Na Folha de hoje, artigo de Barbara Gancia sobre as nebulosas novas relações entre Maluf e o PT.
Quem pariu Maluf que o embale
Barbara Gancia
Aquele paulista de perfil conservador, que ajudou a eleger Paulo Salim Maluf (PP-SP) como o deputado mais votado do Estado, deve ter morrido de orgulho de si mesmo na última quarta-feira, quando a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados aprovou o parecer do ex-prefeito biônico que pede a adesão da Venezuela ao Mercosul. Se alguém tinha alguma dúvida de que o ex-governador apontado pelo regime militar está mais interessado em salvar a própria pele do que em defender os interesses do país, a quarta-feira foi um bom dia para dirimir qualquer desconfiança. Para quem sempre apreciou rubis e safiras do tamanho de ovos de codorna e períodos de descanso no Plaza Athénée de Paris ou no Plaza de Nova York, entremeados por escapadelas rumo a Montecarlo e Atlantic City para jogar cifras monumentais em cassinos, poderia parecer, no mínimo, uma incongruência defender a aliança do governo do PT com um país que promove os ideais de Fidel Castro pelo continente. Mas não para o incansável Paulo Salim Maluf. Não para um político que não se acanhou em mudar de lado e adotar o lema do "inimigo", de que "os fins justificam os meios", a fim de atenuar seus problemas com a lei. Se estou afirmando categoricamente que o governo do PT irá livrar a cara de Maluf em troca do apoio do deputado mais votado do Estado mais poderoso da União? Não, não estou. Mas será que perdi completamente o fio da meada ou andar de mãos dadas com o poder, neste nosso "paiseco", não trouxe sempre amplos benefícios a quem tem algum interesse a defender? Que eu saiba, Paulo Salim Maluf tem interesses bastante substanciosos a defender. Tanto é que o escritório de advocacia que o representa em São Paulo cresceu de forma significativa desde que ele passou a se utilizar de seus serviços. E me poupe o senhor Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Maluf, de escrever hoje ao Painel do Leitor para bater na mesma tecla de sempre, de que seu único cliente não deve nada à Justiça. Maluf não diz a verdade nem mesmo quando afirma manter domicílio fixo há 40 anos. Que eu saiba, a casa original é a mesma, mas o que Maluf nunca revela é que comprou as casas à volta da sua e ampliou sua residência de forma considerável nos últimos 25 anos. Também não me venha o orgulhosíssimo eleitor de Maluf dizer que o deputado não cedeu ao PT, que fez até questão de chamar o caudilho Chávez de cafajeste, palhaço e fanfarrão. Se ele o fez, foi para colocar água no angu criado em parceria com seus novos amigos da esquerda, para fazer crer que agiu de forma independente. Pois, agora, a única coisa que resta ao eleitor de Paulo Maluf é dar as boas-vindas à Venezuela de Hugo Chávez no Mercosul. Quem pariu Mateus que o embale.
2 comentários:
Maia,
As quatro últimas linhas da coluna dizem tudo: é um artigo enganador, para criticar o leitor médio da Folha, que é classe AB, no seguinte sentido:
- Maluf é aliado do PT. Portanto, mesmo votando pelos nossos interesses (dos 'bacanas', pois Barbara Gancia faz parte deles) e tendo falado o que qualquer um de nós falaria sobre Chávez, foi apenas teatro.
Como diz o Paulo Henrique Amorim, o PIG (Partido da Imprensa Golpista) fará de tudo para confirmar no Planalto o seu "presidente eleito" José Serra.
[]'s,
Hélio
Serra é um bom nome, Hélio. Não considero Serra um cara de direita. Ele é um político centrado e que tem boa capacidade gerencial e pode dar um impulso para o Estado brasileiro funcionar para quem efetivamente precisa e SEM DEMAGOGIA. Acho que Barbara Gancia força a barra. Mas que houve pressão sobre o Maluf, houve. O Brasil deve manter distância da Venezuela chavista. E a grande mídia está corretíssima em pensar assim. Chávez não é o caminho, porque gosta de impedir os fluxos normais da vida. E isso, você sabe muito bem, é complicado. Um abraço
Maia
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