaquina é a minha personagem preferida desse período de nossa História, mormente quando, na volta à Europa, jogou fora seus sapatos porque "desse país não queria nem saber do pó".
Tem muito gente que gostaria de imitar Carlota e "se mandar" daqui pra nunca mais voltar.
Eu inclusive.
E não vai demorar muito acontecer.
Grande abraço
Grande Senna. Uma certa cineasta carioca, uma tal de Carla Camuratti, resolveu fazer um filme fanfarrão com a rainha Carlota Joaquina e o rei Dom João VI (intepretado pelo casal que hoje faz a grande família da Globo) que não fazia mais nada além de comer coxinhas de galinha com as mãos. Os portugueses detestaram o filme, cairam em cima, porque aquilo era apenas uma caricatura da corte portuguesa. Com certeza, Senna, hoje o paço imperial é um dos lugares mais charmosos do RJ, com grandes e bons restaurantes. Senna, este Brasil vale ouro. É um país do futuro, como disse ZWEIG -- que se matou matou a mulher um mês depois de ter escrito o livro. Mas Senna, não era você o indicado para ser o nosso homem em Caracas???? Um grande abraço. P.S. Nós, os leitores do Senna, estamos aguardando, com grande ansiedade a estréia do Blog do Senna, onde as grandes histórias da Vila Isabel serão contadas.
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